Como já devem ter reparado, o fenómeno do bullying é um dos assuntos que mais me incomoda e revolta. Infelizmente, nos últimos dias mais uma vez se falou neste grave problema que afecta muitas crianças e adolescentes do nosso país: um adolescente de Mirandela atirou-se ao rio Tua depois de repetidas vezes ter sido vítima de agressões de colegas da sua escola. É impressionante constatar que, apesar de todos os casos divulgados pela comunicação social, continuam a ocorrer situações de bulling em muitas escolas sem que estas (direcções)tomem as medidas necessárias para proteger as vítimas e castigar os agressores que, na maior parte dos casos, não passam de covardes "valentões" que se aproveitam da fragilidade das suas vítimas que não sabem defender-se. É por esta razão que sempre que me apercebo nas minhas aulas de situações similares, mesmo que sejam mais "soft" como, por exemplo, comentários agressivos, "bocas", piadas ou brincadeiras estúpidas sistemáticas sobre um mesmo aluno, reajo de imediato com firmeza sobre os responsáveis por estas situações.
Fiquem com a notícia do Publico on line publicada hoje:
Criança que se lançou ao rio Tua era há algum tempo agredida verbal e fisicamente
O conselho executivo da Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, recusa-se a fazer qualquer tipo de comentário ou a prestar declarações sobre a possibilidade de Leandro, a criança de 12 anos que anteontem se lançou ao rio Tua depois de ter sido agredido por colegas, ser vítima de bullying. "Não há ninguém disponível para falar com jornalistas", avisou uma funcionária da escola.
Foi o presidente da Associação de Pais, José António Ferreira, que informou que a escola e a própria Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) já tinham instaurado um inquérito para apurar o que aconteceu dentro daquele estabelecimento escolar e para averiguar a possibilidade do rapaz ser vítima de bullying, como alguns colegas e familiares afirmam.
A avó do Leandro, Zélia Morais, disse ao jornal A Voz do Nordeste que, com alguma frequência, o jovem era agredido verbal e fisicamente, relatando que há cerca de um ano chegou a ser hospitalizado, após ser agredido por colegas de escola, fora daquele estabelecimento. "Bateram-lhe ao pé da estação", conta, e como consequência ficou uma noite internado no Hospital de Mirandela.
José António Ferreira assegura que não há registo de casos de bullying naquela escola e que a criança em causa não está sinalizada. Mas Zélia Morais acrescenta que a mãe do Leandro chegou a ir várias vezes à escola. "Sempre a atendiam muito bem mas depois não faziam nada, como não fizeram", desabafou.
Nesta terça-feira um colega de turma presenciou a agressão: "Foi um rapaz e uma rapariga, namorados, bateram-lhe e ele ficou a chorar", disse, desconhecendo as razões que levaram "os grandes", com 14 ou 15 anos, a agredir o Leandro. "Batiam-lhe às vezes", continuou.
Agresssores identificados
Os supostos agressores já foram identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo na própria escola. Os colegas de turma ontem só tiveram aulas no período da manhã e alguns aproveitaram a tarde para ir espreitar ao rio, acompanhar as buscas e tentar saber se já tinham encontrado o amigo. Alguns não querem falar, outros, sem reservas, confirmam que há um grupo "de três ou quatro" estudantes mais velhos que gosta de se meter com os mais pequenos. Uma versão confirmada por um primo mais velho de Leandro. "É verdade que lhe batiam. Quando eu via, defendia-o", disse. Este jovem acompanhou os últimos momentos de ira do Leandro que, na terça-feira, faltou à aula de Inglês, a última da manhã, e saiu disparado da escola a anunciar que se ia atirar ao rio. "Já queria atirar-se da ponte, eu é que peguei nele", conta, enquanto mexia energicamente as mãos, mostrando algum nervosismo. "Depois desceu pelas escadas, foi ali para o parque de merendas e de repente tirou a roupa e meteu-se na água. Nós vimo-lo a levantar os braços e depois já ia lá em baixo", disse, explicando depois que a correnteza da água depressa afastou das margens o corpo frágil do rapaz.
