segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Adolescente de 13 anos esfaqueia mãe que lhe tirou a playstation

Vejam ao ponto que a nossa sociedade chegou!

Há poucos dias atrás, um adolescente de Cascais de 13 anos esfaqueou a mãe, alegadamente pelo facto de os seus pais o terem castigado por este ter tido más notas no 1º período, tendo-o proibido de jogar Playstation e de aceder à internet. Segundo o Correio da Manhã, a vítima, de cerca de 40 anos, foi esfaqueada numa das pernas e apresentava ainda cortes na cabeça, nos braços e no tronco.

É muito perturbador constatar que uma simples e, aparentemente, justificada acção educativa por parte de uma mãe, preocupada com os maus resultados escolares do seu filho, desencadeie uma atitude tão vingativa e de extrema violência por parte deste. De facto, é cada vez mais difícil educar as crianças e os jovens. Que o digam os pais e os professores que sentem cada vez mais dificuldades em impôr a disciplina e o sentido de responsabilidade nas crianças e jovens. Para onde caminha a nossa sociedade?

"O Turista" e "O Discurso do Rei"

Hoje faço referência a dois filmes que vi recentemente: O Turista e O Discurso do Rei.

São dois filmes interessantes que vale a pena ver, ainda que não sejam popriamente obras-primas do cinema (muito longe disso).

O Turista é um filme americano, realizado pelo alemão Florian Henckel von Donnersmarck, claramente comercial, uma espécie de triller romântico passado, em grande parte, na cidade de Veneza e que vive dos dois actores principais, as super-estrelas Angelina Jolie e Johnny Depp. Um puro divertimento, não mais do que isso.


O Discurso do Rei é um filme inglês realizado por Tom Hooper. É um filme comovente que nos mostra o modo como o Duque de York, futuro rei Jorge VI de Inglaterra, pai da actual rainha (Isabel II), lutou, com a ajuda de um terapeuta da fala pouco convencional, contra a sua gaguês e insegurança. O filme vale pela grandes interpretações dos seus principais actores: Colin Firth e Geoffrey Rush. Baseado em factos e personagens reais, é um filme sobre a coragem e a determinação de um homem em ultrapassar as suas próprias limitações e sobre uma amizade improvável entre dois homens de condições sociais muito distintas. O filme acabou por se tornar o grande vencedor dos Óscares deste ano ao arrecadar ontem à noite quatro estatuetas: melhor filme, melhor realizador, melhor actor principal (Colin Firth) e melhor argumento original.

Vejam de seguida os trailers dos dois filmes.



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Márcia - Misturas

Ainda a voz e a viola de Márcia em "Misturas".


Márcia - A pele que há em mim

Mais uma canção de Márcia: A pele que há em mim, também do álbum "" de 2010.

Márcia - Pra quem quer

Acabei de descobrir uma verdadeira preciosidade: a cantora portuguesa Márcia. Fiquem com a belíssima canção "Pra quem quer ", incluída no álbum "Dá" de 2010 (Edição Discos PATACA).
O video  foi realizado por Joana Barra Vaz e Márcia.
Com Márcia (voz), João Correia (bateria), Nuno Lucas (baixo), Luis Nunes (Piano, guitarra), João Paulo Feliciano (orgão), Bruno Pernadas (guitarra)



Márcia no MySpace: http://www.myspace.com/fraiseavantgarde

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.


Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos".

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Normais Climatológicas 1971-2000

Os valores médios que caracterizam o clima de um dado local, dependem do intervalo de tempo utilizado e não apresentam os mesmos resultados quando se compara um ano com um decénio, ou com um século. Por outro lado, é importante dispôr de séries longas de dados para se estudar as variações e as tendências do clima. O Instituto de Meteorologia, I.P., dispõe de séries de dados meteorológicos, cujas primeiras observações remontam a 1865.

Conforme convencionado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) o clima é caracterizado pelos valores médios dos vários elementos climáticos num período de 30 anos, designando-se valor normal de um elemento climático o valor médio correspondente a um número de anos suficientemente longo para se admitir que ele representa o valor predominante daquele elemento no local considerado. Segundo a OMM designam-se por normais climatológicas os apuramentos estatísticos em períodos de 30 anos, que começam no primeiro ano de cada década (1901-30, 1931-1960, ..., 1961-1990...). Estas são as normais de referência, embora se possam calcular e utilizar normais climatológicas nos períodos intercalares, por exemplo, 1951-80, 1971-2000.

No site do Instituto de Meteorologia disponibiliza-se informação referente às normais climatológicas de 21 estações integradas na rede do Instituto de Meteorologia, I.P., para o período 1971-2000, designadamente valores mensais e anuais dos principais elementos climáticos na forma gráfica e numérica. São igualmente apresentados os valores médios da temperatura máxima e mínima do ar e os totais de precipitação, assim como os respectivos valores extremos

Os resultados das normais climatológicas 1971-2000, as últimas disponíveis, permitem também identificar os diferentes tipos de clima, tendo-se utilizado para Portugal Continental a classificação de Köppen-Geiger, que corresponde à última revisão de Köppen em 1936. Os resultados obtidos pela cartografia para esta classificação climática, permitem confirmar que na maior parte do território Continental o clima é Temperado, do Tipo C, verificando-se o Subtipo Cs (Clima temperado com Verão seco) e as seguintes variedades:

- Csa, clima temperado com Verão quente e seco nas regiões interiores do vale do Douro (parte do distrito de Bragança), assim como nas regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela (excepto no litoral oeste do Alentejo e Algarve).

