quarta-feira, 31 de março de 2010

Por Aqui e Por Ali - um livro de Bill Bryson




Acabei de ler um livro bastante interessante escrito por Bill Bryson: "Por Aqui e Por Ali" editado pela Quetzal Editores. A "Walk in the Woods" foi publicado em 1997 e conta a aventura do próprio escritor ao percorrer a pé, com um amigo, aquele que é considerado o maior trilho do Mundo - o trilho dos Apalaches, nos EUA. O trilho tem mais de 3 mil quilómetros, desde o Estado da Geórgia até ao Estado do Maine, e são precisos vários meses para percorrê-lo na íntegra. Um esforço enorme para quem, como o escritor e o seu amigo, tem o hábito de estar sentado e valoriza muito o conforto. O livro é muito divertido, escrito num estilo irreverente e com muito sentido de humor, mas ao mesmo tempo muito crítico relativamente ao modo como o Homem tem vindo a destruir a natureza. Vale a pena ler o livro sobretudo para quem, como eu, gosta de viagens, de fazer caminhadas na montanha e também de se divertir.

Por Aqui e Por Ali
Uma caminha divertida e irreverente pelo maior trilho do mundo
de Bill Bryson
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 300
Editor: Livros Quetzal
ISBN: 9789725646823

terça-feira, 30 de março de 2010

I Gotta Feeling - Vídeo dos estudantes de Comunicação da Universidade do Quebec

Vejam de seguida este interessante videoclip, filmado num só “take” contínuo com 172 estudantes de Comunicação da Universidade do Quebec (Canadá), sincronizado ao som dos Black Eyed Peas, num estilo já conhecido por "Lip Dub". O vídeo foi realizado por Luc-Olivier Cloutier e Marie-Ève Hébert.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Novo START: EUA e Rússia assinam em Abril acordo de redução de armas nucleares


Eis uma boa notícia para este Mundo Global: depois de um período de alguma tensão entre estes dois países, que pareceria conduzir o Mundo a uma nova Guerra Fria, o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, e o Presidente da Federação russa, Dmitri Medvedev, assinam em Praga, no próximo dia 8 de Abril, um novo tratado de redução de armas nucleares que sucede ao velho Tratado Sort assinado em Moscovo no ano 2002. Vejam a notícia do site da RTP:



Medvedev e Obama acordaram numa conversa telefónica esta sexta-feira encontrar-se na capital da República Checa, Praga, para assinar a versão final do Tratado de limitação de forças nucleares.
O Tratado, que sucede ao Start assinado em 1991 e ao de Moscovo assinado em 2002, está essencialmente direccionado para a redução e limitação e limitar as armas estratégicas ofensivas de acordo com nota emitida pelos serviços da Presidência norte-americana.

"O acordo histórico faz progredir a segurança dos dois países e reafirma a a proeminência americana e russa ao serviço da segurança nuclear e da não proliferação mundial", acrescenta-se no mesmo comunicado.
O novo Tratado a assinar no próximo dia 8 de Abril "limitará notavelmente as forças nucleares americanas e russas em relação aos níveis estabelecidos pelo Tratado START assinado em 1991 e pelo Tratado de Moscovo assinado em 2002" afirma a Casa Branca.

O número de ogivas nucleares permitidas pelo novo tratado a cada uma das potências nucleares é de 1.550 ou seja "menos 30% que o limite máximo do Tratado de Moscovo" precisa a presidência norte-americana através do comunicado emitido pelos seus serviços.

O Presidente da Federação da Rússia, Dmitri Medvedev, está satisfeito com o resultado obtido nas negociações sempre duras com os Estados Unidos, já que, "reflectem o equilíbrio de interesses" dos dois países.

A porta-voz da presidência russa, Natalia Timakova, citada pelas agências locais, anunciou que os "dois presidentes felicitaram-se mutuamente pela cooperação" revelada durante as negociações.

Uma vitória diplomática para Barack Obama
A conclusão deste novo Tratado está a ser considerado por analistas norte-americanos como uma vitória diplomática de envergadura pessoal de Barack Obama.

O Tratado a assinar em Praga no próximo dia 8 de Abril "é um conquista de nível histórico que vai aumentar a segurança dos Estados Unidos e dos nossos aliados" vaticinava o Centro Americano de Progresso (CAP).

O texto do acordo reduz a ameaça de uma guerra nuclear, faz avançar a visão do Presidente Obama de um mundo desnuclearizado, e é um resultado tangível" de Barack Obama melhorar as relações com a Rússia, acrescenta o centro.

Jeffrey Lewis é um especialista em armas nucleares da Fundação Nova América. Ao tomar conhecimento do acordo e dos seus termos realça o facto de o acordo "demonstrar que somos sempre capazes de trabalhar tendo em vista o desarmamento". Lewis chama a atenção e relembra que os Estados Unidos não negociavam um Tratado com tal complexidade há uma dezena de anos.

Os Estados Unidos da América e a Federação da Rússia em conjunto têm nos seus arsenais mais de 95% de todas as armas nucleares existentes no mundo.

Os EUA afirmam possuir actualmente 2.200 ogivas cabeças nucleares. Estima-se que por seu lado a Federação Russa possua cerca de 3000, um número que Jeffrey Lewis considera ser exagerado pois na sua opinião as duas potências nucleares aproximar-se-ão em termos de poderia nuclear.

Lewis considera que a principal vitória dos americanos e do seu presidente é de "ter convencido os Russos a manter activas centenas de medidas de verificação que deixaram de funcionar em Dezembro". As medidas estavam incluídas no acordo START de 1991 e que expirou em Dezembro do ano passado.

Estados Unidos reforçados na sua posição face ao Irão e à Coreia do Norte
Miles Pomper é um outro especialista em questões nucleares liagdo ao Centro James Martin para os estudos da não-proliferação. Para ele a conclusão do acordo de limitação de armas nucleares agora conseguido pelas duas nações vai reforçar a posição dos Estados Unidos na próxima cimeira sobre segurança nuclear a realizar em Abril em Washington e na Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação que as Nações Unidas acolhem no mês de Maio.

O exemplo positivo dado pelas duas potências nucleares dará um impulso positivo em particular face ao Irão e à Coreia do Norte para quem na opinião deste especialista será mais difícil resistir às exigências de controle mais estreito dos seus próprios programas nucleares.

Por último mas não menos importante na cena internacional, o especialista do Centro James Martin pensa que a assinatura do acordo em Praga poderá reforçar a determinação da Rússia em aprovar sanções contra o Irão na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Ban Ki-Moon saúda anúncio de assinatura de Tratado

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon já saudou o novo Tratado START cuja assinatura foi anunciada para o próximo dia 8 de Abril em Praga, como "uma importante etapa" rumo a mundo desembaraçado de armas nucleares.

Em comunicado o homem forte da ONU insta todos os países detentores de arsenais atómicos a seguirem o exemplo destes dois países.

"Felicito-me pela conclusão das negociações entre a Federação da Rússia e os Estados Unidos (...) é uma etapa importante nos esforços internacionais para promover o desarmamento nuclear e conseguir um mundo desembaraçado de armas nucleares". Afirma o líder da ONU.

Ki-Moon "felicita" o presidente russo Dmitri Medvedev e norte-americano, Barack Obama, pela sua assunção de responsabilidades" e espera que o novo acordo agora anunciado "dê um importante impulso à conferência sobre um Tratado de Não-Proliferação nuclear" que se realizará em Nova Iorque, em Maio.

O Secretário-Geral das Nações Unidas espera "que o Tratado possa ser ratificado sem atrasos para que possa entrar em vigor imediatamente", e afirma esperar "que a Federação Russa e os Estados Unidos prossigam os seus esforços na busca de outras medidas que visem reduzir e eliminar todas as armas nucleares" acrescentando encorajar "os outros países que possuem armas nucleares a fazer a mesma coisa".



Principais pontos do novo Tratado de Praga

Redução de 74% do número de Ogivas Nucleares detidas por cada um dos países a 1.550 cada o que corresponde a uma diminuição de 30% do número de ogivas por comparação com o Tratado de redução de Arsenais nucleares estratégicos (SORT) assinado em Moscovo em 2002.

Limitação em 800 o número de Vectores (mísseis intercontinentais, a bordo de submarinos e de bombardeiros) usados ou não por cada um dos países;

Limitação e 700 o número de Vectores utilizados;

Escudos Antimísseis: Segundo Washington o texto não impõe nenhuma restrição aos ensaios, desenvolvimento e utilização de sistemas de defesa anti-míssil dos Estados Unidos estejam a decorrer ou, apenas previstas. Tão pouco prevê o novo Tratado qualquer limitação em relação às armas convencionais de longo alcance.

Verificação: O novo Tratado retoma os elementos do START e adapta-os aos novos plafonds. Prevê verificações locais nas instalações nucleares, de trocas de informações assim como notificações recíprocas das armas ofensivas e dos silos nucleares.

Duração do Tratado: O documento terá a duração de 10 anos a contar da data da sua entrada em vigor e poderá vir a ser renovado por um período máximo de cinco anos. Uma cláusula prevê que cada parte possa retirar-se do Tratado.

Entrada em Vigor: O Tratado entra em vigor após a ratificação pelos Parlamentos dos dois países. A entrada em vigor do novo Tratado revoga automaticamente o Tratado SORT assinado em Moscovo em 2002.