Três primos e o irmão gémeo do Leandro assistiram a tudo, enquanto gritavam desesperadamente e algumas pessoas que passavam àquela hora na ponte chamaram de imediato os bombeiros.
Leandro frequentava o 6.º ano, o irmão gémeo frequenta o 5.º ano, razão pela qual nem sempre estavam juntos, o que deixava o Leandro, mais tímido e reservado, numa situação de maior fragilidade.
A Coordenadora do Programa de Saúde Escolar do distrito, Manuela Santos, diz que um estudo realizado em 2009, em coordenação com a Universidade do Minho, revela que o fenómeno do bullying existe em todas as escolas da região. "Fizemos inquéritos a 3891 crianças do 1.º ao 6.º ano. Na Luciano Cordeiro 11% das crianças inquiridas afirmaram que já tinham sido vítimas de agressão por parte dos colegas três ou mais vezes".
Graça Caldeiras, a mãe de uma criança de 10 anos que frequenta aquela escola confirmou esta realidade, queixando-se à agência Lusa que o filho está a ser vítima de agressões por parte de colegas, motivo pelo qual a criança se recusa a ir à escola e está a ser medicada e acompanhada por um psicólogo. Ontem mesmo Graça Caldeiras disse que não foi trabalhar para acompanhar o filho em mais uma consulta no psicólogo que conseguiu arranjar no centro de saúde, já que "a psicóloga da escola não tinha tempo para o atender".
Fonte: http://www.publico.pt/Local/crianca-que-se-lancou-ao-rio-tua-era-ha-algum-tempo-agredida-verbal-e-fisicamente_1425434
Fiquem com a notícia do Publico on line publicada hoje:
Criança que se lançou ao rio Tua era há algum tempo agredida verbal e fisicamente
O conselho executivo da Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, recusa-se a fazer qualquer tipo de comentário ou a prestar declarações sobre a possibilidade de Leandro, a criança de 12 anos que anteontem se lançou ao rio Tua depois de ter sido agredido por colegas, ser vítima de bullying. "Não há ninguém disponível para falar com jornalistas", avisou uma funcionária da escola.
Foi o presidente da Associação de Pais, José António Ferreira, que informou que a escola e a própria Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) já tinham instaurado um inquérito para apurar o que aconteceu dentro daquele estabelecimento escolar e para averiguar a possibilidade do rapaz ser vítima de bullying, como alguns colegas e familiares afirmam.
A avó do Leandro, Zélia Morais, disse ao jornal A Voz do Nordeste que, com alguma frequência, o jovem era agredido verbal e fisicamente, relatando que há cerca de um ano chegou a ser hospitalizado, após ser agredido por colegas de escola, fora daquele estabelecimento. "Bateram-lhe ao pé da estação", conta, e como consequência ficou uma noite internado no Hospital de Mirandela.
José António Ferreira assegura que não há registo de casos de bullying naquela escola e que a criança em causa não está sinalizada. Mas Zélia Morais acrescenta que a mãe do Leandro chegou a ir várias vezes à escola. "Sempre a atendiam muito bem mas depois não faziam nada, como não fizeram", desabafou.
Nesta terça-feira um colega de turma presenciou a agressão: "Foi um rapaz e uma rapariga, namorados, bateram-lhe e ele ficou a chorar", disse, desconhecendo as razões que levaram "os grandes", com 14 ou 15 anos, a agredir o Leandro. "Batiam-lhe às vezes", continuou.