- Csb, clima temperado com Verão seco e suave, em quase todas as regiões a Norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e nas regiões do litoral oeste do Alentejo e Algarve.

Numa pequena região do Baixo Alentejo, no distrito de Beja, encontra-se Clima Árido – Tipo B, Subtipo BS (clima de estepe), variedade BSk (clima de estepe fria da latitude média).

Em relação ao Arquipélago da Madeira e Açores de acordo com a classificação de Koppen original, verifica-se que:

Madeira é do tipo Csa, clima temperado com Verão quente e seco;

Açores: o Grupo Oriental é do tipo Csb clima temperado com Verão seco e suave no Grupo Oriental e nos Grupos Central e Ocidental é do tipo Cfb, ou seja, Clima oceânico, também por vezes chamado clima temperado marítimo, é um clima temperado húmido com Verão temperado e que ocorre em regiões afastadas das grandes massas continentais.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Good bye Lenin! - um filme de Wolfganger Becker

Hoje de manhã, os alunos do 12º H (Geografia C) assistiram à projecção do filme "Good bye Lenin!", do realizador alemão Wolfganger Becker. O filme é uma comédia dramática que retratas as mudanças que ocorrem na antiga Alemanha de Leste com o fim da Guerra Fria. É um filme que tem tanto de divertido como de dramático e que acima de tudo conta uma bela história de amor de um filho pela sua mãe. Podem ver agora o trailer do filme



Ficha Técnica do filme

Título Original: Good Bye, Lenin!

Género: Comédia dramática

Tempo de Duração: 118 minutos

Ano de Lançamento (Alemanha): 2003


Realização: Wolfganger Becker

Argumento: Wolfganger Becker e Bernd Lichtenberg

Música: Yann Tiersen

Fotografia: Martin Kukula

Interpretação: Daniel Brühl (Alexander Kerner), Katrin Sab (Christine Kerner), Maria Simon (Ariane Kerner), Chulpan Khamatova (Lara), Florian Lukas (Denis), Alexander Beyer (Rainer), Burghart Klaubner (Robert Kerner), Michael Gwisdek (Diretor Klapprath), Christine Schorn (Frau Schäfer), Rudi Völler (Rudi Völler), Helmut Kohl (Helmut Kohl)

Depois de visionarem o filme "Good bye Lenin" gostava que reflectissem sobre o mesmo. Ficam aqui alguns pontos que poderão abordar:

Gostaram do filme? Porquê?

O que é que mais vos marcou no filme?

O que ganharam e o que perderam os cidadãos da ex-RDA com o fim do comunismo e com a reunificação da Alemanha?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cheb Khaled - Didi

Ainda a propósito da revolta popular que está a ocorrer em grande parte do mundo árabe, proponho um momento musical diferente: Cheb Khaled, cantor e compositor argelino considerado por muitos como o rei da música Raï, um estilo musical muito popular no norte de África que mistura os sons tradicionais da música árabe com a Pop ocidental. Fiquem com um dos seus maiores êxitos: Didi. O vídeoclip, infelizmente, tem uma imagem com muita pouca qualidade.

Revolta ganha força no mundo árabe e chega à Líbia

Como muitos comentadores prognosticaram, depois da revolta da Tunísia e do Egipto um movimento generalizado de contestação vai-se alastrando muito rapidamente ao resto do mundo árabe: Líbia, Irão, Iémen e Barhein são talvez os exemplos mais significativos. Vejam a notícia publicada hoje no site brasileiro do DCI (Diário do Comércio, industria e Serviços):


A Líbia enfrentou manifestações contra o ditador Muammar Khadafi, há 40 anos no poder, seguindo o exemplo de outros países do Oriente Médio que vivem protestos contra os governos vitalícios e a falta de democracia. Centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um activista pró-direitos humanos entraram em choque ontem com a polícia e partidários do governo da Líbia, na cidade de Bengasi, a segunda maior país.

Segundo relatos, pelo menos 38 pessoas ficaram feridas. O tumulto foi um acontecimento raro na Líbia, que está há mais de 40 anos sob forte controle do líder Muammar Khadafi. O país tem sentido os efeitos das revoltas populares no Egipto e na Tunísia.

Ontem, manifestantes foram novamente às ruas do Iémen pelo sexto dia seguido para pedir a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. Entraram em confronto com partidários do ditador no centro da capital, Sanaa. Pelo menos 2 mil policias foram enviados às ruas para controlar os choques entre as duas facções. Quatro pessoas ficaram feridas.

Já os milhares de manifestantes que pernoitaram numa praça de Manama, na capital de Bahrein, após tomarem o centro da cidade exigindo reformas económicas e políticas garantiram ontem que não abandonarão o local até que suas exigências sejam atendidas.

A praça foi rebatizada pelos participantes como praça Tahrir de Manama, em referência ao local homónimo do Cairo onde milhares de manifestantes se concentraram durante mais de duas semanas até a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no último dia 11 de Fevereiro.

Ontem, em Teerão, partidários do governo iraniano  entraram novamente em confronto com opositores no funeral de um estudante baleado durante uma manifestação contra o governo, dois dias atrás, informou a emissora estatal Irib. Sanee Zhaleh foi morto na segunda-feira, durante o primeiro protesto da oposição em mais de um ano, e imediatamente se tornou um mártir tanto para os partidários como os oponentes do presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad.