Fonte: http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=EUA-e-Russia-assinam-em-Abril-acordo-de-reducao-de-armas-nucleares.rtp&article=331239&visual=3&layout=10&tm=7 (26 de Março)

Duplo ataque suicida no metro de Moscovo causa 36 mortos


Vista aérea da estação de metro de Park Kultury, em Moscovo - uma das atingidas pelo duplo atentado terrorista de 29 de Março. @EPA


Duas bombistas suicidas fizeram-se explodir esta manhã, em plena hora de ponta, no metropolitano de Moscovo, causando a morte a pelo menos outras 36 pessoas e deixando mais de 70 feridas, no mais grave ataque terrorista na Rússia em seis anos.O atentado não foi ainda reivindicado por qualquer grupo, mas as autoridades apontam como suspeitos mais prováveis os rebeldes oriundos do norte do Cáucaso, onde a Rússia continua a combater uma cada vez mais forte rebelião islamista. Vejam a notícia do Público on line publicada hoje.



O Presidente russo, Dmitri Medvedev, asseverou já que a luta contra o terrorismo vai prosseguir “até ao fim”, dando ordem pronta para reforçar a segurança em todos os sistemas de transporte do país. “A política de repressão do terror e a luta contra o terrorismo vão continuar. Vamos manter as operações contra os terroristas sem cedências, sem hesitações, até ao fim”, afirmou à saída de uma reunião de emergência, de acordo com a agência noticiosa RIA Novosti.

O atentado ocorreu na hora de ponta da capital russa, com a primeira explosão a dar-se às 7h52 (hora local, mais três horas em Portugal) quando o comboio subterrâneo se encontrava parado na estação de Lubianka, uma das de maior afluência, bem perto do quartel-general dos Serviços Federais de Segurança (FSB, agência sucessora do KGB).

Cerca de 40 minutos mais tarde, pelas 8h36 locais, dava-se a segunda explosão, numa outra composição parada, mas na estação do Parque de Kulturi, a seis paragens de distância de Lubianka .

“Foram duas bombistas suicidas que levaram a cabo estes ataques”, garantiu o presidente da câmara de Moscovo, Iuri Luzhkov. A mesma tese foi reiterada em comunicado emitido pelos FSB.

Medvedev mantém-se em linha de contacto de urgência com o chefe dos FSB, Alexandre Bortnikov, assim como com o ministro das Situações de Emergência, Serguei Choiguou. O primeiro-ministro, Vladimir Putin, que se encontra numa visita oficial à Sibéria, está igualmente a ser mantido ao correr dos desenvolvimentos, informavam as agências noticiosas russas.

O atentado não foi ainda reivindicado por qualquer grupo, mas as autoridades apontam como suspeitos mais prováveis os rebeldes oriundos do norte do Cáucaso, onde a Rússia continua a combater uma cada vez mais forte rebelião islamista. A procuradoria-geral abriu desde já um inquérito com o estatuto de investigação de terrorismo, logo após os peritos forenses terem encontrado o cadáver de um das bombistas suicidas.

No topo da lista de suspeitos está mais que seguramente o líder rebelde Doku Umarov – cuja rebelião quer impor um emirado islâmico na região do Norte do Cáucaso. Umarov ameaçou levar o combate dos insurgentes até às cidades russas, numa entrevista divulgada a 14 de Fevereiro passado ao website islamista www.kavkazcenter.com. “O derramamento de sangue não se limitará mais às nossas cidades e vilas [no Cáucaso]. A guerra vai até às cidades deles”, disse então.

Os líderes russos declararam com pompa e circunstância há cerca de ano e meio a vitória na batalha contra a rebelião separatista tchetchena – retirando do território a maior parte do seu contingente militar.

Mas, apesar de a violência ter diminuído significativamente naquela república da Federação Russa, os ataques dos rebeldes intensificaram-se desde então nas regiões vizinhas do Daguestão e Inguchétia, onde uma série de clãs rivais mantém uma arreigada luta pelo controlo e poder com grupos criminosos e militantes islamistas.

Passageiros em debandada de pânico

As câmaras de segurança – e cujas filmagens estão disponíveis na internet – mostram os cadáveres das vítimas na estação de Lubianka, assim como o azáfama das equipas de socorro em volta dos feridos, muitos com gravidade. As autoridades calculam que tenham morrido aqui 24 pessoas, e mais outras 12 em Kulturi.

“Estava a subir para as escadas rolantes quando ouvi a explosão, enorme. Uma porta junto à passagem ficou destruída, foi arrancada da parede e uma nuvem de pó varreu o ar”, descreveu um dos passageiros ao canal de televisão local Rossia 24. “As pessoas desataram a correr em todas as direcções, em pânico, caindo umas sobre as outras”, prosseguiu.

Todas as passagens de acesso àquela linha metropolitana foram bloqueadas pela polícia, mas as restantes linhas do enorme sistema de comboios subterrâneos da capital – por onde circulam uns 8,5 milhões de passageiros por dia – continuam a funcionar. As autoridades da aviação deram, por seu lado, ordem para um aumento dos protocolos de segurança nos aeroportos, temendo novos ataques.

O balanço actual de vítimas é o mais grave num atentado em Moscovo desde 6 de Fevereiro de 2004, quando um bombista suicida tomou por alvo também a rede de metropolitano da capital russa, fazendo-se explodir numa composição em circulação entre as estações de Avtozavodskaia e de Paveletskaia: causou a morte de 41 pessoas e deixou mais de 250 feridas. As autoridades atribuíram então a responsabilidade a rebeldes tchetchenos.

Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/duplo-ataque-suicida-em-moscovo-causa-36-mortos_1429921

Nem a crise económica trava corrida internacional ao armamento


O último relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) concluiu que nem a crise económica global trava a corrida internacional ao armamento e que a China e Índia estão mais contidas, mas mantêm liderança nas compras e que, por outro lado, os EUA, Rússia e a UE são os principais fornecedores. Vejam de seguida o artigo desenvolvido pelo jornal Público sobre este relatório.


Há uma corrida às armas na Ásia e na América do Sul, e, ainda que em menor escala, no Médio Oriente. Em África moram também importantes clientes de armamento convencional, uma indústria em que os compradores até podem ir variando, mas os grandes vendedores são quase sempre os mesmos.

É isso, e mais, que diz o último relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri). O estudo confirma que no período 2005-2009 as vendas aumentaram 22 por cento face aos cinco anos anteriores, apesar da crise, e que a distribuição regional se manteve relativamente estável, com a região Ásia-Oceânia como principal compradora, seguida por Europa, Médio Oriente, Américas e África. Os aviões de combate representam 27 por cento do volume de transacções, refere o estudo do Sipri, que desde 1966 faz o levantamento dos movimentos de armas convencionais, caso de aviões, blindados, artilharia, sensores, mísseis, navios ou submarinos. As armas ligeiras e munições não estão incluídas.

"Estados com recursos compraram quantidades consideráveis de aviões de combate a preços elevados. Os países vizinhos reagiram a essas aquisições com as suas próprias en- comendas", observa Paul Holtom, responsável pelo programa de acompanhamento da transferência de armas do Sipri. "As encomendas e entregas dessas armas potencialmente desestabilizadoras levaram a uma corrida ao armamento em regiões onde reina a tensão: Médio Oriente, Norte de África, América do Sul, Ásia do Sul e Sudeste asiático", assinala o relatório.

O trabalho do instituto não regista os fluxos financeiros reais das operações. Para elaborar as suas tabelas, o Sipri compara períodos de cinco anos e calcula o valor dos equipamentos tendo em conta o seu "poder militar". "É uma forma de comparar a uma escala global, uma vez que algumas armas são vendidas a "preço de saldo" em alguns países e como "bens de luxo" noutros", explicou ao PÚBLICO a directora de comunicação do Sipri, Stephanie Blenckner. O instituto fez até 2007 estimativas de custos, mas abandonou essa prática, até porque informação rigorosa é coisa que muitos governos não fornecem. As tendências e variações percentuais registadas permitem, no entanto, identificar fluxos de armamento e pólos de tensão no globo.

A China e a Índia abrandaram as compras, em 20 por cento e sete por cento, respectivamente, mas continuam a ser os dois grandes compradores mundiais. Mas outros países seguiram a tendência inversa. Foi o caso de Singapura, Estados Unidos, Paquistão ou Malásia, que nos últimos anos reforçaram os investimentos em equipamento militar. O grupo dos cinco principais compradores - em que à China e Índia se juntam Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul e Grécia - foi responsável por 32 por cento do total das aquisições, uma quota ligeiramente menor do que os 38 por cento do quinquénio anterior.

Riscos de desestabilização

Os países agrupados na categoria Ásia-Oceânia importaram 41 por cento das armas convencionais, o que representa uma subida de 11 por cento face a 2000-2004. Para o Nordeste asiático foram vendidas 46 por cento do total de armas compradas na região, contra 27 por cento da Ásia do Sul e 20 por cento do Sudeste asiático.

Entre os dez principais importadores mundiais cinco são asiáticos: à China e Índia somam-se a Coreia do Sul, na terceira posição, Singapura, na sétima, e Paquistão, na décima. No Sudeste asiático as compras quase duplicaram, com alguns países a registarem crescimentos astronómicos: 722 por cento a Malásia, 146 Singapura, 84 a Indonésia. Singapura tornou-se no primeiro estado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) a integrar a lista de maiores compradores de armas desde o fim da guerra do Vietname, nos anos 1970, destaca o Sipri.

A "vaga de aquisições pode desestabilizar a região, pondo em causa décadas de paz", afirma o especialista do instituto em Ásia, Siemon Wezeman. Analistas citados pelo Financial Times e pela BBC vêem o crescimento das compras de armamento na região como uma resposta ao poderio da China e associam-no a receios de que as disputas territoriais possam assumir um carácter bélico.

