terça-feira, 22 de julho de 2008

Balcãs - Capturado Radovan Karadzic, antigo líder sérvio da Bósnia


Radovan Karadzic, o líder dos sérvios bósnios durante a guerra da ex-Jugoslávia, entre 1992 e 1995, foi capturado na Sérvia. Karadzic já foi ouvido, hoje de manhã, por um juiz de instrução sérvio, primeiro passo para a sua extradição para Haia, a fim de ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional.Karadzic é acusado de vários crimes de guerra e genocídio, incluindo a morte de cerca de 8000 homens e rapazes muçulmanos no massacre de Srebrenica. Andava a monte desde 1996, tal como o seu comandante militar, Ratko Mladic, que continua em fuga. Ambos eram procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para os Crimes de Guerra da Ex-Jugoslávia."O interrogatório terminou", declarou o juiz de instrução Milan Dilparic, citado pela agência Beta news. Dilparic recusou, porém, revelar mais detalhes sobre o interrogatório, qualificando-o de "confidencial". O procurador do TPI, Serge Brammertz, é esperado hoje na capital sérvia. O procurador tinha já confirmado ontem a detenção do antigo responsável político sérvio bósnio, acusado de genocídio e em fuga há cerca de 13 anos."O procurador Serge Brammertz saúda a detenção hoje de Radovan Karadzic (...) Ele está em fuga há cerca de 13 anos ", indicava um comunicado do TPI.A notícia foi primeiramente avançada pela presidência sérvia, que indicou que o antigo líder dos sérvios bósnios foi detido pelos serviços de segurança sérvios. Em Belgrado, os festejos pela detenção de Karadzic - um dos principais entraves nas negociações da entrada da Sérvia na União Europeia - estenderam-se pela madrugada. Svetozar Vujacic, o advogado do ex-líder sérvio da Bósnia, assegurou que o seu cliente foi detido na passada sexta-feira, mas que as autoridades sérvias só deram conta da detenção ontem à noite.De acordo com Vujacic aos meios de comunicação sérvios, Karadzic foi detido às 21h30 (19h30 em Lisboa) da passada sexta-feira num autocarro que percorria a estrada entre Nova Belgrado e Batajnica, uma localidade a poucos quilómetros a norte da capital sérvia. O advogado, que disse não saber quem deteve Karadzic, assegurou que a detenção foi ilegal, já que o arguido deveria ter sido levado de imediato a um juiz de instrução e isso não aconteceu. O causídico indicou ainda que o ex-líder sérvio goza de boa saúde, mas que perdeu bastante peso e nega-se a ingerir alimentos.O advogado de Karadzic indicou ainda que o seu cliente qualificou a situação que levou à sua detenção de "farsa" e que terá utilizado o seu "direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório". Depois de ter sido acusado formalmente pelo TPI por crimes de guerra, Karadzic entrou na clandestinidade, dispondo de uma rede de apoiantes que o ajudavam na fuga. Diversas tentativas de detenção levadas a cabo pela NATO na Bósnia acabaram por falhar. O departamento de Estado tinha prometido uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que conduzissem à sua detenção. Por seu lado, o diplomata americano Richard Holbrooke, artesão dos acordos de paz de Dayton, que meteram um ponto final à guerra da Bósnia, designou Karadzic – numa entrevista à BBC – como o “Osama bin Laden da Europa”. Acrescentou ainda que “um grande malfeitor foi retirado da cena pública”. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, indicou por seu lado, em comunicado, que a detenção foi “um momento histórico para as vítimas”.Em Sarajevo, Bósnia, onde se cometeram algumas das mais terríveis atrocidades, as “Mães de Srebrenica” – cujos maridos e filhos foram mortos durante a guerra – também saudaram a detenção de Karadzic. “Foi finalmente feita justiça”, indicou à AFP um responsável dessa associação, Kada Hotic.

Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1336153 (podem visionar um pequeno vídeo sobre Radovan Karadzic neste endereço)

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