Ingrid Betancourt e três reféns norte-americanos há vários anos em poder da guerrilha das FARC foram resgatados pelo Exército colombiano, anunciou o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. O responsável revelou que outros 11 militares foram também libertados nesta operação.Segundo o responsável, a operação helitransportada foi realizada na província de Guaviare, no Sudeste da Colômbia, um dos principais bastiões das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Manuel Santos adiantou que o estado de saúde dos 15 resgatados é considerado "razoável" tendo em conta os anos passados em cativeiro, em situações muito adversas na selva tropical. Betancourt, que detém dupla nacionalidade francesa e colombiana, foi sequestrada em Fevereiro de 2002, quando fazia campanha para as presidenciais que viriam a ser ganhas pelo actual Presidente, o conservador Álvaro Uribe. Desde então foram feitas várias tentativas para conseguir a sua libertação, a última das quais promovida, no início deste ano, pelo Presidente venezuelano, Hugo Chávez. Mas os contactos com as FARC tornaram-se mais difíceis depois de Raul Reys, o “número dois” da guerrilha, ter sido abatido numa operação do Exército colombiano no vizinho Equador, em Março passado.Por essa altura, as notícias davam conta que a antiga senadora se encontrava gravemente doente e que teria mesmo sido levada pelos guerrilheiros a postos médicos em zonas isoladas – notícias que a guerrilha nunca confirmou. No último vídeo divulgado pelas FARC, no final de 2007, Ingrid surgia muito magra e apática, reforçando os receios pela sua saúde. Os três americanos em poder da guerrilha – Thomas Howes, Keith Stansell e o lusodescendente Marc Gonçalves – foram capturados em 2003, depois de o avião em que seguiam se ter despenhado na selva, durante uma operação de combate ao narcotráfico promovida pelo Departamento de Defesa dos EUA, em colaboração com as autoridades colombianas. O ministro da Defesa revelou ainda que os 11 militares resgatados são, na sua maioria, oficiais e como tal integravam o grupo de 40 reféns que as FARC admitiam libertar em troca de 500 guerrilheiros detidos nas prisões de Bogotá.
Operação "audaciosa"
Há vários anos que os militares colombianos tentavam resgatar Betancourt e os quatro americanos, os mais conhecidos das centenas de reféns em poder da guerrilha, apesar dos apelos de familiares e dirigentes estrangeiros que alertavam para os riscos de uma operação deste género. Esta tarde, numa conferência de imprensa convocada pouco antes, Juan Manuel Santos surpreendeu todos ao anunciar a libertação dos reféns "numa operação militar durante a qual foi possível infiltrar o primeiro círculo das FARC, aquele que durante os últimos anos vigiou um importante grupo de reféns". O ministro explicou que os reféns estão divididos em três grupos, pelo que o Exército, graças a agentes infiltrados, fez passar uma mensagem de que Alfonso Cano, o novo líder das FARC, ordenara que os reféns fossem levados à sua presença e que para isso deveriam ser reunidos num determinado ponto de Guaviare.Um helicóptero militar camuflado, com agentes dos serviços secretos militares a bordo, deslocou-se depois para o local de reunião, com o pretexto de recolher os reféns. Os guerrilheiros que acompanhavam os detidos "foram imediatamente neutralizados", incluindo um operacional conhecido como "César", alegadamente o chefe dos carcereiros. O responsável garantiu que não foi efectuado qualquer disparo e que, em nenhum momento da operação, a segurança dos reféns foi posta em causa. Não poupando elogios aos seus efectivos, o ministro da Defesa afirmou que esta foi uma operação "sem precedentes" que "ficará na história "pela sua audácia e eficácia".
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