A Europa recebeu 24 por cento das armas transaccionadas, uma ligeira quebra percentual face aos 25 por cento do período anterior, mas mantém-se como segundo grande bloco importador. E nela é a Grécia o principal receptor, ainda que tenha descido da terceira para a quinta posição mundial. A transferência de 26 aviões de combate norte-americanos F-16C e de 25 Mirage-2000-9 franceses representou por si só 38 por cento das importações de Atenas, tradicional grande comprador devido à histórica tensão com a vizinha Turquia.

Os países das Américas ficaram com 11 por cento das importações globais, percentagem equivalente à dos cinco anos anteriores. Os Estados Unidos são o maior cliente do continente, oitavo na tabela global, o que não é uma surpresa. Mas foi na América do Sul que, com um crescimento de 150 por cento sobre o período anterior, se registou o salto mais significativo. O Chile, com aquisições recentes de tanques alemães e aviões de combate brasileiros, surge como o principal comprador da região, décimo terceiro na tabela global. Mas a Venezuela, o Brasil e o Peru têm também estado muito activos. "Há sinais de com- petição na compra de armas na América do Sul. Isto mostra que precisamos de mais transparência e medidas de confiança para reduzir a tensão na região", comentou Mark Bromley, investigador do Sipri e especialista em América Latina.

O Médio Oriente, destino de 17 por cento das armas transaccionadas, registou um aumento de 22 por cento nas importações. Uma análise mais fina mostra que o principal cliente na região, quarto a nível mundial, foram os Emirados Árabes Unidos, com 33 por cento, seguidos de Israel, com 20, e Egipto, com 13. O Irão surge num discreto vigésimo nono lugar, mas foi o segundo maior cliente da China, tendo-lhe comprado, segundo dados complementares divulgados pela agência AP, mais de mil mísseis terra-ar e terra-mar e meia centena de veículos de combate.

África representa uma fatia de sete por cento no negócio de armas convencionais, um por cento a mais do que nos cinco anos precedentes. A Argélia, com 43 por cento das compras do continente e presença no top ten mundial, e a África do Sul, com 28 por cento, são os grandes importadores. O terceiro cliente de armas convencionais é o Sudão, com cinco por cento do total. Os fluxos de armas para zonas instáveis mantêm-se: Chade e Quénia são, além do Sudão, destinos referenciados pelo Sipri, que faz eco de rumores de que parte do equipamento enviado para este último país teria como destino final o Governo do Sul do Sudão.

Os conflitos locais levaram a que sete dos 12 embargos a vendas de armas aprovados no ano passado pelas Nações Unidas, muitos com uma eficácia duvidosa e frequentemente violados, visassem países africanos. "Em diversos casos, volumes relativamente pequenos de armas fornecidas a países da África subsariana tiveram um forte impacto nas dinâmicas dos conflitos regionais", lembra o instituto.


João Manuel Rocha

Fonte: http://jornal.publico.pt/noticia/27-03-2010/nem-a-crise-economica--trava-corrida-internacional-ao-armamento-19075958.htm

sexta-feira, 26 de março de 2010

Leonard Cohen + Jeff Buckley + John Cale - Hallelujah

No dia em que terminam as aulas do 2º período e começam as férias da Páscoa, deixo-vos três momentos musicais sublimes que correspondem a três versões bem distintas da belíssima canção Hallelujah, composta pelo grande poeta e cantor canadiano Leonard Cohen. Na primeira é o próprio compositor, Leonard Cohen, que interpreta; na segunda temos a versão mais intimista do cantor americano Jeff Buckley; a última, talvez a mais sofisticada, é a versão cantada pelo galês John Cale.

Qual das três versões será a mais sublime?


Leonard Cohen: Hallelujah

PozLotus Vídeo do MySpace



Jeff Buckley - Hallelujah

Toni Vídeo do MySpace


John Cale


"Hallelujah"

Now I've heard there was a secret chord
That David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this
The fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you
To a kitchen chair
She broke your throne, and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

Baby I have been here before
I know this room, I've walked this floor
I used to live alone before I knew you.
I've seen your flag on the marble arch
Love is not a victory march
It's a cold and it's a broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

There was a time you let me know
What's really going on below
But now you never show it to me, do you?
And remember when I moved in you
The holy dove was moving too
And every breath we drew was Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

You say I took the name in vain
I don't even know the name
But if I did, well really, what's it to you?
There's a blaze of light
In every word
It doesn't matter which you heard
The holy or the broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

I did my best, it wasn't much
I couldn't feel, so I tried to touch
I've told the truth, I didn't come to fool you
And even though
It all went wrong
I'll stand before the Lord of Song
With nothing on my tongue but Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah

Boas Férias e Boa Páscoa para todos!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mercados de rua na cidade do Porto

Mercado de rua de Porto Belo na Praça de Carlos Alberto, no Porto


Artesanato urbano, velharias, doces, objectos de design, roupa pouco tradicional e muita animação, são o mote para um roteiro através dos novos mercados de rua que durante o último ano se afirmaram como uma forma alternativa de viver e comprar na cidade, reflexo da sua vitalidade e do seu contributo crescente para a dinamização e rivitalização do centro histórico da invicta.

Para o próximo Sábado, 27 de Março – “dia nacional dos centros históricos” e “dia mundial do teatro” – os 4 novos mercados de rua organizaram um roteiro especial de compras no centro do Porto, ao qual se juntam diversas iniciativas de restaurantes, de música, de cinema, animação itinerante, performances diversas … a descobrir num revigorante dia com a cidade na ponta dos pés.

1. Mercado Porto Belo
Praça Carlos Alberto, 14-19h
Todos os sábados à tarde, ponto de encontro de selos, postais e compotas, louças velhas e roupas jovens, jóias antigas, peças de autor, livros antigos, doces e vinho.

2. Mercadinho dos Clérigos
Rua Cândido dos Reis, 14-22h
No último sábado de cada mês, feira com peças de autor, artesanato urbano, objectos decorativos, gastronomia, roupas, antiguidades, produtos biológicos, flores, livros, música, etc.

3. Feiras Francas
Palácio das Artes (Largo S. Domingos), 10-24h
No último sábado de cada mês, mostra e venda de produtos de jovens criadores, permitindo ao público tomar contacto com o processo de criação, bem como a apresentação de performances nas áreas da dança, teatro e música.

4. Flea Market
Maus Hábitos (Rua Passos Manuel 178), 16-19h
No primeiro sábado de cada mês, venda e troca de artigos em segunda mão, aberto a todo o tipo de produtos: roupas, livros, discos, cd, entre outros.

terça-feira, 23 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

The Voca People - um novo vídeo ao vivo

Fiquem com um momento musical muito divertido dos Voca People com uma rapsódia de canções conhecidas cantadas acapella.

Obama faz história com aprovação da reforma da saúde


Finalmente uma grande vitória política para Barack Obama e para os americanos mais desfavorecidos. Ao fim de pouco mais de um ano na Casa Branca, o Presidente Barack Obama pode reclamar um extraordinário feito político que escapou aos seus antecessores nos últimos cem anos: a assinatura da mais profunda reforma do funcionamento do sistema de saúde norte-americano, que aproxima os Estados Unidos da cobertura universal em termos de cuidados médicos. Vejam a notícia do Público on line de hoje:



Pondo fim a um conturbado processo iniciado quase imediatamente após a tomada de posse de Obama, a maioria democrata da Câmara de Representantes votou ontem à noite para concretizar aquela que foi uma das promessas centrais da sua candidatura e a sua principal prioridade de política doméstica. Em bloco, a oposição republicana votou contra.

“Esta noite, depois de todos terem dito que não era possível, provámos que somos capazes de fazer grandes coisas e responder a grandes desafios. Respondemos à chamada da história e demonstrámos que o nosso governo funciona a favor de todos os americanos”, declarou Barack Obama, numa declaração na Casa Branca no final do processo, já quase à meia-noite.

Com 219 votos, os congressistas democratas aprovaram a proposta de reforma redigida e votada pelos seus contrapartes do Senado no final de 2009, e acrescentaram-lhe uma série de emendas, de forma a harmonizar a legislação produzida em ambas as câmaras do Congresso com os requerimentos da Casa Branca.

O resultado implica uma profunda reformulação do sistema de saúde, que hoje representa um sexto da economia americana, com um valor anual de 2,5 milhões de milhões de euros, ou seja, cerca de 16 por cento do Produto Interno Bruto.

“Não teríamos chegado aqui sem a extraordinária visão e liderança do Presidente Barack Obama. Temos de lhe agradecer o seu constante apoio e compromisso pessoal para a aprovação da reforma”, declarou a “speaker” do Congresso, Nancy Pelosi, cuja acção foi instrumental para garantir os votos necessários entre a diversa e indisciplinada maioria democrata.

“Este voto é histórico. Estamos a juntarnos à galeria da leis mais importantes para o progresso social dos Estados Unidos, a criação da Segurança Social [em 1935, por Franklin Roosevelt] e do Medicare [em 1965, por Lyndon Johnson]”, enumerou.

“Sei que este não foi um voto fácil para muita gente, mas foi o voto correcto”, retribuiu Barack Obama, que empenhou todo o seu capital político no processo – e passou o domingo a telefonar aos congressistas mais recalcitrantes para se certificar que a vitória não lhe escaparia.