O confronto ocorreu durante uma procissão do funeral iniciada na faculdade de Artes da Universidade de Teerão, no centro da capital, onde Zhaleh estudava, segundo informou a Irib no seu website.

O Ministério da Saúde do Egito informou ontem que ao menos 365 pessoas morreram durante os 18 dias de protestos que tomaram conta do país no fim de Janeiro em favor da renúncia do agora ex-presidente Hosni Mubarak. Foi o primeiro balanço oficial de mortes do país desde o fim dos distúrbios.

O ministro Ahmed Sareh Farid disse que a cifra é apenas preliminar, diz respeito somente a civis e não inclui policias ou prisioneiros. Durante os dias de protestos - que ocorreram de 25 de Janeiro a 11 de Fevereiro - houve enfrentamento dos opositores com apoiantes do governo de Mubarak e a a polícia.

Ontem, os trabalhares da maior fábrica do Egipto retomaram uma greve por melhores salários e condições de trabalho. A paralisação ocorre apesar da advertência dos militares que agora comandam o país, segundo os quais mais greves seriam "desastrosas".

Um dos organizadores da greve, Faisal Naousha, disse à agência France Presse que os trabalhadores na fábrica têxtil Misr Spinning and Weaving - que emprega 24 mil pessoas na cidade de Al-Mahalla al-Kubra, no delta do Nilo - também querem a demissão de dois gerentes.

Os trabalhadores haviam suspendido a greve há três dias, mas Naousha disse na ocasião que eles continuariam pressionando por melhores salários. No ano passado, um tribunal decidiu aumentar o salário mínimo no país de 400 libras egípcias (68 dólares americanos) para 1.200 libras egípcias (204 dólares), mas os trabalhadores não receberam essa diferença, segundo Naousha.

A greve é anunciada um dia após o Conselho Supremo das Forças Armadas pedir aos trabalhadores o fim das paralisações, notando que elas seriam "desastrosas". Os militares, porém, não proibiram as greves.

O Egipto viveu uma onda de protestos e manifestações, que culminou com a queda do regime do presidente Hosni Mubarak, na última sexta-feira.


Para conhecerem melhor como se está a processar o alastramento da revolta do mundo árabe cliquem aqui para acederem à infografia do jornal Público. Cliquem nos valores com percentagens para acederem a mais informação relativa a cada um dos países representados.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Orlando Ribeiro - o geógrafo que gostava de fotografia, de música e de vulcões

Foto: DR
Na ilha do Fogo em 1951 - fotografia do álbum Finisterra, de Orlando Ribeiro

Andou pelo país e pelas antigas colónias. Inseparável da sua Leica, Orlando Ribeiro fotografava tudo e, em cadernos de campo, anotava e desenhava. O seu livro Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico é das obras mais marcantes do século XX português. Retrato do grande mestre da geografia que foi trasmitido ontem, na RTP2.
O portão da moradia de Vale de Lobos, Sintra, dá as boas-vindas aos espectadores, entre árvores e flores. Instantes depois, a geógrafa Suzanne Daveau leva-nos, escadas acima, até ao interior da casa que partilhou durante anos com Orlando Ribeiro. Na sala cheia de livros, põe um disco de vinil no gira-discos, música de Anton Bruckner, como início da banda sonora da viagem que se seguirá sobre Orlando Ribeiro, o geógrafo, o viajante, o fotógrafo, o melómano.

Fundador da geografia moderna portuguesa, Orlando Ribeiro nasceu a 16 de Fevereiro em 1911, em Lisboa, e morreu a 17 de Novembro de 1997. O documentário Orlando Ribeiro - Itinerâncias de Um Geógrafo, da autoria e realização de António João Saraiva e Manuel Carvalho Gomes, marca o centenário do seu nascimento.
Quando tinha quatro anos, a mãe morreu e ele foi criado nos arredores de Almada, em Runa, com o avô materno, major reformado que lhe despertou o gosto pelo estudo. O filho António Ribeiro, geólogo também conhecido, recorda essas raízes no documentário: "Uma das pessoas que mais o influenciou na infância e na juventude foi o avô materno, Augusto Carvela, que era uma pessoa com uma certa formação. Tinha sido oficial do Exército e tinha uma cultura geral bastante vasta."

É na companhia do avô que tem o primeiro contacto com o campo, em Runa e Viseu, de onde a família era originária e onde ia passar férias. "Tudo lugares onde o campo está perto, onde era possível estar só, passear por sítios aprazíveis, apanhar amoras e, na beira dos caminhos, cortar canas para fazer brinquedos", contou nos seus escritos, reunidos em Memórias de Um Geógrafo (Edições João Sá da Costa, 2003), e que ouvimos agora narrado pela voz do jornalista Fernando Alves. "O gosto da geografia devo-o ao amor da natureza e da vida do campo, desenvolvido em longos passeios a pé", continuava. "A partir destas recordações de infância, sinto-me profundamente enraizado na vida obscura do meu povo. Criado entre gente simples e humilde, fiquei sempre fiel às origens, ao gosto de uma vida sóbria (...)."

