sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Atentados em Timor-Leste

Gastão Salsinha comandou ataque a coluna de Xanana

Novo líder rebelde de Timor-Leste diz que não se renderá sem luta

15.02.2008 - 15h42 Lusa

O ex-tenente das forças armadas de Timor-Leste, Gastão Salsinha, autoproclamado novo líder dos rebeldes timorenses, afirmou que está fortemente armado numa casa em Díli e que não se renderá sem luta. Em declarações ao canal de televisão australiano Channel Nine, divulgadas hoje, Salsinha diz também que o major rebelde Alfredo Reinado foi morto cerca de 25 minutos antes de o Presidente timorense, José Ramos Horta, ter sido baleado no ataque à sua residência, na segunda-feira.“O meu comandante Alfredo Reinado foi a Metiaut [onde se situa a casa de Ramos-Horta]. Foi primeiro morto pelas F-FDTL [Falintil-Forças de Defesa do Timor Leste] e cerca de 25 minutos depois o presidente foi baleado”, afirmou. O tenente Salsinha afirma ter assumido o comando dos rebeldes após a morte de Alfredo Reinado. “Ele era o meu comandante e eu era seu adjunto. Como foi morto, claro que o substituirei”, declarou, frisando que seu objectivo é “lutar por justiça”. Mas também disse, citado pela agência de notícias australiana AAP, que se os seus adeptos quiserem se entrega ao Governo. Também afirmou que não é “inimigo da Austrália” e que apoia a presença de forças estrangeiras no país, afirmando que estão ali “para ajudar o povo do Timor”. Sobre os ataques de segunda-feira, Salsinha, que liderou o ataque à coluna do primeiro-ministro Xanana Gusmão, disse que eram parte de um plano “muito complicado”, mas recusou dar detalhes e dizer se pretendiam matar os dois dirigentes.“Não vos direi qual era o plano desse ataque, só o farei quando for a tribunal”, afirmou, acrescentando, no entanto, que se quisessem matar a Ramos Horta, teriam feito “directamente”. Gastão Salsinha é um dos nomes que constam na lista de cinco novos mandados de captura assinados na noite de quinta-feira pelo juiz do processo, disse à Lusa uma fonte ligada à investigação. Os outros quatro mandados emitidos pelo juiz são referentes a membros das Falintil-Forças de Defesa do Timor Leste e da Polícia Nacional.Gastão Salsinha fazia parte dos cerca de 600 rebeldes das forças armadas que se amotinaram e foram despedidos pelo Governo em 2006, o que desencadeou uma onda de violência no país, provocando a morte de pelo menos 37 pessoas e deixando mais de 150 mil desalojados. O levantamento derrubou o Governo liderado por Mari Alkatiri.


Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1319760&idCanal=11


Em complemento, visiona um Vídeo RTP sobre a situação actual em Timor:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=326161&tema=31

Comenta os atentados verificados em Timor-Leste, reflectindo sobre a instabilidade política que se verifica neste jovem país que parece nunca mais ter paz. Quem será que ganha com esta situação?

3 comentários:

Unknown disse...

Quando voltará a Paz a Timor-Leste? Se é que alguma vez ela existiu

Bem, em relação a toda esta situação eu posso dizer, que na minha opinião tudo isto poderia ser evitado, se se passasse de uma vez por todas a colocar os direitos humanos no início de todas as listas de decisões. Enquanto isto não acontecer, situações semelhantes a esta, tanto em Timor como no resto do mundo vão continuar a ser relatadas e recordadas por todos. È realmente lamentável que algo desta natureza aconteça num país como Timor, onde ainda existe tanto por fazer. Se se dedicassem a outros planos mais proveitosos para o desenvolvimento deste país, e não decidissem andar a fazer ataques terroristas contra o governo, talvez tudo fosse mais fácil.
Eu não resisto em dizer que na minha opinião, estes indivíduos que atentaram contra a vida do Presidente Ramos Horta, devem ter achado muita piada às comemorações dos cem anos do Regicídio, que marcou a história portuguesa, e decidiram fazer o mesmo. Talvez tenha sido isso que aconteceu.

Hoje em dia já não cabe na cabeça de ninguém, atentar de forma brutal contra um chefe de estado para mudar drasticamente o governo. Pelo contrário, se este plano corresse segundo idealizaram os terroristas, o país estaria ainda muito pior e muito mais instável.
Não é assim que se resolvem as coisas, caros defensores dos atentados de vidas humanas. Deviam de usar a cabeça e ter por base as leis da democracia e do bom senso e não prejudicar ninguém, ou melhor, neste caso, um país inteiro, com estes actos sem fundamento.
O que é de lamentar é mesmo o facto deste país não conseguir manter por muito tempo a tão ansiada Paz. Claro que muitos interesses também se escondem por de trás de tudo isto. Não podemos negar, pois na verdade não devem ser poucos.

Bem, mas também temos de ter consciência de que estes ataques promovidos contra o presidente de Timor-leste, José Ramos Horta, e contra o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que felizmente tem saído sempre ileso, têm acontecido mais ou menos de dois em dois anos, depois de o Exército ter expulsado um grupo de soldados por este renegados.
O governo anterior, liderado por Mari Alkatiri, expulsou das Forças Armadas, por suposta insubordinação, 591 militares que protagonizavam uma longa greve para exigir melhoras trabalhistas. Desde então, o grupo rebelde liderado por Alfredo Reinado tem vindo a realizar atentados contra o actual governo.

Para concluir, penso que o ex-tenente das forças armadas de Timor-Leste, Gastão Salsinha, deveria ser severamente punido se realmente esteve a liderar este movimento de ataque ao presidente timorense Ramos Horta. Foi um acto extremamente irresponsável por parte de todos os envolvidos na organização deste acto que definitivamente abalou significativamente todas as instituições democráticas de Timor-Leste.
Acrescento também que foi lamentável, a ajuda ter chegado algum tempo depois pois as condições não são as melhores e mais uma vez se teve de esperar pelos australianos, o que fez com que o cenário fosse o de um presidente caído no chão durante muito tempo sem a devida assistência. Felizmente apesar de tudo, conseguiu sobreviver.

Vasco PS disse...

Breve comentário: a situação em Timor é problemática e vergonhosa. Foi uma verdadeira tentativa de decapitação de um estado livre. Quem ganhará com tudo isto? Os grupos económicos que lideram a caça ao petróleo timorense. Quem perde? A democracia e o povo deste jovem país. É mais um exemplo da importância que os interesses económicos têm sobre todas as vertentes da vida das nações. Este mundo anda mesmo perdido. (Se tiver tempo depois desenvolvo este comentário)

Soraia disse...

Atentado contra a democracia...

O recente atentado à vida do Presidente Ramos Horta, foi no meu ponto de vista uma tentativa de acabar com a jovem democracia deste país e dificultar o desenvovlimento do mesmo.

Vasco, não podia estar mais de acordo contigo, quando dizes que actualmente os interesses económicos se sobrepõem ao bem da Nação. É o mundo em que vivemos, há que conviver com ele.