terça-feira, 25 de outubro de 2011

Situação de vento forte em Faro - informação preliminar do Instituto de Meteorologia


Legenda: PPI de velocidade Doppler correspondente à elevação de 0.1º, obtido às 3:46 UTC de 24 de Outubro, pelo radar de Loulé/Cavalos do Caldeirão.


O ramo frio do sistema frontal que afetou o território do continente durante a noite de anteontem e madrugada de ontem, dia 24 de outubro, foi caracterizado por atividade convetiva relativamente intensa. Na região sul do território do continente, em particular, esta actividade verificou-se na presença de um perfil vertical do vento horizontal caracterizado por uma ligeira rotação na sua direção (no sentido dos ponteiros do relógio), numa camada entre a superfície e os 2000 metros, bem como por uma intensificação na sua intensidade.
Os efeitos deste perfil vertical do vento, se forem coexistentes com a presença de forte instabilidade local, podem conduzir à formação de células convetivas de caraterísticas particulares. Estas células, designadas por Supercélulas (SC) têm, de facto, a capacidade de exibir movimento de rotação em níveis médios e elevados, durante algum tempo (mesociclone).
A análise das observações Doppler efetuadas pelo radar de Loulé/Cavalos do Caldeirão, permitiu identificar algumas destas SC, embebidas na estrutura frontal, embora com caraterísticas inicipientes, istoé, relativamente pouco marcadas.
Em particular, pelas 4 UTC, um destes aglomerados convectivos atingiu a região de Faro, designadamente a área do aeroporto e locais vizinhos, para Este e Nordeste do mesmo.
Os movimentos verticais descendentes organizados, que são típicos deste tipo de fenómeno, foram particularmente intensos naquela região e produziram um fenómeno designado por downburst: trata-se de um escoamento descendente e muito forte que se propaga como vento horizontal, junto ao solo. Na estação de Faro/aeroporto foi registada uma rajada com uma intensidade de aproximadamente 157 km/h, pelas 4:10 UTC.
Na circulação das SC, para além de vento horizontal muito forte, também é possível a geração de tornados. Neste episódio essa hipótese não pode ser excluída, mas a maior parte dos elementos disponíveis aponta para que o fenómeno de vento forte se tenha ficado a dever à ocorrência de um downburst.
Fonte: Instituto de Meteorologia (adaptado)

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