Aos oito anos, regressou a Lisboa, a casa do pai, o "senhor António da drogaria", como era conhecido na Rua da Escola Politécnica. Frequentou o Liceu Passos Manuel entre 1921 e 1928, onde foi admitido com 20 valores. Formou-se em História e Geografia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e aí contactou pela primeira vez com o etnógrafo Leite de Vasconcellos, já aposentado, a quem chamava "mestre". Em 1934, começou a fazer várias viagens por Portugal, como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, e a preparar a tese de doutoramento Arrábida - Esboço Geográfico, que terminou dois anos depois. No ano seguinte, 1937, partiu como leitor de português para a Universidade Paris-Sorbonne, onde esteve até 1940, e aí também estudou geografia. Nesse período, entre 1936 e 1940, no intervalo dos anos lectivos, correu Portugal de uma ponta a outra, sobretudo a Beira Baixa, zona de contraste entre o Norte e o Sul, rica para um trabalho em que se aplicassem os métodos da geografia moderna - sempre acompanhado por um objecto precioso, uma máquina fotográfica, dando azo a uma das suas paixões.

Com o primeiro dinheiro que ganhou com as aulas de Português em Paris, fez logo uma compra. "Uma boa máquina fotográfica, que conservou ao longo da vida", conta Suzanne Daveau, que conheceu o geógrafo numa conferência em Estocolmo e veio a casar-se com ele em 1965. "Ficou tão contente com esta compra que escreveu logo ao mestre, Leite de Vasconcellos: "Comprei uma máquina Leica, que me custou chorudos um conto e oitocentos [nove euros a preços actuais] - e não 18 tostões -, mas que faz tudo o que é preciso e só tem o inconveniente de tornar as excursões mais caras. Era, porém, um traste indispensável que fica incondicionalmente ao seu dispor nas excursões que fizermos juntos.""

Uma pérola da cultura

O seu trabalho mais famoso é Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, editado pela primeira vez em 1945 (actualmente publicada pela Livraria Sá da Costa Editora). Palavras de Orlando Ribeiro ditas por Fernando Alves no documentário: "Publiquei um livro ambicioso no título e no conteúdo: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, primeiro ensaio de síntese na destrinça de influências e relações que se entrelaçam na terra de Portugal."

Entremos de novo na sala em Vale de Lobos, para ouvir Suzanne Daveau falar deste livro e do que descobriu enquanto arrumava papeladas para entregar à Biblioteca Nacional, que ficou com a guarda do espólio de Orlando Ribeiro, incluindo os 24 cadernos de viagem, correspondência e os manuscritos das suas obras. "Encontrei nesta agenda minúscula do ano 1941 um apontamento muito curioso. No dia 31 de Maio, está esta indicação: "O editor da Coimbra Editora pediu-me um livro para a Colecção Universitas. Grande alegria minha."" E na agenda consta um título provisório, Portugal, Produtor de Homens: "Não tenho dúvida de que é o pedido que levou à realização do livro mais conhecido do Orlando, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico."

No depoimento que presta no documentário, o sociólogo António Barreto diz: "Considero este livrinho uma verdadeira pérola da cultura portuguesa. É certamente dos melhores livros de todo o século XX e um dos grandes livros de toda a literatura portuguesa, científica ou não. Neste caso, científica." E acrescenta: "É um livro maravilhosamente bem escrito, de um precisão, de um rigor, de uma modéstia académica, em que ele sugere, propõe, define. Devia ser sempre, sempre, lido nas escolas."

Também José Mattoso sublinha a importância deste livro. "Na altura, os historiadores não se aperceberam de que isso obrigava a uma nova concepção da História de Portugal, tanto mais que o regime salazarista tinha uma ideologia extremamente unitária do país e fundamentava a sua ideologia na unidade fundamental de Portugal", diz o historiador. "E o que o professor Orlando Ribeiro veio trazer foi a demonstração de que não havia unidade, há diversidade."

Ele fundou, em 1943, o Centro de Estudos Geográficos (CEG) da Universidade de Lisboa, a primeira instituição nacional de investigação na disciplina, e a que presidiu até 1973. A geografia em Portugal ganhou então uma dimensão internacional e muitos foram os discípulos que Orlando Ribeiro deixou, como Raquel Soeiro de Brito, Ilídio do Amaral ou Jorge Gaspar.

Onze mil imagens

É no CEG que está a colecção de imagens do geógrafo, cerca de 11 mil. Tem dez mil fotografias a preto e branco e as restantes imagens são diapositivos. Tirou-as não só em Portugal, mas nos vários países que calcorreou, desde o Brasil e México até Marrocos, Egipto e as ex-colónias, com excepção de Timor. E não só fotografava, como desenhava muito nos cadernos de campo, que depois usava como documentação.

Em Portugal, as deambulações faziam-se numa carrinha 4L. "Era um carro alto, que conseguia atravessar os caminhos maus, os rios", diz Suzanne Daveau. "O Orlando conhecia a fundo Portugal. Queria mostrar-me os lugares que conhecia. Mas de vez em quando chegávamos a uma aldeia e ele dizia: "Ah, nesta aldeia nunca estive!" Ficava felicíssimo por descobrir uma coisa que não conhecia."

Um dos momentos mais deliciosos do documentário é aquele em que Orlando Ribeiro surge na ilha do Faial, tendo como cenário o vulcão dos Capelinhos, que entrou em erupção a 27 de Setembro de 1957, e onde ele e Raquel Soeiro de Brito chegaram poucos dias depois. É o único momento em que ouvimos a voz de Orlando Ribeiro, a ser entrevistado para a RTP, que tinha iniciado as emissões regulares meses antes: "Infelizmente não é possível oferecer - como é que se chamam as pessoas que escutam isto?... os telespectadores, são os telespectadores - os ruídos do vulcão, de modo que para os substituir, muito tristemente, aliás, vamos dizer alguma coisa sobre a erupção."

