quarta-feira, 19 de março de 2008

Cinco anos depois do início da ofensiva militar

"Êxito que está a ser vivido no Iraque é inegável", diz Bush

O Presidente norte-americano prepara-se para dizer hoje, num discurso por ocasião do quinto aniversário do início da guerra no Iraque, que "expulsar Saddam do poder foi uma boa decisão " e que a guerra foi "uma grande vitória estratégica", apesar de ter sido combatida com "altos custos". De acordo com alguns excertos do discurso agendado para hoje à tarde no Pentágono, e que chegaram aos meios de comunicação social, o Presidente norte-americano dirá que "o êxito" que está a ser vivido no Iraque é "inegável"."Expulsar Saddam Hussein do poder foi uma boa decisão e este é um combate que a América pode e deve ganhar", indicará Bush no discurso avançado pela Casa Branca. De acordo com a estratégia mantida desde o início da guerra, Bush vai vincular a invasão do Iraque à "guerra contra o terrorismo" que os Estados Unidos lançaram após os atentados de 11 de Setembro. A intervenção prevista para hoje foi antecedida de declarações do vice-Presidente norte-americano Dick Chenney, que assegurou na segunda-feira, durante uma visita-surpresa à capital iraquiana, que os esforços destes cinco anos "valeram a pena". O Exército americano mantém actualmente cerca de 160 mil soldados no Iraque. No início da invasão a cifra atingia os 225 mil. O número foi sendo reduzido nos meses seguintes mas de novo aumentado para os 175 mil quando foi lançado o plano de segurança em Bagdad. Cinco anos depois do início da ofensiva militar, a guerra causou - de acordo com as estimativas mais baixas - a morte a cerca de 82 mil civis iraquianos, apesar de outros estudos indicarem que o número total de mortos ascende aos 600 mil. Por oposição, o número de soldados norte-americanos mortos ronda os 4000 e o de soldados britânicos os 170. Nos dias que antecederam a guerra, a Administração Bush fixou o custo da guerra entre os 50 e os 60 mil milhões de dólares. Actualmente, a cifra rondará um milhão de milhões de dólares.
Nota: o PIB de Portugal em 2007 era de, aproximadamente, 210 mil milhões de dólares.


A guerra no Iraque foi uma boa decisão?
Valeu mesmo a pena? Foi um êxito?
Os EUA tornaram-se mais fortes perante a comunidade internacional?
O Mundo está agora mais seguro?

4 comentários:

Paulo disse...

“Portugal está preparado para as consequências da crise actual.” (José Sócrates)
“O êxito que está a ser vivido no Iraque é inegável.” (George W. Bush)

Perguntar-se-ão porque coloquei estas duas frases juntas quando têm pouco ou nada a ver uma com a outra. No entanto, existe uma semelhança, na minha opinião, que é o facto de ambas demonstrarem uma enorme falta de bom senso e visão.
A primeira procura enganar o nosso povo, Portugal, com falsas esperanças de que todos os esforços até aqui feitos serão recompensados com um futuro risonho e que pouco iremos sofrer com a actual crise, o que é completamente mentira. Aliás, espera-nos um ano bastante difícil.
A segunda procura enganar não só um povo, o americano, mas também um mundo inteiro com a ideia de que a invasão do Iraque e o prolongamento da guerra por cinco anos foi um êxito, quando o que se passa é, para mim, exactamente o contrário. Por exemplo, em Karbala, cidade do sudoeste do Iraque, os cinco anos de guerra foram “festejados” com uma bomba que matou cerca de 40 pessoas. E este tipo de situações acontece todos os dias. Aliás, um relatório da amnistia internacional declarou que o Iraque é o país menos seguro de todo o mundo, o que demonstra que algo não está bem.

Passando às questões propostas pelo professor, vou dar respostas breves para não me alongar muito.
1-Para mim, está longe de ter sido uma boa decisão. Penso que não levou a lado nenhum e a morte de milhares de civis iraquianos e soldados norte-americanos só vem provar essa ideia.
2-Um êxito? Longe disso. Aliás, penso que esta guerra não vale nada a pena e que só prejudica os seus intervenientes. Bom, se calhar até valeu a pena para os EUA arranjarem mais uma guerra no mundo, o que já é habitual com este país, quando precisam de resolver outro tipo de problemas.
3-Penso que não. Em 1º lugar, muitas pessoas por esse mundo fora, incluindo nos EUA, revoltam-se pelo facto de todos os dias morrerem pessoas por causa de uma guerra inútil e que cada vez mais se assemelha à vergonha do Vietname. Em 2º lugar, a desculpa utilizada pelos norte-americanos das armas de destruição massiva, quando os interesses eram essencialmente económicos, ainda deu menor credibilidade aos americanos e a esta iniciativa de invadir o Iraque. Assim, penso que os EUA deram uma imagem muito má de si próprios ao mundo.
4-Mais uma vez, não acredito que seja assim. O mundo não está de facto mais seguro, pelo simples facto de que quase todas as semanas aparecem ou reaparecem conflitos regionais ou internos um pouco por todo o mundo. Na minha opinião, o mundo está, pelo contrário, muito mais inseguro.

