Os líderes mundiais chegaram hoje a um “acordo de acção global” para reactivar a economia internacional, que passa pela reforma do sistema bancário (que incluirá a penalização dos paraísos fiscais), estímulos ao crescimento económico, a revisão das instituições internacionais, o apoio ao comércio global e novos fundos para o combate à pobreza. Na conferência de imprensa final da cimeira do G20, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou ainda que os líderes mundiais planeiam voltar a encontrar-se até ao final do ano. Segundo ele, o encontro servirá para "monitorizar os progressos" conseguidos: "Não vamos hesitar enquanto há pessoas a perder os seus empregos". Em declarações aos jornalistas, Gordon Brown sublinhou a importância do consenso conseguido no encontro de Londres, dizendo estar convicto que as medidas aprovadas vão permitir “encurtar a recessão”. “Esta é uma acção colectiva em que toda a gente se comprometeu a fazer o seu melhor” para dar resposta à pior crise que o globo atravessa em mais de 70 anos. Sintetizando as medidas adoptadas, Brown explicou que os países mais industrializados e as principais economias mundiais chegaram a compromissos em seis áreas distintas, que abrangem boa parte das propostas trazidas pelos vários dirigentes para o encontro de Londres.
OCDE fará lista
Entre elas conta-se uma “profunda reforma do sistema bancário” a nível internacional, que irá abarcar, entre outros aspectos, uma nova regulamentação para as agências de notação e os fundos de investimento. Mas a medida mais visível será a criação de uma lista de paraísos fiscais que não cumprem as regras de transparência – tarefa que estará a cabo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Indo ao encontro de uma das principais pretensões do Governo francês, a lista será divulgada “ainda hoje”, anunciou Gordon Brown. Ainda neste âmbito, o G20 decidiu fixar novas regras para a atribuição de prémios aos gestores financeiros, uma matéria que gerou grande polémica nos Estados Unidos e Reino Unido. “Não haverá recompensas para o fracasso”, garantiu Brown.
Mais dinheiro para o FMI e para o comércio mundial
Mais dinheiro para o FMI e para o comércio mundial
Tal como já tinha sido adiantado por fontes diplomáticas, o G20 acordou também um pacote de um milhão de milhões de dólares para reforçar a capacidade de intervenção das instituições financeiras internacionais. Metade deste montante será gerido pelo Fundo Monetário Internacional (instituição que concede empréstimos de emergência a países em dificuldade), que vê assim triplicar o seu orçamento. O novo pacote junta-se aos valores já disponibilizados individualmente pelos países, elevando para níveis inéditos o estímulo fiscal à economia. Segundo fontes diplomáticas, a maior parte dos novos fundos (que vão triplicar o orçamento disponível do FMI) serão disponibilizados pela China, Japão e alguns países europeus.Também o comércio internacional – em queda acentuada nos últimos meses – mereceu especial atenção na cimeira, tendo os líderes mundiais acordado retomar as negociações para a liberalização das trocas (um das principais reivindicações dos países emergentes). Em paralelo, será criado um fundo de 250 mil milhões para, ao longo dos próximos dois anos, financiar e dar garantias às exportações e importações. Este valor é mais do dobro do montante inicialmente previsto por Gordon Brown.
Ajudas aos mais pobres
Ajudas aos mais pobres
Numa outra medida inédita, o G20 decidiu que o FMI poderá vender parte das suas reservas de ouro para financiar a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres – uma medida que o primeiro-ministro britânico diz demonstrar que os mais ricos “não vão passar ao lado” dos que mais necessitam. Brown disse ainda ter existido um consenso para aumentar a representação dos países em desenvolvimento nas instituições internacionais, a começar pelo FMI.Apesar de assumir que “não há soluções rápidas”, Brown sublinhou que o mundo se comprometeu em Londres “a fazer tudo o que for necessário”. Da cimeira, acrescentou, “não resultaram concepções filosóficas abstractas mas medidas concretas e isso é muito importante”. (Público on line, 02.04.09)
Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1372300
Site oficial do G20: http://www.g20.org/
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