Tal como no vulcão dos Capelinhos, documentou e fotografou profusamente a erupção na ilha do Fogo, em Cabo Verde, em 1951. No livro A Ilha do Fogo e as Suas Erupções, de 1954, não se esqueceu também das provações por que passava a população com a seca e as fomes, no capítulo As crises: miséria e redenção. Ao contrário do resto do livro, enviado à Junta de Investigações do Ultramar, esse capítulo seguiu logo para a tipografia, para evitar que fosse censurado. "O Orlando já era conhecido internacionalmente. Como na altura era vice-presidente da União Geográfica Internacional, não tiveram a coragem de suprimir o livro", conta Suzanne Daveau.

Também não fica esquecida a sua paixão pela música, a ponto de Ilídio do Amaral se lembrar de um episódio: "Resolveu que num dia da semana, salvo erro sexta-feira, o seu grupo de assistentes ouviria música clássica. Comprámos um gira-discos, eu trouxe da minha colecção, ele trouxe da dele, punha-se a tocar. E ele, Orlando Ribeiro, explicava." Paixão que transparece nas Memórias de Um Geógrafo, nomeadamente pelo Adágio da Sétima Sinfonia de Bruckner, "muito solene e muito lento", dizia. "É qualquer coisa de arrepiantemente exacto e subtil - qualquer coisa que só o poder divino é capaz de insuflar, quase para além do humano e, no entanto, terrivelmente sentido por um espírito ávido de precisão."

Teresa Firmino in Público, 12.02.2011 (adaptado)

Amigos para sempre

Não resisto a transcrever um artigo de Miguel Esteves Cardoso que foi publicado na sua coluna habitual do jornal Público (Ainda Ontem) no passado dia 5 de Fevereiro. É, provavelmente, um dos melhores e mais belos textos que alguma vez li sobre o que são os amigos, o que significa a verdadeira amizade e como o tempo não leva as verdadeiras amizades.


Amigos para sempre

Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.

Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.

Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera - e está - na massa do sangue: a excitação de contar coisas e a alegria de partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar.

Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, é como se nos tivéssemos visto ontem. Mas, mesmo assim, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida.

Miguel Esteves Cardoso in Público, 5 de Fevereiro de 2011.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A revolução popular do Egipto

Ao fim de 18 dias de manifestações diárias nas ruas do Cairo e de Alexandria, e de 300 mortos, finalmente o povo egípcio conseguiu derrubar o presidente Mubarak que dirigia o país há 30 anos. Foi espantoso testemunhar diariamente através dos media uma verdadeira revolução popular que provou que, afinal de contas, os muçulmanos também são capazes de lutar pela democracia e por uma vida mais digna. Esta revolução, a que assistimos quase em directo, deveu-se à conjugação do movimento pró-democracia(que foi inicialmente liderado pelos jovens, mobilizados pelas redes sociais, e que depois acabou por envolver milhares de pessoas de todas as idades) e pelos militares que tinham de evitar dois cenários catastróficos: fazer um massacre, arriscando a própria divisão, ou deixar cair o poder na rua, numa situação de caos.

Vale a pena trancrever o artigo publicado pelo jornalista Paulo Moura no jornal Público de hoje e que descreve o ambiente fantástico que se vivia ontem na já famosa praça Tahrir, no centro do Cairo.


O dia em que a multidão foi maior do que o Cairo

Chorar é o primeiro apanágio da liberdade: e chorou-se nas ruas do Cairo. E festejou-se: "nunca sonhei que vencêssemos", diz um estudante, de 24 anos.

Venceram. Era impossível, mas venceram. A praça Tahrir estava cheia quando rebentou a notícia, sob a forma de gritos - "Alah U Akbar!" E todos souberam o que era. Não pela frase, mas pelo modo arrebatado, incandescente, como foi gritada. "Alah U Akbar!", e as multidões que ainda faziam fila nos checkpoints junto aos tanques lançam-se a correr loucas sobre a praça. Ao princípio parece uma guerra, um novo ataque dos provocadores, uma carga da polícia ou do exército, mas é apenas alegria. Violenta como tiros de canhões.

"Egipto livre! Egipto livre!", gritam grupos que correm em comboios rumo ao coração de Tahrir. "O povo venceu", gritam outros. "Nós somos o povo do Egipto". E tambores explodem em ritmos desenfreados, música, foguetes, o ulular das mulheres árabes. Há sorrisos em todos os rostos. Sorrisos estranhos, que parecem brotar de uma nascente lídima e cristalina da consciência humana.

"Estou aqui de alma e sangue", diz Zeinob, 26 anos, médica. "Estou aqui pela dignidade do meu país. Com orgulho nele. Orgulho que o mundo nos esteja a ver neste momento. Pensavam que os povos árabes eram desorganizados, incultos e violentos? Pois o que me dizem agora?"

Zeinab sabe que se seguem tempos difíceis, mas tem confiança absoluta no futuro. "Recuperámos a nossa dignidade. Depois do que aconteceu nesta praça, nunca mais ninguém nos poderá humilhar".