Desde o republicano Theodore Roosevelt, que tomou posse em 1901, vários Presidentes norte-americanos colocaram a reforma do sistema de saúde como uma das suas prioridades: Harry Truman, Dwight Eisenhower, John F. Kennedy, Gerald Ford, George H. Bush e mais recentemente tanto Bill Clinton como George W. Bush. Mas nenhum deles conseguiu levar a sua avante.

A lei que Barack Obama vai assinar não alcança ainda a cobertura universal da população, mas alarga o sistema de forma a conter 95 por cento da população. Mais de 32 milhões de americanos que actualmente não dispõem de acesso a consultas, exames e tratamentos serão integrados na rede, que se manterá essencialmente na mão de fornecedores privados.

A partir de 2014, o governo obrigará todos os adultos a ter um seguro de saúde, ou através das apólices de grupo oferecidas pelos empregadores (e que hoje são a forma privilegiada de acesso ao sistema para cerca de 85 por cento da população) ou um mercado individual.
As famílias que tenham rendimentos superiores ao limiar da pobreza, mas que mesmo assim não disponham de recursos para suportar os custos dos seguros, terão acesso a subsídios governamentais. E as pequenas e médias empresas que cobrirem os seus funcionários serão recompensadas com créditos fiscais.

A nova legislação estabelece ainda novas regras para a actividade das companhias de seguro – e os efeitos dessas provisões serão tangíveis mesmo antes da entrada em vigor da reforma, daqui a quatro anos. Por exemplo, as seguradoras não poderão mais unilateralmente cessar as apólices como forma de evitar pagamentos nem impor um tecto máximo para reembolsos de despesas. Também deixarão de poder recusar clientes com base no seu histórico de saúde, garantindo que pessoas que já sofreram acidentes, foram submetidas a cirurgias ou que se debatem com doenças crónicas sejam incluídas nas apólices.

A factura a pagar pelo governo federal ascende aos 940 mil milhões de dólares nos próximos dez anos, de acordo com a avaliação do independente Gabinete de Orçamento do Congresso. A reforma é sustentada financeiramente através de um misto de poupanças com cortes e reajustes em programas federais e da recolha de novas receitas fiscais. Simultaneamente, contribuirá para a diminuição do défice federal em 143 mil milhões de dólares até 2020.

A minoria republicana lamentou a passagem da lei como “um erro de proporções históricas”, criticando a expansão das responsabilidades do governo na regulação dos prestadores de cuidados de saúde como uma redução dos direitos e da liberdade de escolha dos doentes.

Os conservadores alegam que a maioria do Congresso actuou contra a vontade da grande maioria da população americana, que segundo argumentam está absolutamente contra esta lei. As sondagens apontam para a divisão do eleitorado – 48 por cento opõem-se à lei, 45 por cento estão a favor e sete por cento não têm opinião, segundo os números da Gallup.
A sua expectativa é que a oposição à reforma (e de maneira geral, às iniciativas do Presidente Barack Obama) os coloque numa posição de vantagem para a vitória nas eleições intercalares do Congresso de Novembro.

Terão uma nova oportunidade para obstruir as medidas dos democratas na terça-feira, quando o pacote de emendas aprovadas na Câmara de Representantes voltar ao Senado, para ser votado, não em plenário mas antes seguindo o processo de reconciliação, que exige apenas uma maioria simples de 51 votos.

Numa declaração divulgada imediatamente após a votação de domingo, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, garantiu que a sua bancada está preparada para “completar o trabalho e concluir este esforço histórico”.

Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/obama-faz-historia-com-aprovacao-da-reforma-da-saude_1428713

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mais de 800 milhões vivem em bairros de lata e a tendência é para aumentar

Bairro de lata em Djakarta, Indonésia


O mundo tem, cada vez mais, manchas gigantescas de barracas. Quase 830 milhões de pessoas vivem em bairros de lata, quando, há dez anos, não chegavam a 770 milhões. Sem medidas radicais, a tendência de crescimento vai continuar e em 2020 serão 889 milhões a residir em aglomerados precários, sem condições mínimas.

O diagnóstico é traçado no relatório "O estado das cidades no mundo 2010-2011: reduzir a fractura urbana", ontem divulgado pela agência ONU-Habitat, a poucos dias do V Fórum Mundial Urbano, que se realiza na próxima semana, no Rio de Janeiro.

O crescimento da população que habita em concentrações urbanas sem condições básicas torna pouco relevante o esforço que a agência das Nações Unidas reconhece que os governos têm vindo a fazer: o trabalho desenvolvido permitiu que, na última década, 227 milhões de pessoas deixassem os bairros de lata, ou que os bairros de lata deixassem de o ser.

Explique-se: ainda que essas pessoas permaneçam nos mesmos lugares, estes deixaram de estar classificados na categoria "bairro de lata", porque os alojamentos em que vivem são agora de melhor qualidade e têm acesso a serviços básicos, como distribuição de água e saneamento.

A melhoria de condições de mais de 22 milhões de pessoas por ano ultrapassou em 2,2 vezes a meta fixada nos Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento, mas a realidade revela que isso é muito pouco para diminuir as manchas de barracas: na última década, 55 milhões de pessoas afluíram a esses aglomerados, engrossando a população urbana do planeta, calculada em 3,49 mil milhões de pessoas - uma pessoa em cada duas.

"Mais inaceitável que nunca"


"Os esforços para reduzir o número de habitantes dos bairros de lata e reduzir a fractura urbana, que é mais inaceitável que nunca, não são satisfatórios nem suficientes", confirma o estudo. "O crescimento urbano é mais rápido do que a taxa de melhoria de condições dos bairros de lata", explicou Gora Mboupa, co-autor do relatório, citado pela agência AFP.

O aumento da população dos bairros de lata é explicado em 50 por cento pelo crescimento natural da população residente, em 25 por cento pelas migrações do campo para a cidade e noutros 25 por cento pela afluxo de quem antes morava em zonas periféricas das grandes cidades.

China e Índia, os dois países mais populosos do mundo, são elogiados pelos seus esforços. O caso chinês é apresentado como "o mais espectacular", por terem sido melhoradas as condições de habitação a 65,3 milhões residentes urbanos na última década, o que fez baixar a população dos bairros de lata de 37,3 por cento para 28,2. A Índia melhorou as condições de habitabilidade a 59,7 milhões de pessoas desde 2000 e baixou a proporção dos moradores em barracas de 41,5 por cento em 1990 para 28,1 este ano.

Indonésia, Vietname, Turquia, Marrocos, Egipto, Argentina, Colômbia, México e Brasil são outros países que têm feito progressos importantes. "Os dados mostram que há países que, quando crescem e se desenvolvem economicamente, reduzem a proporção da população que habita em bairros de lata. É uma mensagem muito importante para o mundo em desenvolvimento", disse Eduardo Moreno, da ONU-Habitat.

O estudo da ONU-Habitat lembra que "nenhum país conseguiu nunca um crescimento económico sustentado e um rápido desenvolvimento social sem urbanização" e observa que as "vantagens competitivas" das cidades são maiores nos países em desenvolvimento, devido à debilidade das infra-estruturas e comunicações no resto do território.

Em 2005, as 25 principais cidades do planeta representavam aproximadamente 15 por cento do produto interno bruto (PIB) mundial e as cem maiores eram responsáveis por um quarto da riqueza produzida.

O relatório revela exemplos em que uma só cidade contribui com grande parte da riqueza nacional: Seul cria quase metade do PIB da Coreia do Sul, Budapeste e Bruxelas são responsáveis por cerca de 45 por cento da produção da Hungria e Bélgica, respectivamente.

Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/mais-de-800-milhoes-vivem-em-bairros-de-lata-e-a-tendencia-e-para-aumentar_1428362


O Homem como um palácio industrial

O corpo humano visto pelos engenheiros.

Um clip animado baseado num poster elaborado por Fritz Kahn: Der Mensch als Industriepalast [O Homem como um palácio industrial] de 1926.

Vale a pena ver com atenção todos os pormenores! Espectacular!

terça-feira, 16 de março de 2010

Deolinda - Movimento Perpétuo Associativo

A propósito do "post" anterior e da necessidade que muitos cidadãos norteamericanos sentem de reunir e discutir os problemas que afectam o país e encontrar soluções, lembrei-me da canção dos Deolinda "Movimento Perpétuo Associativo" que, como todos sabem, é extremamente irónica e crítica quanto à força de vontade dos portugueses serem interventivos na sociedade.

Americanos juntaram-se para a Coffee Party


Hoje gostava de vos falar de uma ideia muito interessante que acaba de nascer nos EUA. Este fim-de-semana, em mais de 350 cidades, centenas de pessoas encontraram-se num café da sua cidade para debater ideias. Trata-se de um movimento de cidadãos, independente, que já é conhecido por "Coffee Party". Para ficarem a saber um pouco mais da filosofia deste movimento leiam a notícia de ontem do "Público".

Mark Hightower esperava umas quatro ou cinco pessoas sentadas a uma mesa de café, mas deparou-se com uma sala completamente cheia de gente, alguns já empunhando cartolinas desenhadas com palavras de ordem. "É a prova de que as pessoas estão mesmo interessadas em discutir soluções para os assuntos que as preocupam, sejam eles locais, nacionais ou até internacionais", comenta.

Foi essa a razão que levou este gestor de projectos de Washington a envolver-se com o Coffee Party, não um partido, mas um movimento independente e descentralizado que reclama o regresso da civilidade ao debate político americano e o fim das estratégias obstrucionistas que impedem o desenvolvimento do país.

