quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Putin ameaça dirigir mísseis contra a Ucrânia em caso de adesão à NATO

Aviso foi feito após encontro com Presidente ucraniano

12.02.2008 - 16h54 PÚBLICO


O Presidente russo, Vladimir Putin, avisou hoje que a Rússia poderá redirigir os seus mísseis contra a Ucrânia se o país vizinho se juntar à NATO e aceitar a instalação de um escudo de defesa anti-míssil norte-americano. O aviso foi feito no final de um encontro com o seu homólogo ucraniano, Victor Iuchenko, que se deslocou a Moscovo para resolver uma disputa sobre os fornecimentos de gás russo ao seu país e procurar melhorar as relações diplomáticas com a antiga potência. Putin revelou ter alertado Iuchenko para os riscos de uma adesão à Aliança Atlântica, o pacto de defesa promovido pelos EUA em plena Guerra-Fria, sustentando que o passo almejado há anos por Kiev “restringiria a soberania do país”. Apesar de sublinhar que não pode interferir na decisão do país vizinho, o Presidente russo disse temer que a eventual entrada da Ucrânia no bloco ocidental leve o país a aceitar a instalação de um escudo antimíssil semelhante àquele que os EUA planeiam instalar na Polónia e República Checa. “É aterrador pensar que a Rússia, em resposta a uma possível instalação de um escudo míssil na Ucrânia possa ter de dirigir os seus sistemas de mísseis ofensivos contra a Ucrânia”, declarou Putin, de forma emotiva, citado pela Reuters. Os planos dos EUA para a instalação de um radar na República Checa e de um escudos antimíssil na Polónia – partes de um sistema que Washington diz ser defensivo – tem merecido duras críticas de Moscovo, desencadeando uma troca de palavras entre as duas capitais que recorda a Guerra-Fria. Esta tarde, o Presidente russo voltou a dizer que os planos americanos visam “a neutralização do potencial nuclear russo”, sublinhando que a sua efectivação “desencadeará uma acção russa de retaliação”. Até ao momento, Washington não solicitou à Ucrânia qualquer envolvimento neste projecto, embora o país seja visto por Moscovo como um aliado avançado dos EUA na região, desde que em 2004 Iuchenko liderou uma revolução que congregou as forças pró-ocidentais no país.Horas antes destas bombásticas declarações, o chefe da diplomacia russa revelou que o Presidente aceitou um convite para participar na próxima cimeira da NATO, agendada para Abril, em Bucareste. A reunião terá lugar já depois de Putin dar lugar ao seu sucessor no Kremlin. A aceitação do convite "demonstra novamente que a Rússia está disponível para dialogar sobre qualquer matéria", afirmou Sergei Lavrov.

4 comentários:

Unknown disse...

Ameaças

As noticias, por vezes são surpreendentes, umas mais do que outras, mas esta noticia nem sei se a devo relacionar com as muito ou, por outro lado, as pouco surpreendentes. Realmente uma noticia destas desvia a atenção de qualquer um, pois os princípios hoje definidos pelo mundo ocidental já não deixam que uma ameaça destas passe despercebida e imune a comentários críticos. Não haveria nenhuma razão moralmente lógica que justificasse uma ameaça destas. Mas como prova de que tudo pode acontecer chega esta novidade. A Rússia ameaça a Ucrânia com um possível posicionamento dos mísseis contra o território ucraniano. Se estivéssemos em plena Guerra Fria, onde predominava o clima de terror, não acharia estranho. Na realidade este período já lá vai, contudo, parece ter deixado ideologias marcantes e bem definidas que exaltam o poder daqueles que ainda se julgam poderosos, subjugando outros que ainda não têm muita capacidade de reacção, como é o caso da Ucrânia. É por estas e por outras que países como a Ucrânia, hoje em dia já se encontram divididos entre estes dois mundos: um que se prende ao seu passado sob influencia da Rússia, e a outra realidade, a ocidental que cada vez mais se aproxima e abre novos horizontes e novas oportunidades para o futuro destes países.

