A onda de poluição causada pelo derrame de lamas industriais de uma unidade de processamento de alumínio na Hungria chegou esta quinta-feira ao rio Danúbio — o segundo mais longo da Europa.
Durante a manhã, a água descarregada pelo rio Raba no Danúbio mostrava-se mais alcalina do que o normal, com o pH a atingir 9,3, numa escala de 0 a 14. À tarde começaram a aparecer peixes mortos na confluência do Raba com o Danúbio. Os peixes “não resistem a um pH de 9,1”, disse Tibor Dobson, chefe regional dos serviços anticatástrofes da Hungria, citado pela Agência France Presse.
Dois dias depois do rebentamento da barragem de lamas alcalinas contendo compostos metálicos — causando quatro mortes, três desaparecimentos e 150 feridos —, os danos ecológicos começam a tornar-se mais visíveis. Cerca de um milhão de metros cúbicos de lamas foram projectados primeiro para a ribeira de Torna, com um pH de 13,5, tendo daí atingido o rio Marcal, depois o Raba e, agora, o Danúbio.
“Todo o ecossistema do rio Marcal foi destruído, pois a alcalinidade matou tudo”, disse Tibor Dobson à agência húngara de notícias MTI. A recuperação deverá demorar três a cinco anos, segundo Gabor Figeczky, da organização ambientalista WWF na Hungria. Pescadores recolhiam, ontem, peixes mortos do Marcal.
Nas vilas mais atingidas pela onda tóxica, a situação está muito longe de regressar ao normal. Em visita a Kolontar, a primeira localidade atingida e onde morreram quatro pessoas, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, disse que será impossível reocupar algumas zonas mais afectadas. “Será provavelmente necessário abrir um novo território para os habitantes e fechar esta parte da vila para sempre, porque é impossível viver aqui”, disse.
Representantes da empresa MAL Zrt, proprietária da unidade de fabrico de alumínio onde ocorreu o acidente, estiveram também em Kolontar, mas foram mal recebidos pela população. “Creio que a MAL fez tudo o que podia para aliviar os danos. Teremos de esperar pelo fim das investigações para determinar responsabilidades precisas”, disse Jozsef Deak, director da MAL, a um grupo de residentes, através do sistema de som de um carro de polícia. “Por que não tira os seus sapatos e volta a pé para a sua fábrica, pela porcaria que causou?”, disse um residente, citado pela agência Reuters.
A empresa está a concluir a construção de um dique de emergência, para evitar novos derrames do depósito de lamas. A MAL disponibilizou ainda cerca de 109 mil euros como auxílio de emergência para as três localidades mais afectadas e pagou as despesas dos funerais das vítimas. Por ora, a MAL classifica o acidente como um “desastre natural”, dizendo que nada fazia prever o rompimento da barragem. A seguradora da empresa está a fazer um levantamento dos danos provocados.
Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/rio-danubio-atingido-pela-onda-toxica-hungara_1459954
Vejam de seguida um pequeno vídeo que reporta a onda tóxica na Hungria.
2 comentários:
Os comentários populares que se encontram no jornal Público, ajudam-nos a compreender, que nós, como seres humanos que somos, reivindicamos por assuntos como estes que afectam a nossa sociedade. Não critico de forma alguma os comentários, até porque individuos como nós, não passámos do comentário para a veredicta acção. Acção essa que devia de se concentrar numa grande massa de ajuda por parte de toda a população. Na verdade, já não vamos salvar vidas a ninguém que por catástrofe não sobreviveram ou simplesmente desapareceram, mas vamos pelo menos honrar pelas suas memórias e lamentar causas deste tipo. E como isto é muito vago, na minha opinião, e porque quem dirige o que pensa não é castigado, pois então, sr.professor, aqui vejo um aspecto bem claro e negativo da globalização e do Mundo. Primeiro, porque era nestas tragédias de ordem natural e mais dramático ainda, de ordem humana, que a união de países poderia fazer a diferença e colocar uma mensagem de apoio, mas mais importante ainda, utilizar a ajuda para estes povos, para esta natureza e alertar num futuro próximo, outras civilizações. Segundo, porque os interesses do Mundo são outros: primeiro a política, depois a divida interna e externa, a politica novamente e claro a má governação e assuntos culturais que no caso de tragédias como estas poderiam com certeza esperar! E como não vejo forma disto ter um fim calmo e menos dramático, assim mais uma vez honro a memória destas pessoas que faleceram à custa de erros humanos e empresariais.
Boa noite .
Carolina bem-vinda ao Blogue e obrigado pelo teu comentário. Tal com o já referi em situações idênticas anteriores, espero que também tu participes regularmente no blogue e contribuas para que ele seja cada vez mais interessante e mais vivo. O assunto é, de facto, muito grave e faz-nos pensar sobre o que andamos a fazer neste Planeta, cada vez mais doente. Concordo plenamente com a tua opinião.
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