terça-feira, 27 de novembro de 2007

A pedido da Soraia, reproduzo o segundo parágrafo do post do Ricardo ("American") relativo à actividade: "O que fazes tu pelo ambiente?"

"Sei que um país, do qual eu pessoalmente aprecio, é também um dos que contribui mais para o problema do Aquecimento Global. Esse país tem o nome de Estados Unidos da América. No entanto posso, por conhecimento próprio, afirmar que é também um dos países que mais rapidamente conseguiria solucionar grande parte deste problema em pouco tempo. Infelizmente as grandes multinacionais desse país (que possuem uma grande influência sobre o mesmo) impedem a concretização da solução para este grande problema."

Ricardo Caldas
A ideia é comentar o conteúdo deste parágrafo escrito pelo Ricardo.

2 comentários:

Soraia disse...

Após ler o excelente comentário do meu amigo Ricardo sobre o contributo de cada um de nós para ajudar o ambiente, achei muito interessante e pertinente um parágrafo em especial em que ele afirma:
“Sei que um país do qual eu pessoalmente aprecio é também um dos quais contribuí mais para o problema do Aquecimento Global. Esse país tem o nome de Estados Unidos da América. No entanto posso por conhecimento próprio afirmar que é também um dos países que mais rapidamente conseguiria solucionar grande parte deste problema em pouco tempo. Infelizmente as grandes multinacionais desse país (que possuem uma grande influência sobre o mesmo) impedem a concretização da solução para este grande problema”.

Partindo desta afirmação penso que seria bastante interessante abrir um debate à turma para comentarem este assunto e deixarem aqui as vossas opiniões e até algumas possíveis medidas para atenuar este problema.

Passo então a expor a minha opinião relativamente a este tema, que é algo que de facto me preocupa e me revolta. O Ricardo tem toda a razão quando afirma que os EUA é um dos países que mais contribui para o aquecimento global (cerca de 23% das emissões mundiais), pois é um país muito industrializado e as indústrias são, entre outros, um dos agentes que mais contribuem para a poluição do ar, que causa como todos sabemos o aquecimento global.

No entanto no ranking dos países que mais contribuem para o aquecimento global do mundo, podemos encontrar: em 2ºlugar a China (com 14.5 % das emissões mundiais) em terceiro a Rússia (com 5.9%), em quarto a Índia (com 5.1%) e em quinto o Japão (com 5%).
De acordo com um estudo realizado pelo PIAC (Painel intergovernamental para as alterações climáticas) são esperadas em consequência do aquecimento global, novas vagas de calor, aumento das temperaturas médias, o degelo e a subida do nível médio das águas do mar.
O estudo informa ainda que os anos de 1998 e 2005 foram os anos mais quentes de que há registo, e que o degelo tem provocado o aumento do nível médio das águas do mar (entre 1961 e 2003 registou-se um aumento de 0.5 milímetros e entre 1993 e 2003 de 0.8 milímetros).
O relatório informa ainda que os actuais níveis de dióxido de carbono e de metano na atmosfera registam os valores mais altos dos últimos 650 mil anos. Mais… prevê-se que até ao final do séc.XXI, as temperaturas médias aumentem entre 2 e 4.5 graus!

Posto isto, acho que de facto os EUA como principal contribuidor para o aquecimento global, tem o dever de agir, pôr de parte os interesses das suas multinacionais e fazer algo de positivo, para atenuar esta situação. Os EUA poderiam já há algum tempo, aquando da realização do protocolo de Kioto ter começado a diminuir as emissões de CO2 para a atmosfera, no entanto recusaram-se a assinar este protocolo, alegando que isso prejudicaria a sua economia…
Parece que os EUA estão mais preocupados com a sua economia do que com a saúde do planeta…

É óbvio que esta situação tem de mudar e que as empresas americanas, têm de pôr em prática medidas para diminuir a emissão de gases para a atmosfera, pois o resto do mundo não deve arcar com as consequências dos actos de um país, que se tivesse um bocadinho de boa vontade e de bom senso conseguiria atenuar bastante este problema que é o aquecimento global.

No entanto não são só os EUA que poluem, por isso penso que todos os países deveriam fazer um esforço para diminuir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, independentemente dos custos financeiros que dai advenham.

A Terra é de todos e como tal todos devem fazer o que estiver ao seu alcance para a preservar.

Maria Joao disse...

Posso começar por afirmar que, a maior parte das pessoas instruídas aceita o aquecimento global como real e perigoso. Realmente, a propaganda em torno do aquecimento global leva muita gente a acreditar que se trata da principal ameaça que se apresenta à humanidade.
De acordo com a minha forma de pensar e de ver e compreender muitos dos problemas que nos afectam vou tentar dar a entender um pouco do que se tem passado em torno do Aquecimento Global.
Já à uns meses assistimos a uma declaração da profunda preocupação de George Bush e Stephen Harper sobre o “sério desafio das alterações climáticas globais”. O presidente dos EUA e o primeiro ministro do Canadá, ambos oponentes, há muito, de alguma acção para limitar os gases do efeito de estufa, querem agora que acreditemos que salvar o ambiente passou a ser a principal prioridade dos seus governos. Verdadeiramente, a hipocrisia dos políticos capitalistas não tem fronteiras. Eles e os seus donos corporativos querem evitar acções sobre as alterações climáticas, e têm vindo a fazer isso há já muitos anos. A sua avidez em se vestirem com um inapropriado verde tem tudo a ver com relações públicas e nada a ver com salvar a Terra.
NEGANDO A CIÊNCIA