A ideia é que quando as pessoas se sentam e discutem calmamente as questões que as preocupam, não só conseguem ultrapassar as suas diferenças como são capazes de encontrar melhores soluções para problemas complexos - sejam eles a reforma do sistema de saúde, as alterações climáticas ou a promoção da igualdade.

"Eu diria que pelo menos 80 por cento dos americanos querem ser ouvidos, mas gritar não adianta. Os confetti e o ruído não conduzem a nenhum resultado, assim é impossível ter uma conversa racional", considera. "E infelizmente os media só contribuem para promover a confusão, concentrando a atenção em tudo o que é negativo".

Nascido há pouco mais de um mês num dos subúrbios de Washington DC, o Coffee Party começou por ser uma mensagem de desabafo deixada na página do Facebook de Annabel Park, uma documentarista. "Vamos juntar-nos, tomar um café e ter um debate político verdadeiro, com substância e compaixão", escreveu.

Em seis semanas, a sua página foi convertida no Coffee Party e já conta com mais de cem mil membros, todos com vontade de "fazer a sua parte". "Eu nunca estive envolvido na política nem quero estar. Não sou um activista, sou apenas alguém disposto a fazer a minha parte. Quero poder encontrar-me com os meus líderes políticos e ter um diálogo produtivo com eles. Assim eles vão saber o que eu espero deles e eu vou saber o que eles se propõem fazer por mim", explica Mark Hightower.

Este fim-de-semana, em mais de 350 cidades americanas, centenas de pessoas fizeram precisamente o que Annabel sugeriu: encontraram-se num café da sua cidade para conhecer aqueles que se tornaram "seguidores" do Coffee Party e estão dispostos a contribuir para o movimento.

No Potter"s Café, uma livraria e café no bairro de Adams Morgan, um dos locais mais diversos da capital, juntou-se quase uma centena de pessoas. "Eu não conhecia nenhuma delas", esclarece Mark, o responsável pela convocatória.

Tinham várias idades e as mais diferentes origens. Alguns descreviam-se como "progressistas", outros como "idealistas" e outros ainda como "desiludidos". Nenhum daqueles com quem o PÚBLICO falou alguma vez votou no Partido Republicano, mas nem todos votam no Partido Democrata - Kevin, por exemplo, é um fiel eleitor do Partido Verde do advogado Ralph Nader. Alicia está registada como independente, mas a sua ideologia é mais libertária: "O discurso dos dois principais partidos é tão polarizado que não consigo identificar-me com nenhum deles", explica.


Contra os slogans agressivos


Os media norte-americano classificaram o Coffee Party como a antítese do Tea Party - o movimento conservador de protesto contra a expansão da intervenção do Governo que rebentou há cerca de um ano, com a aprovação do pacote de estímulo económico do Presidente Barack Obama.

Mas as comparações com o Tea Party são algo que este grupo de pessoas rejeita em absoluto. Não só elas não partilham da mesma ideologia - o Coffee Party, afinal, reconhece a importância do investimento do Estado -, como sobretudo discordam da sua metodologia. "Gritar slogans agressivos em comícios só contribui para alimentar a polarização e o ruído que divide as pessoas e paralisa os políticos", refere Hightower.

"A nossa atitude não é de nós contra eles. Nós não somos contra alguma coisa, somos a favor de qualquer coisa. Esse é precisamente o problema da política americana actual, e é essa a nossa frustração. Ninguém é linear e o mundo não é a preto e branco", prossegue.

Fonte: http://jornal.publico.clix.pt/noticia/15-03-2010/americanos-juntaramse-para-a-coffee-party-18993798.htm


Site oficial do movimento: http://www.coffeepartyusa.com/

sábado, 13 de março de 2010

Bullying sobre professores


Infelizmente, o tema do bullying continua na ordem do dia. Depois de se ter falado nos conflitos entre alunos, agora também se fala no bullying dos alunos sobre os professores. O suicídio, há dias, de um professor de uma escola de Sintra, alegadamente por não aguentar mais a indisciplina dos seus alunos, mostra-nos até que ponto a indisciplina chegou em muitas escolas portuguesas. Mesmo que o professor pudesse ser psicologicamente débil, como algumas pessoas referem, não se pode branquear uma situação muito grave de contínua falta de respeito, com insultos, humilhações e violência física a que este professor foi sujeito por parte de alguns dos seus alunos, em total impunidade.

O bullying sobre professores existe em muitas escolas, com maior ou menor gravidade. Os professores andam, de um modo geral, muito cansados e desanimados pois, para além do excesso de trabalho (muitas vezes sem resultados satisfatórios), da falta de reconhecimento do seu trabalho, por parte do Ministério da Educação e da própria sociedade, têm ainda que aguentar, em muitos casos, com um ambiente hostil da parte de muitos alunos desmotivados, que não têm educação nem respeito pelas pessoas mais velhas, rejeitando qualquer forma de autoridade e de disciplina. Por outro lado, a indisciplina impede que os alunos que são de facto interessados aprendam e progridam. É a própria Escola Pública que vê o seu futuro posto em causa, já que muitos pais (com maior ou menor sacrifício) vão preferindo pôr os seus filhos em colégios privados, onde estas situações de indisciplina não ocorrem, pelo menos com esta gravidade, e onde poderão ter mais sucesso escolar. Assim, inevitavelmente, as escolas públicas vão perdendo os seus melhores alunos, tornando-se cada vez mais difícil criar um ambiente propício ao trabalho e à aprendizagem. É o futuro deste país que também está em causa.

Fiquem com a notícia que o jornal Público publicou hoje sobre este caso do suicídio de um professor de uma escola do concelho de Sintra:


Na Escola Básica de Fitares, em Rio de Mouro, Sintra, continua a imperar o silêncio. Mas agora vem acompanhado de apreensão. De ainda mais medo. Muitos docentes olham para o caso do professor de Música que se suicidou e revêem-se no seu desespero. Luís atirou-se da Ponte 25 de Abril a 9 de Fevereiro por não aguentar a indisciplina dos alunos. Não era caso único. Era a ponta de um novelo que, ao ser desenrolado, revela histórias de professores agredidos por alunos e pais. Insultos verbais. O último caso grave aconteceu na semana passada. Uma professora de Educação Visual desmaiou depois de ter sido empurrada pelos alunos. Teve um traumatismo craniano.

A família do professor Luís admite que "poucos, perante o mesmo problema, reagiriam desta forma" - o suicídio. Contudo, a sua irmã, também docente, questiona "quantos professores não se encontram neste momento de atestado médico ou a leccionar no limite das suas forças, por situações semelhantes?" Descreve o irmão como alguém "solitário, sensível e psicologicamente frágil" e com "dificuldade em se impor". Mas insiste: "Será que um professor tem que ser um super-homem? Qualquer um, independentemente das suas características, não tem o direito a ser respeitado?"

Os desabafos fazem parte de uma carta que enviou em Fevereiro ao Conselho Pedagógico da escola, presidido pela directora da instituição, Cristina Frazão. Não teve resposta. Fez questão de dirigir a carta ao órgão. Queria que a falta de apoio às participações de alunos feitas por Luís (pelo menos sete) fosse o ponto de partida para uma "reflexão profunda" sobre a indisciplina. Mas a carta não passou das mãos da directora. Na Inspecção-Geral da Educação estão também pelo menos três queixas. A família aguarda agora os resultados do inquérito que o Ministério da Educação decidiu ontem abrir, depois de o director regional de Educação de Lisboa ter visitado a escola. À saída, José Leitão esclareceu que o objectivo é perceber se o suicídio foi uma consequência do bullying e afirmou que Luís apresentaria "uma fragilidade psicológica desde há muito tempo". Estava na escola desde Setembro. Não aguentou seis meses de angústia. Não suportou a ideia de ouvir novamente que era um "cão" ou um "careca". Não queria voltar a ser empurrado e a cair em público.

"Não foi só ele. Eu já fui empurrado, uma professora já desmaiou duas vezes. É constante e a direcção nada faz com as queixas e as pessoas têm medo", contou ao PÚBLICO, sob anonimato, um dos docentes da escola. "Há umas semanas uma funcionária foi empurrada nas escadas por um aluno do 5.º ano. Contamos os dias para a reforma e quando temos oportunidade mudamos de escola", disse outro docente.

Quando se suicidou, Luís estava há poucos dias de atestado, a conselho do seu psicólogo e da directora. "Recentemente e em consequência do stress inerente à sua actividade profissional, nomeadamente questões de indisciplina e mesmo ocorrências sentidas como actos de desrespeito por parte de alguns alunos, verifica-se um claro agravamento do seu quadro clínico", lê-se num relatório do psicólogo.

A história é de Luís e da escola mas os sindicatos asseguram que traduz a realidade. O secretário-geral da Federação Nacional de Professores assume que são raros os casos extremos. Mário Nogueira atribui a situação à anterior tutela do ME por ter ajudado a "denegrir" a profissão de professor. "O pior que pode acontecer neste caso é desvalorizar-se a situação e dizer-se que só aconteceu porque era frágil. As pessoas não são frágeis. Têm momentos de fragilidade e é preciso agir preventivamente." Opinião semelhante tem o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação que diz que o que aconteceu a Luís pode ser vista como "uma doença profissional".

Na escola, Luís pouco falava. Guardava para si o seu sofrimento. Óscar Soares, do grupo de professores contratados do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, a que Luís também pertencia, recorda-o como alguém que "se envolvia, entusiasmava e reflectia sobre as coisas". Filomena Serrão trabalha na Câmara de Oeiras (onde o professor colaborava no boletim) e conheceu-o noutros tempos no Coro de Santo Amaro de Oeiras. "Uma pessoa muda muito em 20 anos mas recordo-o como um flautista fantástico. Nos últimos tempos cruzei-me pouco com ele, mas nada fazia prever isto."