Na minha opinião acho que a Ucrânia iria tomar a decisão certa se por acaso levasse em diante o seu plano e aderisse à NATO, independentemente de qualquer ameaça vinda de uma antiga potencia que acha que um dia pode voltar de novo a subjugar os outros. Não se deixar constranger com este tipo de ameaças seria a melhor opção a tomar pela Ucrânia.
Na minha opinião, ao juntar-se à NATO, a Ucrânia não irá perder soberania, o que é uma opinião contraria à do presidente russo. Muito pelo contrário, iria ganhar mais autonomia, pois iria ter apoios que ajudariam o país a enfrentar melhor situações semelhantes a esta ameaça.
Os ameaçozinhos de cortar o abastecimento de gás natural parece que já não estão a dar resultado. Com isto decidiram ir mais longe, provocando o aparecimento de mais uma nódoa negra na diplomacia russa, mesmo que esta alegue que está disposta a dialogar.
No entanto, a Rússia também tem como motivo para este acto, o facto de que a Ucrânia pode vir (se aderir à NATO) a constituir um importante aliado para os EUA, onde estes poderão também colocar os mísseis defensivos. Perante esta situação acredito que a Rússia se sinta pouco à vontade, contudo, mais uma vez quem sofre são países inofensivos que se encontram em pontos estratégicos para as grandes potências. Neste caso uma antiga potência e tentar fazer frente a uma actual e única potência.

Veremos o que a Ucrânia vai decidir perante esta ameaça.

R disse...

"Ladies and Gentlemen welcome back to the Cold War!
Senhoras e Senhores benvindos de novo à Guerra-Fria!
Señoras y Señores bienvenidos de nuevo a la Guerra Fría!"
Esta será talvez a frase que poderá correr os jornais mais lidos do mundo dentro de dias ou meses...
A verdade é que, na minha opinião, a guerra-fria nunca terminou. Apenas adormeceu. E uma prova disso é a ameaça de Vladimir Putin a Victor Iuchenko. A Ucrânia está a acordar agora para a realidade (peço desculpas à minha amiga Iryna mas é verdade) e está realmente a perceber o quanto tem sido escrava todos estes anos da Rússia. Vladimir é um presidente que tem revelado, aos poucos e poucos, decisões que atribuem à Rússia um carácter de uma potência que está a acordar e está a voltar às atitudes repressivas que tinha.
Não duvido que os EUA tenham algum interesse em colocar os escudos anti-misséis, mas também ninguém disse que a Ucrânia ia aceitar colocá-los e se aceitasse era apenas uma prova de idependência em relação à Rússia e não intenção de atacar o país vizinho.
Espero que a Ucrânia não ceda às ameaças e que faça frente, mesmo sabendo que isso irá trazer muitas consequências para todos. Infleizmente a Rússia de democracia é só no papel. Isto claro é a minha humilde opinião, que pode ser perfeitamente contestada por ser um pró-americano ou apenas por ver as coisas como elas são.

Vasco PS disse...

Confesso que me dá a sensação de me andar sempre a repetir neste e mais alguns temas. Não é novidade para nenhum aluno da turma do 12ºH da ESRT que se fale na “temível” Rússia e os seus planos para regressar em força ao poder. O povo Ucraniano deve pensar sempre na sua segurança, mas não ter medo das palavras do Sr. Putin. Chega a ser cómico...com que dignidade vem o representante do povo russo interferir com questões que só dizem respeito a um povo livre como o ucraniano? O Sr. Putin devia era pensar no seu próprio povo, que vive eternamente amordaçado, deixar-se de manias de grandeza e poder e, tentar construir um mundo melhor. Se pensa que o mundo continua a ver a Rússia como em tempos viu a URSS, logo após a 2ºGM, então está muito enganado...hoje em dia, a única coisa que ainda nos vais interessando minimamente vindo dessas paragens é o famoso vodka. Talvez, se nos últimos anos a Rússia não tivesse optado em tomar posições tão egocêntricas e imperialistas, ainda alguém se lembrasse de lhe dar algum crédito.

Penso que o tempo do “MEDO” já lá vai. Basta de exibicionismo! Já não estivemos tão perto de morrermos todos numa super guerra nuclear? E então? Os russos sentem-se felizes por terem contribuído para um dos períodos mais lastimáveis da história universal? Espero que não.