"Bem vindo ao século XXI"

Mahmoud Halaby, 46 anos, publicitário, acrescenta: "Somos um povo pacífico. Aguentámos este ditador durante 30 anos: querem melhor prova?" E Khaled Kassam, 23 anos, médico, diz: "Os governantes que vierem a seguir sabem que terão de tratar este povo de forma diferente. Vamos observar a transição passo a passo. Se as coisas não evoluírem na direcção certa, faremos ouvir a nossa voz. Egipto, bem-vindo ao século XXI". Mahmoud acredita que os militares vão cumprir a promessa de transformar o regime. "Com Mubarak no poder não seria possível, mas agora sim. O regime é como uma serpente. Se lhe cortarmos a cabeça, não pode sobreviver".

Tahrir nunca teve tanta gente. Chegam cada vez mais, aos milhares. Já não cabem, apertam-se, misturam-se, unem-se num organismo desmesurado e vivo, a revolver-se de júbilo, como uma crisálida em plena transformação. A multidão é maior do que a praça, do que a cidade. Maior e mais poderosa do que se julgava.

"É uma surpresa. Para mim é uma surpresa. Nunca pensei, nunca sonhei que vencêssemos", diz Ahmed Shamack, 21 anos, estudante de engenharia. "Acho que nunca ninguém acreditou verdadeiramente. Sabíamos que tinha de acontecer, mas não o imaginávamos. Por isso agora é tão maravilhoso".

Farah Faouni, uma rapariga de 23 anos e olhar negro e intenso como o de uma sacerdotisa de Ísis aproxima-se para dizer, lentamente: "Sinto o doce aroma da liberdade". E depois acrescenta: "Vamos avançar. Vamos construir neste lugar um país democrático e livre. Ninguém nos poder impedir. Este é o nosso tempo."

Um velho de barbas e longa túnica chora ruidosamente, de braços no ar. Mulheres sozinhas, perdidas na multidão, têm os olhos cheios de lágrimas. Há rostos tisnados, rugosos, sujos, chorando e rindo ao mesmo tempo. Alguns procuram desesperadamente um jornalista para lhe contar a sua vida. Como se o pudessem fazer pela primeira vez, em liberdade. Só agora se permitindo olhar para si próprios e ver-se na sua miséria e grandeza. Chorar é o primeiro apanágio da liberdade. O primeiro direito. "Eu não tenho trabalho. Não tenho segurança social, não tenho seguro, não tenho uma casa decente, não tenho assistência médica para a minha família, diz Sherif Assan, 41 anos, rodeado dos seus quatro filhos, Radua, Mohamed, Zwad e Tamema. Esta tem dois anos e está às cavalitas dele. Os outros, de 3, 4 e 6 anos, estão à volta da mãe, que tem o rosto coberto pelo hijab negro. "Não temos nada. A minha família merece mais do que isto".

Mariam, 20 anos, estudante, diz que não sabia que Mubarak era um homem rico. "Ninguém sabia, até a revolução ter começado. Diziam às pessoas: "Sabemos que vocês estão na miséria, que sofrem, mas não podemos fazer nada. Não temos dinheiro". Afinal descobrimos que Mubarak e a família têm uma fortuna pessoal de milhões. É revoltante. Ele é um homem mau, que desprezou o seu povo".Amin, 31 anos, topógrafo, diz que está a ver na praça gente que nunca tinha vindo. "Os mais pobres não aderiram de início à revolução porque estão habituados a viver de forma negativa. Para o momento, para a sobrevivência. Não acreditavam em nada. Não sabiam o que era a esperança. Mas esta revolução também é deles. É sobretudo deles."

As horas passam e a festa, na praça Tahrir, em toda a cidade do Cairo, em todo o país, não esmorece. A energia aumenta, redobra-se, como se a felicidade precisasse do seu tempo para correr nas veias.

Eles venceram. Contra todas as probabilidades, enfrentando o regime mais forte e empedernido do Médio Oriente. O que tinha as costas mais bem protegidas. Lançaram contra eles a Polícia, uma força de quase dois milhões de homens. Cercaram-nos com o Exército, que tem 500 mil soldados. Atiraram contra eles turbas armadas e enfurecidas. Disseram-lhes que estavam a trair o país. A matar a economia. "O que não pensaram", diz Amin, "é que a maioria destas pessoas não beneficia nada da economia egípcia. Por isso também se estavam nas tintas para os prejuízos na economia".

Disseram-lhes que estavam a ser manipulados pelos estrangeiros. Que Israel, o Irão e a América queriam dominar o país. Que havia agentes infiltrados a pagar 100 dólares a cada manifestante. Amin cita o Corão: "Nem que pagassem às pessoas todo o dinheiro do mundo para se amarem umas às outras, elas nunca o fariam, se não se amassem realmente".

"A internet fez-nos pensar"

Desvalorizaram-nos, dizendo que eram os miúdos do facebook. "Mubarak e Suleiman tentaram humilhar-nos dessa forma", explica Ahmed Shamak. "Mas agora sou eu que lhes digo: foram os miúdos do facebook que vos tiraram do poder".

O facebook iniciou o processo, mas a revolução tomou a sua dinâmica. "Olho em redor e não me parece que estas pessoas tenham uma página no facebook", diz Amin. Mas Samy, 60 anos, médico, admite: "Foram eles, os jovens, que fizeram isto. Olhamos para eles e vemos finalmente o que este país é. Estivemos cegos, incapazes, durante 30 anos. Este regime roubou-nos a nossa vida. Mas estes jovens vão vivê-la por nós, e isso faz-me feliz".