Mas Luís deixou avisos. "Em relação ao suicídio só tenho uma coisa a opor: será justo que os bons vão embora e fiquem cá apenas os medíocres?" Deixou a frase no seu computador.


O mesmo jornal publicou, em complemento, algumas estatísticas relativas a situações de violência em escolas portuguesas. Os números são muito preocupantes. Podem ler a notícia aqui.

Fonte: Público, 12 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

Parque Nacional de Arusha, Tanzânia


A propósito do livro de Paul Therroux, referenciado no post anterior, fiquem com uma foto da National Geographic de um casal de girafas no Parque Nacional da Arusha, na Tanzânia. Belíssimo!...

Viagem por África - um livro de Paul Therroux


Acabei de ler o livro "Viagem por África" escrito por Paul Terroux, um escritor norteamericano que gosta de fazer grandes viagens. Paulo Theroux, autor de «A Costa do Mosquito» e de "O Velho Expresso da Patagónia" (que li no ano passado), na altura com cerca de 60 anos, decidiu fazer a viagem que todos diziam impossível. Do Cairo à cidade do Cabo, desceu pelo Nilo, atravessou o Sudão, a Etiópia, o Quénia, o Uganda, a Tanzânia, o Malawi, Moçambique, o Zimbabué e a África do sul. De barco, a pé, por comboio e canoa, usando todos os meios que conseguia para se deslocar, cruzou-se com a pobreza, a corrupção, o radicalismo, o racismo e a generosidade. Tendo como objectivo regressar à escola onde dera aula há quarenta anos atrás(no Malawi), deixa-nos um relato de beleza, perigo e fabulosas histórias de pessoas e sobrevivência. Paul Theroux decidiu partir e ver, com os seus próprios olhos, a África que todos descreviam de forma tão negativa. Tendo partido do Cairo em direcção à África do Sul, encontrou um continente mais pobre e corrupto. Ao caos e terror de algumas regiões contrapôs-se ainda assim a força e beleza da África em que vivera nos anos 60. O humor negro e o sarcasmo de Paul Theroux fazem deste livro uma crítica social aos ex-colonizadores que tentaram passar a sua cultura às ex-colónias, mas que no fundo nunca tentaram nem se interessaram por compreender as gentes e os costumes riquissímos dos nativos destes países. É extremamente crítico em relação à forma como as ONG, dos países desenvolvidos, actuam em África, contribuindo, na opinião do autor, para a inacção e para a eterna dependência deste continente em relação ao exterior. É um livro muito bom e imprescindível para compreendermos a situação actual do continente africano.


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 568
Editor: Livros Quetzal
ISBN: 9789725647295
Colecção: Viagens

quinta-feira, 11 de março de 2010

Terapia do elogio


Queria partilhar convosco um texto muito interessante do psicólogo brasileiro Arthur Nogueira sobre a importância do elogio nas relações humanas:

Terapia do elogio

Terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente pesquisa que chegou às seguintes conclusões: os membros das famílias estão cada vez mais frios, mais distantes, existe cada vez menos carinho, valoriza-se cada vez menos as qualidades, só se ouvem críticas.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgastam-se valorizando os defeitos dos outros.
Por isso, os relacionamentos de hoje não duram.

A ausência do elogio, está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos os homens elogiando as suas mulheres ou vice-versa, não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos elogiando-se; amigos, etc.
Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência são pessoas que têm a obrigação de cuidar do corpo, do rosto.

Essa ausência de elogio tem afectado muito as famílias.
A falta de diálogo nos seus lares, o excesso de orgulho impede que as pessoas digam o que sentem e levam essa carência para dentro dos consultórios. Acabam com os seus casamentos, acabam procurando noutras pessoas o que não conseguem dentro de casa.

Vamos começar a valorizar as nossas famílias, amigos, alunos e subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza dos nossos parceiros ou das nossas parceiras, o comportamento de nossos filhos.
Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho gosta de ser reconhecido, o bom pai ou a boa mãe gostam de ser reconhecidos, o bom amigo quer sentir-se querido, a boa dona de casa valorizada. Enfim vivemos numa sociedade em que cada um de nós precisa dos outros; é impossível um homem viver sozinho, e os elogios são a motivação na vida de qualquer pessoa.

Quantas pessoas, poderá fazer feliz hoje, elogiando de alguma forma?
Comece agora!
Você é uma pessoa maravilhosa!
Tenha um excelente dia!



Arthur Nogueira, psicólogo

Relâmpago em Huntington Beach, Ohio


Foto: James Larkin (National Geographic)


Esta foto de James Larkin foi considerada a foto do mês de Abril da National Geographic. Fantástica!...

Rui Veloso - Anel de Rubi

Voltamos à musica portuguesa, a Rui veloso e ao seu "Anel de Rubi", ao vivo. As letras da canção, de Carlos Tê, são muito bonitas e muito significativas para todos nós que já passamos pela adolescência e por grandes desilusões amorosas. Não se ama alguém que não ouve a mesma canção. A melodia é, igualmente, muito bonita. Às vezes, as canções mais simples são as que chegam mais depressa ao nosso coração!...



Fiquem com as letras da canção:

tu eras aquela
que eu mais queria
pra me dar algum conforto e companhia
era só contigo que eu sonhava andar pra todo o lado e até quem sabe talvez casar
ai o que eu passei só por te amar
a saliva que eu gastei para te mudar
mas ese teu mundo era mais forte do que eu e nem com a força da música ele se moveu.

mesmo sabendo que nao gostavas
empenhei o meu anel de rubi
para te levar ao concerto que havia do rivoli

e era só a ti que eu mais queria
ao meu lado no concerto nesse dia
juntos no escuro de mão dada a ouvir
aquela música maluca sempre a subir
mas tu não ficaste nem meia hora
não fizeste um esforco para gostar e foste embora
contigo aprendi uma grande lição
não se ama alguém que não ouve a mesma canção

mesmo sabendo que nao gostavas
empenhei o meu anel de rubi
para te levar ao concerto que havia do rivoli

foi nesse dia que percebi
nada mais por nós havia a fazer
a minha paixão por ti era um lume
que não tinha mais lenha
por onde arder

mesmo sabendo que não gostavas
empenhei o meu anel de rubi
para te levar ao concerto que havia do rivoli

Carlos Tê

terça-feira, 9 de março de 2010

Benvindo ao Paraíso

Este cartoon foi feito por um médico (julgo que francês) a propósito da pandemia de Gripe A. E tem a seguinte legenda:

- 90 pessoas apanharam a gripe A e toda a gente quer usar máscara;

- 5 milhões de pessoas têm SIDA e ninguém quer usar o preservativo;

- 1 000 pessoas morrem de gripe A num país rico, é pandemia;

- milhões morrem de malária em África, é um problema deles!





segunda-feira, 8 de março de 2010

Palestra: "A Globalização e a (Re)emergência de Conflitos Regionais - Será Possível a Guerra Justa?"


Hoje, os alunos do 12ºI assistiram, durante a aula de Geografia C, a uma Palestra apresentada pela professora Fátima Costa subordinada ao tema: "A Globalização e a (Re)emergência de Conflitos Regionais - Será Possível a Guerra Justa?".

Espero que tenham gostado da palestra e que esta tenha contribuído para uma melhor compreensão dos temas abordados.

Fica aqui a seguinte pergunta: na vossa opinião, existem, de facto, "guerras justas"?

Como complemento, deixo aqui o link ao trabalho de dissertação final do Mestrado em Filosofia - Área de Especialização em Ética e Filosofia Política - da professora Fátima Costa: "Michael Walzer: A Teoria da Guerra Justa e o Terrorismo"

sexta-feira, 5 de março de 2010

Esta cidade não é só para velhos

Foto: ADRIANO MIRANDA


A cidade do Porto tem perdido moradores e envelhecido. O fenómeno nota-se particularmente na Baixa e na zona histórica, onde se sucedem as casas degradadas, ameaçando ruir. Mas também há exemplos que contrariam esta tendência. O jornal Público, que hoje faz 20 anos, publica um trabalho muito desenvolvido sobre o envelhecimento da população do centro da cidade do Porto. Vale a pena perder algum tempo e lêr a reportagem na íntegra:



Olhe-se para onde se olhar, pelas janelas da casa de Teresa vê-se sempre uma cidade de destroços. Na Rua de João das Regras, a escassas centenas de metros do edifício da Câmara Municipal do Porto, o apartamento T2 tem áreas relativamente amplas e vistas sobre a cidade: dominam as casas abandonadas, ameaçando ruir, de telhados derrocados e paredes enegrecidas. É o retrato possível de uma cidade a envelhecer, desertificando-se.

"Está tudo a cair aos pedaços. Choca. É uma pena", resume Teresa Leal, 34 anos, produtora de espectáculos, natural do Marco de Canaveses. Mudou-se para o centro do Porto há quatro anos, para uma casa que os pais tinham comprado há alguns anos. "Aproveitei."

Teresa Leal é, apesar de tudo, um dos novos habitantes que a Baixa da cidade vai conseguindo atrair. Mas, confirma, "há pouca gente nova e a maioria dos vizinhos são pessoas que já cá vivem há muito tempo". Beneficia da proximidade do café do bairro (onde regularmente aparece "o emplastro", um homem que o país inteiro conhece pela sua presença intrusiva nos ecrãs de televisão), da pequena mercearia, mas pouco mais. Quase não estabelece relações de vizinhança numa zona que já foi um típico bairro portuense, mas que se degradou, envelheceu e se descaracterizou, transformando-se no espaço algo hostil que é hoje.