A Ucrânia tem profundas ligações à Rússia. São países vizinhos, facto inegável. Mas as relações entre os dois países devem ser construídos sobre a democracia, a igualdade e a liberdade; e não a serventia. O Sr. Putin deve pensar que é Estaline, ou coisa que o valha. Se for vontade do povo ucraniano, através dos seus mais altos representantes aderir à NATO, acho muito bem. Será a melhor solução para a Ucrânia? Não sei. A NATO não é um mar de rosas, propriamente. Mas ainda não chegamos ao ponto de nos andarmos a ameaçar uns aos outros. De facto, será uma grande mudança para a Ucrânia. Mas não me esqueço que estamos a falar de um grande povo, que tem direito à sua autodeterminação e liberdade. Os tempos da URSS já terminaram. Já uma vez foi dito que seria melhor não isolar a Rússia, que não era uma boa ideia. Ora eu cá penso o contrário. Se a Rússia não entende nem aceita a nova ordem internacional, se não respeita os restantes povos, se diz “amén” a todos os estados amigos como a Sérvia, se tenta a todo o custo fazer a vida negra aos europeus, se pensa que ainda é dona do mundo, quando não o é...pois bem, que se isole. E se quiser fazer guerra que faça. Aliás, já devia ter feito, talvez já se tivesse cortado o mal pela raiz. Nada neste discurso deixa de atribuir responsabilidades pelas presentes tensões a outros países, sobretudo aos europeus e aos EUA. No entanto, creio que se voltar a criar um conflito baseado no medo e na mais pura das ignorâncias, é demais. Muitos morreram pela liberdade. Se for o nosso destino continuar a morrer por ela, que seja. Agora, não vivamos mais nenhum século XX de repressões, horrores e medos. Ser humano é ser livre.

P.S. Confesso-vos que estes temas já aborrecem. São a realidade do nosso mundo actual, mas são revoltantes. Continuo a não entender porque estamos a repetir esta discussão...e Timor? Não teve relevo suficiente para ser aqui debatido? Uma tentativa de decapitação de um estado que tanto nos diz a nós Portugueses?
E continuamos na mesma...ora falamos dos EUA, ora da Rússia...parece uma guerra fria psicológica.

Soraia disse...

Mísseis para que vos quero…

Bem…mais uma vez a Rússia está nas bocas do mundo…o que começa por ser um pouco repetitivo, pois ultimamente passamos a vida a falar da Rússia, o que lhe atribui mais importância do que ela tem na realidade…A Rússia faz-me lembrar um pouco o Benfica, vive na sombra das vitórias passadas…acreditando numa supremacia que já não existe.
Queridos russos, o tempo da guerra fria já lá vai, a Rússia já não mete medo a ninguém e acho que está na altura de serem humildes pela primeira vez na vossa história e não insistirem em ver provocações e ameaças onde elas não existem.

A Ucrânia percebeu finalmente que tem de “fazer pela sua vida” e tornar-se autónoma nas suas decisões, sem se deixar intimidar por ameaças de Putin.
Penso que a Ucrânia tem todo o direito de aderir à NATO se assim o desejar e a Rússia não tem que “meter o nariz onde não é chamada”, porque a Ucrânia é um país independente, não é nenhuma colónia russa.

É verdade que provavelmente os EUA têm interesse em colocar o escudo anti-mísseis na Ucrânia, mas isso é uma decisão que cabe SÓ aos americanos e aos ucranianos.
O Sr. Putin em vez de brincar “à batalha militar” com os EUA, devia era preocupar-se em dar boas condições de vida e liberdade ao seu povo, que ou muito me engano, ou está tão habituado a viver reprimido que nem saberia conviver com a liberdade.

Revolta-me estarmos constantemente a falar sobre um país que apesar das suas tão aclamadas capacidades nunca contribuiu para melhorar o mundo, insistindo numa política isolacionista, quando na realidade as únicas riquezas que têm são recursos naturais, recursos esses que eles utilizam como forma de chantagem quando os países ocidentais não dizem “ámen” às suas vontades.

A Rússia tem de tomar consciência que não é o que a URSS foi em tempos e que no contexto actual, a única superpotência são os EUA e quanto a isso não há nada a fazer.
Se a Rússia insistir nestas ameaças à Ucrânia, caso ela decida aderir à NATO, penso que será tempo de "alguém" entrar em cena e acabar com esta palhaçada que alegra os serões do Sr.Putin.