Ahmed Shamak diz que a internet foi importante porque abriu os horizontes aos jovens. "Os nossos media eram controlados pelo regime, e eram mentirosos. Não nos falavam do mundo, não nos mostravam a verdade. A internet permitiu-nos saber o que se passava. Ver que havia outras formas de vida. A internet fez-nos pensar".

Obama discursa no Cairo

A 4 de Junho de 2009, Barack Obama escolheu o Cairo para proferir o seu discurso dirigido ao Médio Oriente. Falou da necessidade e possibilidade da democracia e da dívida que a Civilização tinha para com a cultura muçulmana. Lembrou que, durante séculos, o Islão transportou a luz que abriu espaço para o Renascimento e o Iluminismo na Europa.

No Egipto não havia oposição. O regime estrangulou toda a semente de pensamento livre, todo o debate de ideias. Não era possível fazer nada, mas os jovens encontraram estranhos caminhos. Captaram sinais invisíveis como os místicos sufis. Puxaram pelos galões de sete mil anos de civilização. Misturaram o melhor de todos os mundos. Ouviram Umm Kulthum cantar Blowing in the wind no deserto. Ergueram a sua própria Sierra Maestra no ciberespaço. Criaram um delta de comunicação, capilar, fresco e fecundo. E venceram. A sua exigência era a mais simples de todas e por isso a mais difícil: a liberdade.

"O que está a acontecer aqui é uma coisa única", diz Farah Faouni, a sacerdotisa de olhos negros. "Talvez o mundo mude depois disto", grita ela sobrepondo-se às buzinas dos carros que enchem todas as ruas do Cairo, em filas intermináveis, com música no máximo, raparigas sentadas nas janelas, cantando e agitando bandeiras. A cidade, vista da ponte 6 de Outubro, parece agora outra, envolta numa névoa brilhante. Tudo está diferente do que era ontem. Talvez este seja um daqueles raros momentos em os que seres humanos se olham uns aos outros e vêem seres humanos. Sente-se que alguma coisa decisiva está a acontecer. Até o Nilo se revolveu no seu leito sagrado. A Esfinge olhou, desconfiada, a pirâmide de Kéops rangeu nos pedregulhos. Os jovens do Egipto exigiram o impossível. E venceram.

Fonte: Público (Paulo Moura)

E agora, com o afastamento de Mubarak, qual será o futuro do regime político do Egipto?

Será que vai evoluir, de facto, para uma democracia do tipo ocidental ou, como muitos comentadores referem, para uma democracia tutelada pelos militares, como acontece na Turquia ou na Indonésia, dois países muçulmanos mas não árabes?

Será que, com a democracia,  os egípcios correm o risco de cair num regime fundamentalista islâmico, como o do Irão?

Ou será que, basicamente, vai ficar tudo mais ou menos na mesma?
É importante referir que não será fácil, como diz Jorge Almeida Fernandes, num artigo de opinião também publicado hoje no jornal Público, a "reconversão democrática dos militares , seja pelos privilégios económicos, seja pelo facto de terem agora assumido o monopólio do poder.

A outra questão que se pode colocar é a seguinte: qual vai ser o impacto desta revolução nos restantes países árabes? Será que vai inspirar outras revoluções nos países vizinhos? Não nos esqueçamos que o Egipto é considerado por muitos como a alma do povo árabe e que esta revolução ocorre logo a seguir à da Tunísia e que em diversos países árabes temos assistido a algumas manifestações populares ainda que com menor expressão

Fonte: Público

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eventos meteorológicos extremos em 2010

Segundo o Relatório Anual do Clima 2010 do Instituto de Meteorologia, o ano de 2010 foi o ano mais chuvoso da última década em Portugal Continental, mas com o Verão quente e seco. Passo a transcrever o resumo elaborado pelo Instituto de Meteorologia.

O valor total anual da precipitação, em Portugal Continental foi de 1063 mm, superando em quase 20% o valor normal de 1971-2000. Destaca-se também o valor anual ocorrido em Lisboa, 1598mm, o mais elevado desde o início das observações na Estação Meteorológica do Instituto Geofísico (1870). No entanto, entre Abril e Setembro os valores de precipitação foram inferiores ao valor médio, realçando-se os meses de Julho, Agosto e Setembro, tendo mesmo Julho e Agosto sido os mais secos dos últimos 24 e 23 anos, respectivamente.

No que diz respeito à temperatura, em Portugal Continental, o ano de 2010, caracterizou-se por valores médios da temperatura máxima, mínima e média do ar superiores aos valores médios (1971-2000). Para este facto contribuíram as temperaturas observadas durante o Verão, o qual foi o 2º com as temperaturas máxima e média do ar mais elevadas desde 1931. Os valores da temperatura máxima mensal nos meses de Julho e Agosto foram respectivamente, o valor mais alto e o 2º valor mais alto observados nesses meses desde 1931.

As temperaturas elevadas e a precipitação, com valores inferiores ao valor normal, que se registaram durante o Verão, em Portugal Continental, criaram condições favoráveis para a ocorrência de fogos florestais.

Nos arquipélagos da Madeira e Açores destacam-se os valores da quantidade de precipitação anual superiores aos valores normais de 1971-2000, tendo-se verificado anomalias positivas significativas, designadamente no Funchal, + 872,6 mm, e Santa Maria, 630,8 mm, que registaram as maiores anomalias nos respectivos arquipélagos.

Deve salientar-se ainda a ocorrência de eventos extremos que tiveram impactos socio-económicos gravosos, com perda de vidas e bens, como as cheias na Madeira em Fevereiro, e no Continente, com a ocorrência de tornados, como o que atingiu a região Centro do País em Dezembro, e 4 ondas de calor, durante o Verão.