Dez imigrantes por dia

Teresa reconhece que a sua casa pouco mais é do que "um dormitório". "Como não há estacionamento nem tenho lugar de garagem, não posso vir a casa durante o dia", conta. Será esta, aliás, uma das razões que justificam a fraca capacidade de atracção do centro tradicional da cidade (o Central Business District, CBD, conforme vem nos manuais escolares). Wilson Faria, presidente da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, reconhece a dificuldade. "Novos moradores, não há. Há poucas casas a ser construídas nesta zona", diz o autarca. A excepção, admite, são os imigrantes. Nos edifícios antigos da zona parecem ter encontrado habitações com rendas baixas onde podem instalar-se. Notam-se pelo tom da pele e pela língua que falam, e Wilson Faria diz que o fenómeno pode ter também a ver com a facilidade de transporte que o metropolitano gerou. "Passamos, na junta, dez a doze atestados de residência por dia a imigrantes, sobretudo romenos e brasileiros", garante o autarca.

Yasmin Lamas, 22 anos, estudante universitária de Cabo Verde, confirma este afluxo. Mudou-se com outras duas compatriotas para um apartamento da Rua da Boavista, junto à Praça da República, num edifício onde também residiam vários alunos do programa Erasmus (são 2640 este ano na cidade). O barulho dos carros, diz, "é insuportável", mas a casa fica perto da faculdade e a renda dificilmente poderia ser mais convidativa. "É tudo perto, nem sequer tenho que usar transportes para o que preciso de fazer", explica.

É só um exemplo. Mas são casos destes que vão ajudando a mitigar a desertificação do centro do Porto e o envelhecimento gerados pela forte migração para a periferia ocorrida nas últimas décadas (ver caixa).

Na Rua de Miguel Bombarda, se o esvaziamento da cidade permitiu a instalação de galerias de arte, o ambiente arty por elas gerado tem também atraído novos moradores para a zona.

Helena Gonçalves, 38 anos, investigadora, seguiu há três anos o exemplo de alguns amigos que já lá estavam a morar e juntou-se-lhes. "No início há alguma desconfiança por parte dos antigos moradores, que estranham os hábitos diferentes, mas depois isso desaparece", diz.

Maiata, casada e mãe, Helena sempre quisera morar no centro do Porto - para estar perto do cinema e do teatro, das exposições. Encontrou um clima de boa vizinhança e só lamenta que as velhas mercearias vão fechando as portas e, claro, que a falta de estacionamento obrigue a alugar um lugar de garagem. "É uma despesa mensal razoável", queixa-se.

Mais difíceis são, apesar de tudo, as condições no centro histórico da cidade, onde a degradação do património é mais acentuada e a reabilitação avança a um ritmo exasperantemente lento. Disto se queixou, ainda há poucas semanas, em comunicado, o Grupo de Apoio do Bairro da Sé. Disto se queixa também Jerónimo Ponciano, o presidente da Junta de S. Nicolau, freguesia que corresponde à zona da Ribeira. "As casas estão muito degradadas, há muitos edifícios por recuperar e, enquanto isto não mudar, a juventude foge daqui para fora. E não vêm novos moradores", descreve, contando como as suas três filhas casaram e tiveram que procurar casa fora do bairro.

"Quem quer constituir um lar procura uma habitação digna. Isso, aqui, não há", lamenta Ponciano, que aponta o dedo ao "desleixo" dos responsáveis políticos locais e nacionais. "Os prédios que são propriedade da câmara são os que estão em pior estado", diz. O resultado está à vista: "As pessoas são cada vez menos. Os velhos morrem, os jovens fogem", resume Ponciano, secundado por António Oliveira, presidente da Junta da Vitória. "A freguesia continua a envelhecer. Não há novos moradores, só casos pontuais", garante.

"É bom morar na Baixa"

Um desses casos é Cátia Barros, uma bracarense de 33 anos que veio para o Porto estudar há 16 anos e nunca mais abandonou a Baixa. Cenógrafa de profissão, morou nos Poveiros, em Cedofeita, na Batalha e junto ao Rivoli. Agora vive num apartamento na Sé com vista privilegiada para a Ponte D. Luís I e para o casario da zona histórica, numa rua à qual o metropolitano retirou o trânsito. É aqui que os amigos se juntam para ver o fogo-de-artifício na noite de S. João.

"É bom morar na Baixa", garante. Queixa-se também da falta de lugares para estacionar o carro, das multas constantes, da poluição, dos pedaços dos edifícios em ruínas que caem sobre os carros e até da praga de pombas e gaivotas que não permite ter a roupa a secar na varanda. Mas, optimista, diz que as vantagens superam largamente estes inconvenientes. Cátia beneficia das relações de vizinhança que se estabelecem, do facto de ser conhecida nos cafés e nas mercearias e de, por exemplo, lhe virem bater à porta se acontece alguma coisa com o carro. Também pode ir a pé para qualquer lado, inclusivamente à noite, até porque, assegura, nunca sentiu nenhum problema de insegurança, apesar da proximidade de alguns locais de tráfico de droga. "A insegurança da Baixa é um mito urbano", afirma. Tudo visto, repete, "é mesmo muito bom morar na Baixa".

Estudos confirmam envelhecimento

Os olhos vêem, a demografia confirma. Os estudos existentes para a cidade do Porto, baseados em dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística entre os anos de 1991 e 2005, confirmam que "o declínio demográfico e o acentuado envelhecimento da população são os principais traços da evolução do Porto" nos últimos anos, reflectindo a "forte descentralização da função residencial para os concelhos contíguos, bem como a quebra da natalidade".

Os dados estão plasmados num estudo efectuado pela Câmara do Porto, o qual revela que as freguesias do centro histórico e da Baixa são aquelas onde a quebra demográfica mais se tem feito notar. Miragaia perdeu, naquele período, cerca de 40 por cento da população, a Vitória 36,3, a Sé 35,3 e Santo Ildefonso outros trinta por cento. O estudo confirma também a tendência para um forte envelhecimento da população nas zonas centrais, onde os menores de 15 anos chegam, nalgumas freguesias, a representar apenas 4 por cento da população.

O forte fluxo migratório para a periferia, agravado por uma fraca taxa de natalidade, tem contribuído decisivamente para que o processo de declínio demográfico e de envelhecimento se tenha instalado. Em 2005, o INE calculava que o Porto tivesse apenas 233.465 habitantes. A inversão desta tendência, conclui o estudo, "é um desafio exigente, em tempo e recursos, difícil de vencer e que, no actual quadro de atribuições e competências, escapa à intervenção directa do município".

Renovação demográfica

Uma das formas possíveis para aferir a chegada de novos moradores a uma determinada zona da cidade passa pela contabilização dos contadores de água instalados, procedimento praticamente obrigatório para quem chega a uma casa nova. No caso da zona central do Porto, os números fornecidos pela empresa municipal Águas do Porto para os últimos cinco anos confirmam que, apesar do envelhecimento e da desertificação visíveis a olho nu, há sangue novo a chegar, sobretudo às freguesias de Cedofeita e de Santo Ildefonso, que correspondem, grosso modo, ao Central Business District, mas também à Sé, a Miragaia, à Vitória e a S. Nicolau. Em Santo Ildefonso, para uma população estimada em cerca de dez mil habitantes (censos de 2001), foram instalados, nos últimos cinco anos, 1603 contadores de água, apenas relativos a clientes residenciais. Em Cedofeita, onde residem 25 mil pessoas, foram instalados 3385 novos equipamentos, que corresponderão a outras tantas casas habitadas.

Menos significativos, em termos numéricos, são os números relativos aos contadores residenciais instalados nas freguesias do centro histórico: na freguesia da Sé há 491 novos equipamentos para uma população estimada em quase cinco mil habitantes; em Miragaia, onde residiam, em 2001, 2810 pessoas, foram instalados 373 novos contadores; na Vitória, para uma população de cerca de 2700 habitantes, há 324 novos clientes residenciais de água; e em S. Nicolau, com quase três mil habitantes, foram instalados apenas 226 contadores nos últimos cinco anos, revelando o pior desempenho no âmbito da renovação demográfica. A Águas do Porto, refira-se, não regista as idades dos clientes, pelo que não é possível aferir até que ponto os novos moradores correspondem também a uma renovação geracional.


Fonte: http://jornal.publico.clix.pt/noticia/05-03-2010/esta-cidade-nao--e-so-para-velhos-18925062.htm

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Fosso entre ricos e pobres pouco mudou

Foto : Paulo pimenta, Público


Portugal está tão desigual agora como em meados dos anos 90. Nas últimas décadas, o país ficou mais rico, mas nem todos puderam beneficiar da melhoria das condições de igual forma. E o problema não é os pobres estarem mais pobres, mas os ricos estarem ainda mais ricos, trocando as voltas às tentativas de criar uma sociedade inclusiva e agravando-se o fosso entre uns e outros.

Vejam a notícia do Público on line publicada hoje:


Olhando para a evolução dos indicadores, pouco mudou nas últimas décadas. Na verdade a desigualdade na distribuição da riqueza era tão grave em 2008 como em 1997. O coeficiente de Gini (que mede a distribuição dos rendimentos e que é tanto mais grave quanto mais próximo estiver dos 100) apurado para estes dois anos era de 36 por cento. Pelo meio, houve ligeiras oscilações: agravou-se entre 2001 e 2006, e depois reduziu-se ligeiramente, ficando sempre acima da média da União Europeia (29 por cento em 1997 e 30 por cento em 2008).

