O que se está a passar na Síria é uma autêntica chacina da população por parte das forças militares fiéis ao regime. Depois de tudo o que se passou na Líbia agora é a vez da Síria. Só que agora a comunidade internacional parece menos ativa e interessada em pôr fim à situação.
Vejam a notícia do jornal Sol de 5 de Março:
Segundo avançam as Nações Unidas, no último fim-de-semana cerca de dois mil sírios atravessaram a fronteira e entraram no Líbano. Deixaram quase todos os bens para trás e procuram apenas sobreviver ao que, jornalistas ocidentais que estiveram no local, classificaram já como «um autêntico massacre».
Hassana Abu Firas, que fugiu da cidade al-Qusair - a menos de cinco quilómetros de Homs -, explica que saíu da cidade «por causa dos bombardeamentos».
Já em segurança, no Líbano, Firas deixa uma pergunta, para qual não espera resposta: «O que querem que façamos? As pessoas estão sentadas nas suas casas e atacam-nas com tanques. Quem pode fugir, foge, e quem não pode fica sentado à espera de morrer».
Os refugiados que deixam Homs contam uma história ainda mais sangrenta e afirmam que, agora que os rebeldes sairam, os que ficaram para trás estão a ser alvo de um verdadeiro massacre.
Homens e rapazes, de todas as idades, estão a ser sumariamente executados. Uma mulher contou ao correspondente da BBC que, na sexta-feira, precisamente um dia depois dos oposicionistas saírem da cidade, viu os militares cortarem a garganta ao seu filho de 12 anos.
Depois de, a 22 de Fevereiro, a jornalista veterana Marie Colvin, do Sunday Times, e o jovem fotógrafo francês Rémi Ochlik terem caído às mãos de uma ofensiva do exército de Bashar al-Assad, os outros jornalistas ocidentais no distrito de Bab Amr (Homs) enviaram pedidos de ajuda e pediram para serem evacuados.
Paul Conroy, o jornalista que acompanhava Marie Colvin e que conseguiu sair através de um túnel, 20 minutos antes deste ser bombardeado, contou à CNN que se trata «de uma autêntica matança».
De acordo com o correspondente da BBC que conversou com defectores de uma unidade de elite do exército sírio, os soldados têm ordens para matar tudo o que mexa, seja civil ou militar. As ordens são simples, Bab Amr desafiou o Governo e, agora que o seu movimento de revolta caiu, vão sofrer as consequências.
Fora de Bab Amr permanece o comboio de ajuda humanitária da Cruz Vermelha, impedido de entrar pelas forças do regime que bloqueiam o acesso. O exército afirma que o distrito mais rebelde de Homs está repleto de minas anti-pessoal.
No interior encontram-se os soldados de Bashar al-Assad, os oposicionistas que ficaram a cobrir a retirarada estratégica e os civis que não conseguiram fugir. Sujeitos ao frio, à fome e a ferimentos, milhares estão agora nas mãos da arbitrariedade e do desejo de vingança dos soldados de Assad.
Em quase um ano de revolta as Nações Unidas estimam que cerca de 7500 pessoas tenham morrido na Síria. No entanto, este número é contestado pelos activistas que se encontram no local, segundo os quais o número deverá ser superior às oito mil mortes.
catarina.palma@sol.pt