Cientistas bem informados concordam que a mudança climática é real, e que a causa principal é o uso de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, o gás e o carvão. A Terra está hoje em dia significativamente mais quente do que estava há algumas décadas atrás, e a taxa de crescimento está a acelerar. Se não a paramos, no final deste século a Terra estará mais quente do que alguma vez esteve desde que os hu. Descontrolado, isto terá impactos catastróficos sobre a vida humana, animal e das plantas. As colheitas irão diminuir drasticamente, levando a fome a uma escala mais alargada. Centenas de milhões de pessoas serão deslocadas pela seca nalgumas regiões, e pela subida do nível do mar noutras regiões. São prováveis, epidemias de malária e de cólera. O impacto afectará mais a Ásia, África e América Latina manos começaram a caminhar sobre o planeta.
Mas isto não impediu que as corporações e os políticos reclamassem que não têm informação suficiente para decidir se o problema existe ou não, quanto mais o que fazer sobre ele. As suas negações têm sido apoiadas por um bando de negadores das alterações climáticas, que são frequentemente citados nos meios de comunicação nas reportagens sobre o assunto.

Um relatório recente da Union of Concerned Scientists [União dos Cientistas Preocupados] revela que a aparentemente grande rede de negadores é de facto uma mão cheia de pessoas que parecem ser mais porque trabalham para até 30 organizações. A ExxonMobil, a maior empresa do mundo publicamente negociada, tem sido apoio financeiro de todos esses grupos – pagou-lhes milhões para “fabricar a incerteza” sobre a alteração do clima.

Sem coincidências, a ExxonMobil é a maior empresa produtora individual de gases do efeito de estufa. Se a ExxonMobil fosse um país, seria a sexta maior fonte de emissões.
Obviamente que a conservação é importante. Mas enquanto os gigantes dos combustíveis fósseis continuarem o negócio da mesma forma, os esforços individuais terão um impacto muito pequeno.

SEM SOLUÇÃO CAPITALISTA

Qualquer pessoa sensata terá eventualmente de questionar porque é que os capitalistas e os seus governos procuram evitar acções eficientes sobre a mudança climática. Todos, incluindo capitalistas e políticos, serão afectados. Nicholas Stern estima que a economia mundial irá diminuir 20% se não agirmos. Então porque é que as pessoas no poder não estão a fazer nada?
A resposta é que o problema está enraizado na verdadeira natureza da sociedade capitalista, que é constituída por milhares de corporações, todas competindo por investimento e por lucros. Não há uma “preocupação social” no capitalismo – há apenas milhares de interesses separados que competem uns com os outros.
Se uma empresa decidir investir fortemente na redução de emissões, os seus lucros irão descer. Os investidores vão transferir o seu capital para investimentos mais lucrativos. Eventualmente, a empresa verde irá sair de circulação.

A lei fundamental do capitalismo é “Cresce ou Morre”. Um crescimento anárquico, não planeado, não é um acidente, ou uma externalidade. É a natureza do monstro.
Especialistas acreditam que para estabilizar o clima será necessária uma redução de 70%, ou mais, das emissões de CO2 nos próximos 20 a 30 anos – e isso requer uma redução radical do uso de combustíveis fósseis. Há pelo menos três grandes barreiras que impedem o capitalismo de atingir esse objectivo:

– Passar dos combustíveis fósseis para outras fontes de energia vai requerer grandes despesas. No curto prazo, este será um investimento não lucrativo, numa economia que não consegue funcionar sem o lucro.

– As reduções de CO2 têm de ser globais. O ar e a água não param nas fronteiras. Enquanto o capitalismo permanecer como o sistema económico globalmente dominante, as mudanças positivas em países individuais serão minadas pelas reacções de outros países, na procura de vantagens competitivas.
– A mudança tem de ser geral. Ao contrário de anteriores campanhas anti-poluição que se focavam em indústrias ou químicos específicos, para parar os gases do efeito de estufa será necessário remodelar radicalmente todas as partes da economia. Uma reestruturação a tão grande escala é quase certamente impossível num esquema capitalista – e qualquer tentativa para o fazer, encontrará uma intensa resistência. Só uma economia que seja organizada para as necessidades humanas, não para o lucro, tem alguma hipótese de abrandar a mudança climática e reverter os danos que já foram feitos.

Por outro lado, devemos também prestar atenção às necessidades do Terceiro Mundo. As pessoas do Terceiro Mundo sofreram com séculos de pobreza enquanto os seus países eram pilhados para enriquecer os poderes imperialistas. Agora, elas são as maiores vítimas da mudança climática. Estão revoltadas, e com razão, com qualquer sugestão de que deverão prosseguir um crescimento económico de forma a resolver um problema que foi criado pelos seus exploradores do Norte.

Um último exemplo, para que também fiquem a saber, e não fiquem a pensar apenas a imagem, muitas vezes, irreal, do que a comunicação social nos trasnmite e incute:

Cuba, um país pobre com recursos limitados, mostra o que pode ser feito. O World Wildlife Fund [Fundo Mundial para a Vida Selvagem]) identificou recentemente Cuba como o único país no mundo que cumpre os requisitos de um desenvolvimento sustentável. Cuba consegui isso com a sua economia a crescer mais do dobro da média da América Latina, por isso o problema não é o crescimento – é o crescimento capitalista.