domingo, 10 de outubro de 2010

FMI avisa que Portugal será a pior economia da União Europeia em 2015

A notícia de ontem do Público não podia ser mais preocupante para os portugueses. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal é o país que vai crescer menos, que terá o pior défice orçamental e externo da zona euro e uma das taxas de desemprego mais elevadas. Até a Grécia estará melhor. Leiam a notícia com atenção e digam-me se não estão muito preocupados com o futuro do nosso país.

Daqui a cinco anos, Portugal será o país que vai ficar pior na fotografia da Europa tirada pelo FMI. Depois de entrar em recessão no próximo ano, a economia vai voltar a crescer em 2012, mas a um ritmo mais lento do que qualquer outro país da União Europeia (UE). Além disso, terá o maior défice orçamental e externo, a quarta pior taxa de desemprego e a quinta maior dívida pública da UE. E já nem mesmo poderá consolar-se com a situação da Grécia, que voltará a crescer acima de dois por cento já em 2013.

Nas suas previsões semestrais apresentadas na passada quarta-feira, o FMI reservou para Portugal o seu cenário mais pessimista. A própria previsão de estagnação para 2011 foi revista em baixa por um dos directores da organização, por não incluir as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo. Mas, mesmo sem contabilizar o impacto que a nova dose de contenção orçamental terá na economia, as previsões do FMI são já as mais pessimistas de toda a União Europeia.

Logo a partir de 2012 e até 2015 (que é até onde vão as projecções do FMI), Portugal será o país que vai crescer menos na UE. Daqui a cinco anos, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentará uns tímidos 1,2 por cento, menos de metade da média prevista para os 27 países da UE (2,77 por cento). A Espanha e a Irlanda, dois países que, tal como Portugal, têm sofrido o ataque dos mercados internacionais sobre a dívida pública, vão regressar ao crescimento já no próximo ano e, em 2015, estarão a crescer 2,01 e 3,49 por cento, respectivamente.

Até a Grécia, que desencadeou a turbulência nos mercados internacionais da dívida pública e teve mesmo de recorrer à ajuda da UE e do FMI, vai recuperar mais rapidamente do que Portugal. Após um plano agressivo de austeridade que manterá o país em recessão no próximo ano, a economia grega terá um crescimento duas vezes superior ao da economia portuguesa em 2015. Nos anos anteriores, a diferença entre os dois países será pouco menor.

Do mesmo modo, a Grécia conseguirá reduzir progressivamente o seu défice até 2015, à semelhança de outros países que estiveram no epicentro da crise da dívida pública como a Espanha e a Irlanda. Portugal só conseguirá atenuar o desequilíbrio das contas públicas até 2013. A partir de 2014, ano em que começam a cair as primeiras facturas das parcerias público-privadas relativas às cinco novas subconcessões da Estradas de Portugal, o défice voltará a subir. Em 2015, atingirá 5,82 por cento do PIB, o pior nível da UE e bastante acima do compromisso de três por cento firmado com a Comissão Europeia.

Uma trajectória semelhante será seguida pelo défice externo português que, já no próximo ano, deverá ultrapassar o da Grécia como o pior entre os países da UE. O cenário vai manter-se até 2015, apesar de o défice ir baixando ano após ano. Na dívida pública, Portugal vai manter-se um dos países com piores indicadores em 2015, apresentando o quinto maior nível de endividamento do Estado na UE, depois de Grécia, Itália, Bélgica e Irlanda.

Quanto ao desemprego, é e continuará a ser o calcanhar de Aquiles da economia portuguesa. O FMI prevê que a taxa de desemprego bata um novo recorde em 2012, atingindo os 11,6 por cento da população activa. Só a partir daí, o número de pessoas sem trabalho começará a diminuir, atingindo 10,8 por cento em 2015. Ainda assim, esta será a quarta pior taxa de desemprego da UE, depois da de Espanha (15,3), Grécia (13,4) e Letónia (13).

Os dados do FMI mostram ainda que Portugal é um dos quatro países da zona euro que mais viu aumentar o número de desempregados entre 2008 e 2015. No espaço de sete anos, a taxa de desemprego subiu 3,1 pontos percentuais. Nos países da moeda única, só a Grécia, a Espanha e a Irlanda tiveram aumentos superiores.

A agravar o cenário, Portugal não conseguirá recuperar os postos de trabalho perdidos na sequência da crise económica e financeira dos últimos anos, chegando a 2015 com uma taxa de desemprego bastante superior à registada em 2008 - 10,83 contra 7,74 por cento.

Partindo dos actuais números da população activa, isso significa que, daqui a cinco anos, haveria 604 mil de desempregados, ou seja, mais do que os actuais 590 mil. O próprio Banco de Portugal, quando lançou anteontem as suas últimas previsões para a economia, alertou que o desemprego iria continuar a subir "num futuro próximo". Isto irá estrangular o consumo privado e o investimento, comprometendo o crescimento da economia.

A piorar a situação, as previsões de desemprego do FMI não contabilizam o impacto das novas medidas de austeridade, anunciadas na semana passada pelo Governo. Com um corte de cinco por cento na massa salarial da função pública, com o congelamento das pensões e com um aumento do IVA para 23 por cento, entre outras medidas, dificilmente o mercado de trabalho conseguirá dar sinais de retoma nos tempos mais próximos.

Fonte: http://economia.publico.pt/Noticia/fmi-avisa-que-portugal-sera-a-pior-economia-da-ue-em-2015_1460191

Numa entrevista hoje ao semanário Expresso, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos,  admitiu que com taxas de juro que se aproximem dos sete por cento, Portugal “entra num terreno” em que é melhor recorrer ao fundo europeu e ao FMI. Actualmente, as taxas de juro da dívida portuguesa estão acima dos 6 por cento, depois de terem estado a um máximo histórico de 6,5 por cento.

“Com taxas de juro que se aproximem dos sete por cento entramos num terreno onde essa alternativa começa a colocar-se, comparando-se os custos de financiamento”, disse Teixeira dos Santos ao Expresso.

A taxa de juro da dívida portuguesa é o preço que os mercados pedem a Portugal pelo dinheiro que o país pede emprestado.

Será que o FMI vai, de facto, entrar no nosso país e disciplinar as contas públicas de Portugal e fazer aquilo que nós (governantes/políticos portugueses) não somos capazes ou não queremos ou não temos coragem para fazer? Vão ser exigidos ainda mais sacrifícios aos portugueses (ou seja, aos do costume)?

1 comentário:

alexandra disse...

que tristeza, ao que Portugal chegou!