Para concluir, quero dizer que, no meio de tanta porcaria que a actual presidência dos EUA já fez, é difícil escolher uma decisão tão má que se destaque entre as outras, mas a invasão do Iraque estará decididamente no “top ten”, e muito bem classificada.

Vasco PS disse...

Só não vê, quem não quer.

A Guerra no Iraque é uma desgraça no contexto político e histórico internacional. Constituiu e constitui uma guerra sem motivos, o que a torna ainda mais estúpida e sem nexo. As desculpas usadas pelo governo dos EUA para a invasão do Iraque, lembrem-se, estiveram relacionadas com a ameaça que o regime iraquiano representava para o mundo, tendo-se alegado a existência de quantidades mirabolantes de armas de destruição maciça escondidas em território do Iraque. Hoje, o motivo é a guerra conta o Terrorismo.

Sejamos francos. Nos EUA existe uma tendência natural para se criarem guerras a partir do nada. A maior necessidade dos dirigentes americanos é marcar, pelo menos, a cada dez anos, uma geração, para que nela nasça o espírito “guerreiro” e a arrogância de líder, tão típica dos norte-americanos; por outro lado, e obviamente, é necessário gastar as toneladas de material de guerra, explosivos, mísseis, testar aviões, tanques, submarinos, navios, técnicas da mais alta tecnologia. Tudo em nome da preservação da posição dos EUA enquanto senhores do mundo.

A Guerra do Iraque é mais uma forma de mostrar a todos o poderio dos americanos, sob pena de outros Estados se verem invadidos; veja-se o exemplo do Irão, que parece o próximo campo de treino para o armamento convencional e até quem sabe, nuclear dos EUA. Como é óbvio, uma nação que se quer soberana e a supervisionar todo o planeta tem de fazer as suas paradas militares e demonstrações de força. Ainda esta semana, vi imagens deste conflito e mais uma vez, vi o ridículo em que caíram os americanos. De um lado via iraquianos a defender o seu país, mesmo aqueles que não eram pró-Saddam, de espingardas na mão. Com meia dúzia de tiros, engenhos explosivos caseiros...lá iam lançando o terror nas ruas de diversas cidades iraquianas. Do outro lado, estavam os soldados americanos que lançavam pequenos mísseis (em dimensão), que destruíam edifícios e ruas inteiras, aos quais estes recorriam como quem tem um brinquedo na mão. No meio dos gritos dos civis que iam tombando, lá se ouvia um “yaah” “yahooo” e por aí fora, de extrema felicidade.

Esta tem sido uma guerra repleta de erros e falhas técnicas e militares graves, que põem em causa todas as leis internacionais. A quantidade de atentados diários no Iraque, e das duas vítimas, ultrapassa a nossa imaginação; daí que já quase nem se fale destas ocorrências nos telejornais. Cinquenta mortos hoje de manhã, mais sessenta de tarde; amanhã, por ser dia sagrado, são mais cem...e assim se passa o tempo. A dimensão desta guerra é tão dramática, que já quase somos indiferentes aos crimes diários nestas paragens. Mas dá para continuarmos a questionar. Quem terá mais razão? Os americanos, que invadiram o Iraque em busca de petróleo e mais poder, ou os iraquianos, que se viram invadidos e perderam tudo? Não nego que Saddam era um ditador, logo uma ameaça, alguém que merecia uma severa punição. Mas tal como vi na televisão há uns dias, um iraquiano dizia que, se antes da invasão o Iraque tinha um ditador, hoje existiam centenas. Esta é uma referência clara à ocupação do território por grupos terroristas e fundamentalistas, que encontraram no Iraque a guerra das suas vidas.

Depois, outra questão de fundo, é a da acção das tropas americanas sobre os presos políticos. Neste ponto, penso que todos já viram as imagens de torturas diversas nas prisões criadas para os supostos terroristas, apesar de estar provado que muitos não o são. Mas é sempre mais fácil generalizar; pelo menos para um povo como o americano, bastante inculto a meu ver; é muito mais fácil ver na televisão que a Guerra no Iraque é um sucesso, que a paz estará garantida e que os “maus” vão ser todos castigados. Que autoridade é esta? Quem tem poder, deve saber usá-lo e fazer-se fazer respeitar. E isto não significa atacar outros países.

O Iraque está totalmente destruído. Morreram muitos inocentes. O fim deste conflito vai tardar; quando acabar, muito provavelmente, os EUA sairão como derrotados. Aliás, este prolongamento da guerra já é prova disso; devem apenas estar a arranjar uma forma de sair com alguma dignidade. Mas estão enganados, já não há dignidade nenhuma que os desculpabilize. Por outro lado, não queiram confundir Guerra do Iraque com Bush, porque não é esse senhor quem decide sozinho. Aos olhos de todos, parece muito mais fácil desculparem o que está a acontecer, ao passar-se a imagem de que só existe esta guerra porque o presidente dos EUA é meio tolo. É uma ideia muito errada; ele não tem poder nenhum; é um fantoche nas mãos de outros dirigentes políticos, militares, e, sem dúvida, económicos. O problema desta guerra está nos dirigentes americanos, no geral, nos homens de poder e, não, em Bush. Iluda-se quem quiser.