Os valores alcançados não orgulham ninguém e também não impedem que a realidade nacional saia mal no retrato quando se compara com o resto dos parceiros europeus. Portugal ocupa o segundo lugar, a par da Bulgária e da Roménia, na lista de países onde a distribuição dos rendimentos é mais desigual. Pior só mesmo a Letónia, que apresentava um coeficiente de Gini de 38 por cento em 2008. O resultado mais favorável verificou-se na Eslovénia, considerada o país mais equilibrado na distribuição dos rendimentos de todo o espaço europeu, com um coeficiente de 23 por cento.

" Se compararmos os índice dos últimos 20 anos, o que tem sido feito na redução das desigualdades é muito pouco. Isso tem a ver com a natureza da nossa desigualdade e com as políticas seguidas, mas que somos dos mais desiguais da União Europeia é inquestionável", alerta Carlos Farinha Rodrigues, um dos economistas que mais se têm dedicado ao estudo desta problemática em Portugal.

O motor da desigualdade

Um dos elementos que mais contribuem para a desigualdade são os rendimentos do trabalho. Apesar das melhorias registadas desde meados da década de 90, Portugal continua a ter dos mais elevados níveis de desigualdade salarial no contexto da União Europeia.

O indicador que mede a diferença entre o rendimento líquido recebido pelos 20% que detêm níveis mais elevados de rendimento e o recebido pelos 20% mais pobres tem estado sempre entre os mais altos da Europa. Em 1995, o rendimento auferido pelos 20 por cento mais ricos era 7,5 por cento superior ao auferido pelos 20 por cento mais pobres. Passada mais de uma década, verificou-se uma ligeira melhoria com esse diferencial a chegar aos 6,1 por cento, mas Portugal continua a ser o terceiro país europeu onde a distribuição dos rendimentos do trabalho é mais desigual, muito próximo da Letónia e da Bulgária.

Na raiz deste problema está também, segundo Farinha Rodrigues, o elevado crescimento dos salários mais altos, uma tendência que se tem evidenciado nos anos mais recentes. "Portugal tem, em termos europeus, salários médios bastante baixos, mas não é difícil perceber que qualquer quadro de topo de uma empresa multinacional tem um salário que não é determinado pelo mercado português, o que gera factores de diferenciação muito grandes", exemplifica.

A este fenómeno há ainda que juntar outro, mas no pólo oposto: os trabalhadores que não conseguem com o seu salário garantir condições mínimas de subsistência, o que contribui para o agravamento das desigualdades e dos indicadores da pobreza.

Pensões desiquilibram

Há outros aspectos que também têm contribuído para a manutenção dos elevados níveis de desigualdade em Portugal. As pensões tendiam a reduzir a desigualdade, mas actualmente, fruto de várias políticas, há já pensões "extremamente elevadas", que acabam por desequilibrar os pratos da balança, como lembra o investigador do ISEG.

Carlos Farinha Rodrigues realça ainda que as ligeiras oscilações verificadas ao longo dos últimos anos ao nível da desigualdade são consequência do aumento dos recursos nas famílias mais pobres, fruto das políticas sociais lançadas pelo diversos governos. Contudo as políticas sociais têm uma capacidade limitada na redução das desigualdades, dado que não é esse o seu objectivo principal. É por isso que há economistas que defendem que a redução das desigualdades exige "não somente a melhoria das condições de vida dos grupos sociais mais vulneráveis, mas igualmente uma distribuição mais justa de todos os recursos gerados pela sociedade".

Esta recomendação surge em oposição à dos que defendem que primeiro é preciso criar riqueza para depois a distribuir. Contudo, os dados mostram que o crescimento económico positivo não é, por si, uma garantia de que a distribuição dos rendimentos é feita de forma equilibrada.

Fonte: http://www.publico.pt/Economia/fosso-entre-ricos-e-pobres-pouco-mudou_1425631

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais um caso dramático de bullying


Como já devem ter reparado, o fenómeno do bullying é um dos assuntos que mais me incomoda e revolta. Infelizmente, nos últimos dias mais uma vez se falou neste grave problema que afecta muitas crianças e adolescentes do nosso país: um adolescente de Mirandela atirou-se ao rio Tua depois de repetidas vezes ter sido vítima de agressões de colegas da sua escola. É impressionante constatar que, apesar de todos os casos divulgados pela comunicação social, continuam a ocorrer situações de bulling em muitas escolas sem que estas (direcções)tomem as medidas necessárias para proteger as vítimas e castigar os agressores que, na maior parte dos casos, não passam de covardes "valentões" que se aproveitam da fragilidade das suas vítimas que não sabem defender-se. É por esta razão que sempre que me apercebo nas minhas aulas de situações similares, mesmo que sejam mais "soft" como, por exemplo, comentários agressivos, "bocas", piadas ou brincadeiras estúpidas sistemáticas sobre um mesmo aluno, reajo de imediato com firmeza sobre os responsáveis por estas situações.

Fiquem com a notícia do Publico on line publicada hoje:


Criança que se lançou ao rio Tua era há algum tempo agredida verbal e fisicamente


O conselho executivo da Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, recusa-se a fazer qualquer tipo de comentário ou a prestar declarações sobre a possibilidade de Leandro, a criança de 12 anos que anteontem se lançou ao rio Tua depois de ter sido agredido por colegas, ser vítima de bullying. "Não há ninguém disponível para falar com jornalistas", avisou uma funcionária da escola.

Foi o presidente da Associação de Pais, José António Ferreira, que informou que a escola e a própria Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) já tinham instaurado um inquérito para apurar o que aconteceu dentro daquele estabelecimento escolar e para averiguar a possibilidade do rapaz ser vítima de bullying, como alguns colegas e familiares afirmam.

A avó do Leandro, Zélia Morais, disse ao jornal A Voz do Nordeste que, com alguma frequência, o jovem era agredido verbal e fisicamente, relatando que há cerca de um ano chegou a ser hospitalizado, após ser agredido por colegas de escola, fora daquele estabelecimento. "Bateram-lhe ao pé da estação", conta, e como consequência ficou uma noite internado no Hospital de Mirandela.

José António Ferreira assegura que não há registo de casos de bullying naquela escola e que a criança em causa não está sinalizada. Mas Zélia Morais acrescenta que a mãe do Leandro chegou a ir várias vezes à escola. "Sempre a atendiam muito bem mas depois não faziam nada, como não fizeram", desabafou.

Nesta terça-feira um colega de turma presenciou a agressão: "Foi um rapaz e uma rapariga, namorados, bateram-lhe e ele ficou a chorar", disse, desconhecendo as razões que levaram "os grandes", com 14 ou 15 anos, a agredir o Leandro. "Batiam-lhe às vezes", continuou.

Agresssores identificados

Os supostos agressores já foram identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo na própria escola. Os colegas de turma ontem só tiveram aulas no período da manhã e alguns aproveitaram a tarde para ir espreitar ao rio, acompanhar as buscas e tentar saber se já tinham encontrado o amigo. Alguns não querem falar, outros, sem reservas, confirmam que há um grupo "de três ou quatro" estudantes mais velhos que gosta de se meter com os mais pequenos. Uma versão confirmada por um primo mais velho de Leandro. "É verdade que lhe batiam. Quando eu via, defendia-o", disse. Este jovem acompanhou os últimos momentos de ira do Leandro que, na terça-feira, faltou à aula de Inglês, a última da manhã, e saiu disparado da escola a anunciar que se ia atirar ao rio. "Já queria atirar-se da ponte, eu é que peguei nele", conta, enquanto mexia energicamente as mãos, mostrando algum nervosismo. "Depois desceu pelas escadas, foi ali para o parque de merendas e de repente tirou a roupa e meteu-se na água. Nós vimo-lo a levantar os braços e depois já ia lá em baixo", disse, explicando depois que a correnteza da água depressa afastou das margens o corpo frágil do rapaz.

Três primos e o irmão gémeo do Leandro assistiram a tudo, enquanto gritavam desesperadamente e algumas pessoas que passavam àquela hora na ponte chamaram de imediato os bombeiros.

Leandro frequentava o 6.º ano, o irmão gémeo frequenta o 5.º ano, razão pela qual nem sempre estavam juntos, o que deixava o Leandro, mais tímido e reservado, numa situação de maior fragilidade.

A Coordenadora do Programa de Saúde Escolar do distrito, Manuela Santos, diz que um estudo realizado em 2009, em coordenação com a Universidade do Minho, revela que o fenómeno do bullying existe em todas as escolas da região. "Fizemos inquéritos a 3891 crianças do 1.º ao 6.º ano. Na Luciano Cordeiro 11% das crianças inquiridas afirmaram que já tinham sido vítimas de agressão por parte dos colegas três ou mais vezes".

Graça Caldeiras, a mãe de uma criança de 10 anos que frequenta aquela escola confirmou esta realidade, queixando-se à agência Lusa que o filho está a ser vítima de agressões por parte de colegas, motivo pelo qual a criança se recusa a ir à escola e está a ser medicada e acompanhada por um psicólogo. Ontem mesmo Graça Caldeiras disse que não foi trabalhar para acompanhar o filho em mais uma consulta no psicólogo que conseguiu arranjar no centro de saúde, já que "a psicóloga da escola não tinha tempo para o atender".


Fonte: http://www.publico.pt/Local/crianca-que-se-lancou-ao-rio-tua-era-ha-algum-tempo-agredida-verbal-e-fisicamente_1425434