Pode explicar-se esta situação de episódios meteorológicos adversos com o comportamento da Oscilação do Atlântico Norte (North Atlantic Oscillation - NAO), que é um dos principais modos de variabilidade lenta da atmosfera que afecta a região Euro-Atlântica, e Portugal Continental em particular.

O índice NAO está relacionado com a intensidade do vento dominante nas latitudes médias, isto é os ventos de Oeste. Deste modo a NAO modula o fluxo de ar Atlântico para o Continente Europeu, bem como a trajectória dominante de sistemas depressionários nas latitudes médias, influenciado a precipitação e temperatura em várias regiões da Europa. No caso de Portugal Continental, a variabilidade inter-anual e inter-decadal da precipitação de Inverno encontra-se fortemente correlacionada com as correspondentes variações do índice NAO. As observações indicam que a valores baixos do índice NAO estão associadas quantidades de precipitação acima da média em Portugal, enquanto valores elevados deste índice correspondem a quantidades de precipitação abaixo da média.

O recente Inverno de 2009/2010 foi caracterizado por valores de recorde negativo do índice NAO à escala mensal e sazonal. Esta circulação anómala teve implicações directas no clima particularmente frio na Europa Central e Setentrional. Por outro lado o padrão essencialmente negativo da NAO induziu trajectórias de baixa latitude para muitos sistemas depressionários (entre o arquipélago dos Açores e a Península Ibérica). Estes sistemas e respectivas frentes produziram grandes quantidades de precipitação nos sectores Oeste e Sul da Península Ibérica (incluindo novos recordes absolutos de Inverno em Gibraltar e Lisboa) desde o início das medições regulares a segunda metade do século XIX.

Fonte: Instituto de Meteorologia

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Deolinda - Parva que Sou (ao vivo no Coliseu do Porto)

Esta canção transformou-se em canção de intervenção.

Para ouvir bem e meditar melhor. Um alerta para os governantes em Portugal.


Deolinda - Parva que Sou, Coliseu do Porto.

Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração 'casinha dos pais',
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração 'vou queixar-me pra quê?'
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Exames 2011 - Calendário


Informo que foi publicado no Diário da República o Despacho que estabelece o calendário de exames. Transcrevo de seguida os pontos mais importantes relativos aos exames do ensino secundário.

Despacho n.º 2237/2011 de 31 de Janeiro

Ensino secundário

17 — Os prazos de inscrição para admissão às provas dos exames nacionais do ensino secundário decorrem nos seguintes períodos:
1.ª fase:
Prazo normal — de 21 de Fevereiro a 2 de Março de 2011;
Prazo suplementar — 3 e 4 de Março de 2011.
2.ª fase:
Prazo único — de 18 a 20 de Julho de 2011.

18 — As inscrições para a 2.ª fase destinam -se aos alunos:
a) Não admitidos a exame na 1.ª fase;
b) Que pretendam realizar exames de equivalência à frequência;
c) Que pretendam realizar exames nacionais de disciplinas em que não houve inscrição na 1.ª fase;
d) Que pretendam obter melhoria de classificação de exames que já tenham sido efectuados na 1.ª fase.

19 — Os prazos de inscrição para admissão a provas de exame de equivalência à frequência são os estabelecidos no n.º 17 do presente despacho, excepto para os alunos que anularem a matrícula até ao 5.º dia de aulas do 3.º período, inclusive; neste caso, a inscrição será efectuada nos termos do regulamento dos exames.

20 — Os exames das disciplinas dos cursos do ensino secundário realizam-se nos seguintes períodos:
1.ª fase — chamada única — de 20 a 30 de Junho de 2011;
2.ª fase — chamada única — de 22 a 27 de Julho de 2011.

21 — As provas de equivalência à frequência realizam -se também em chamada única, tendo como referência, tanto quanto possível, os períodos estabelecidos no número anterior.

22 — A inscrição e a realização dos exames das disciplinas que se constituam como provas de ingresso para candidatura ao ensino
superior em 2011 ocorrem nas mesmas datas e prazos referidos nos n.os 17 e 20.

23 — As pautas referentes às classificações dos exames nacionais e dos exames elaborados a nível de escola são afixadas:
a) 1.ª fase — em 15 de Julho de 2011;
b) 2.ª fase — em 9 de Agosto de 2011.

24 — Os resultados dos processos de reapreciação das provas dos exames nacionais e dos exames elaborados a nível de escola do ensino secundário são afixados:
a) 1.ª fase — em 19 de Agosto de 2011;
b) 2.ª fase — em 8 de Setembro de 2011.

Calendário de exames:
1.ª fase:
Português (639) - 20 de Junho, 14 h
Matemática Aplicada às Ciências Sociais (835) - 21 de Junho, 9h
História A (623) - 27 de Junho, 14 h
Geografia A (719) - 28 de Junho, 9h

2ª Fase:
Português (639) - 22 de Julho, 9h
Geografia A (719) - 25 de Julho, 9h
História A (623) - 25 de Julho, 14h
Matemática Aplicada às Ciências Sociais (835) - 26 de Julho, 9h

Para conhecerem o Despacho na íntegra cliquem aqui

Iniciativa Green Cork

Vídeo sobre a iniciativa Green Cork - programa de reciclagem de rolhas de cortiça da Quercus, com António Capelo.