Soraia disse...

Se a estupidez pagasse imposto...

Bem para começar quero dizer que este é um assunto que deveria envergonhar os americanos.

Esta decisão foi completamente errada, e não é preciso ir muito longe para termos consciência disso. Basta darmos “uma vista de olhos” pelos números, que nos dão conta de milhares de mortos, quer soldados americanos, que deixaram as suas famílias para irem para a frente de combate, quer de civis iraquianos.

Como é sabido por todos, “Quem vai à guerra, dá e leva” e na guerra não há vencedores, pois de uma forma ou de outra acabam todos por perder. Só uma pessoa inculta, “burra” e mentirosa, pode afirmar que a guerra no Iraque foi um êxito, quando vemos diariamente notícias que mostram o contrário. O Iraque está um caos, está tão mal como estava quando os EUA tiveram a brilhante ideia de intervir. O Iraque será uma segunda guerra do Vietname, pois os EUA não podem estar no Iraque eternamente, um dia terão de sair e ou muito me engano ou sairão de forma humilhante, deixando o país muito pior do que estava. Penso que esta decisão de os EUA declararem guerra ao Iraque, denegriu a sua imagem (que já não era muito famosa), perante a Comunidade Internacional, que passou a ver os EUA como um país que só se preocupa com dinheiro e petróleo, e que nenhuma das suas intervenções é feita a pensar em ajudar os povos dos países onde intervêm, mas sim em procurar recursos energéticos.

Quanto ao mundo estar mais seguro, tenho plena certeza que isso não é verdade, pois os EUA intervieram no Iraque com a desculpa de que existiriam lá armas de destruição maciça, algo que nunca foi provado, pois não se encontraram armas algumas. Ora se os EUA intervieram para encontrar essas armas e tirá-las do país e elas não foram encontradas, eles não fizeram nada para aumentar a segurança mundial, pois não existiam armas algumas a temer! Pelo contrário. O mundo está cada vez mais inseguro, como se pode verificar pelos crescentes conflitos regionais, étnicos e pelo despoletar dos fundamentalismos e nacionalismos.

Esta afirmação de Bush, de que a intervenção no Iraque foi um êxito, é completamente ridícula, e só reflecte o seu grau de burrice e falta de carácter.

Se ele pensa que com esta afirmação, vai “atirar areia para os olhos da comunidade internacional” está muito enganado, pois como se costuma dizer, “nós não nascemos ontem”.
Bem, vou terminar antes que comece a dizer tudo o que penso sobre este senhor e sobre todo o mal que a sua governação tem feito ao mundo e aos próprios EUA. Espero sinceramente que um dia ele pague por todo o mal que tem feito ao mundo. Sei que provavelmente é uma Utopia, mas “ o sonho comanda a vida”.

Ps: Paulo tens toda a razão, entre tantas decisões erradas, é difícil eleger a pior, mas certamente que a invasão do Iraque, está no Top Ten, aliás eu diria mesmo que tem grandes probabilidades de chegar ao primeiro lugar.

Pedro disse...

Uma estupidez sem fim…

A Guerra do Iraque representa, no contexto histórico dos E.U.A, mais uma guerra sem sentido onde milhares de soldados e inocentes perderam a vida e deixaram para trás famílias e amigos em nome de um líder político que a meu ver não passa de mais uma fanático da guerra.

Na minha opinião a guerra do Iraque foi a pior entre uma lista gigantesca de erros cometidos pela actual administração Bush.

Esta guerra abalou a economia americana, e como se não bastasse algumas das verbas usadas para financiar esta guerra podiam ter resolvido muitos dos problemas sociais pelos quais uma grande parte da população americana convive no seu dia-a-dia. Essas verbas poderiam ter sido utilizadas para tirar a enorme quantidade de sem-abrigo que vivem nas ruas das grandes cidades Norte-americanas, ajudar as famílias mais carenciadas e ainda mais importante ajudar a resolver os problemas na segurança social e no sistema de saúde Norte-americano.

Quando George W. Bush diz que, “O êxito que está a ser vivido no Iraque é inegável”, deve de estar a gozar com as inúmeras famílias que ainda choram a morte dos seus familiares na guerra, com os pais que choram a morte dos seus filhos, e também com a comunidade internacional que fica chocada com as notícias que todos os dias aparecem na televisão a dizer que morrem crianças, soldados em atentados à bomba.

Aproveito ainda para dizer que fico aliviado que o reinado de terror instaurado pelos oito anos em que George W. Bush esteve na presidência dos E.U.A acabe com a eleição de um novo presidente que dê uma volta de 180º e resolva todo o mal que Bush fez país, porque sinceramente não acredito que haja alguém que seja tão mau líder como Bush.