Agresssores identificados
Os supostos agressores já foram identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo na própria escola. Os colegas de turma ontem só tiveram aulas no período da manhã e alguns aproveitaram a tarde para ir espreitar ao rio, acompanhar as buscas e tentar saber se já tinham encontrado o amigo. Alguns não querem falar, outros, sem reservas, confirmam que há um grupo "de três ou quatro" estudantes mais velhos que gosta de se meter com os mais pequenos. Uma versão confirmada por um primo mais velho de Leandro. "É verdade que lhe batiam. Quando eu via, defendia-o", disse. Este jovem acompanhou os últimos momentos de ira do Leandro que, na terça-feira, faltou à aula de Inglês, a última da manhã, e saiu disparado da escola a anunciar que se ia atirar ao rio. "Já queria atirar-se da ponte, eu é que peguei nele", conta, enquanto mexia energicamente as mãos, mostrando algum nervosismo. "Depois desceu pelas escadas, foi ali para o parque de merendas e de repente tirou a roupa e meteu-se na água. Nós vimo-lo a levantar os braços e depois já ia lá em baixo", disse, explicando depois que a correnteza da água depressa afastou das margens o corpo frágil do rapaz.
Três primos e o irmão gémeo do Leandro assistiram a tudo, enquanto gritavam desesperadamente e algumas pessoas que passavam àquela hora na ponte chamaram de imediato os bombeiros.
Leandro frequentava o 6.º ano, o irmão gémeo frequenta o 5.º ano, razão pela qual nem sempre estavam juntos, o que deixava o Leandro, mais tímido e reservado, numa situação de maior fragilidade.
A Coordenadora do Programa de Saúde Escolar do distrito, Manuela Santos, diz que um estudo realizado em 2009, em coordenação com a Universidade do Minho, revela que o fenómeno do bullying existe em todas as escolas da região. "Fizemos inquéritos a 3891 crianças do 1.º ao 6.º ano. Na Luciano Cordeiro 11% das crianças inquiridas afirmaram que já tinham sido vítimas de agressão por parte dos colegas três ou mais vezes".
Graça Caldeiras, a mãe de uma criança de 10 anos que frequenta aquela escola confirmou esta realidade, queixando-se à agência Lusa que o filho está a ser vítima de agressões por parte de colegas, motivo pelo qual a criança se recusa a ir à escola e está a ser medicada e acompanhada por um psicólogo. Ontem mesmo Graça Caldeiras disse que não foi trabalhar para acompanhar o filho em mais uma consulta no psicólogo que conseguiu arranjar no centro de saúde, já que "a psicóloga da escola não tinha tempo para o atender".
Fonte: http://www.publico.pt/Local/crianca-que-se-lancou-ao-rio-tua-era-ha-algum-tempo-agredida-verbal-e-fisicamente_1425434
2 comentários:
Cada vez se fala mais no assunto, o bulling está a propagar-se nas escolas.
Sempre houve confrontos verbais físicos em qualquer escola e em qualquer altura, mas nos nossos dias as diferenças que nos diferenciam das outras pessoas são alvo de chacota por parte dos outros.
Eu penso que essas pessoas que têm esses actos que acabam por ser violentos, que são crianças, adolescentes e ate mesmo adultos com problemas sérios a serem tratados, pois ao fazer ate aqueles comentários despropositados é sinal que não sabem diversificar a sua cultura nem tem personalidade.
Para finalizar, acho que cabe a cada um também não se acanhar e erguer perante a vida e saber-se defender e se alguém vir um caso de bulling não ter medo e denunciar aos superiores seja numa escola, num trabalho ou ate mesmo na rua.
Meus comprimentos, Bom fim de semana.
o fenómeno do bullying não é de agora. Há, e sempre houve, um elemento mais forte capaz de se "aproveitar" de um mais fraco.
O grande problema é que, nos meios mais pobres, famílias menos instruídas, persiste a ideia de que "não faz mal nenhum o rapaz levar umas chapadas lá na escola, é normal, só o faz ficar mais forte" e coisas do género. Daí que, provavelmente, muita gente não dê importância quando um filho/filha se queixa de ser vítima de agressões físicas ou verbais na escola.
Ainda por cima, as crianças e os adolescentes conseguem ser muito cruéis - e as vítimas são normalmente pessoas com baixa auto-estima, com pouca confiança nelas próprias, mais frágeis psicologicamente, pelo que se torna dificil combater o agressor e até mesmo denunciar a situação. Infelizmente, alguns casos são tão desesperantes que as vítimas acabam por escolher este horrível caminho, o do suicídio.
Eu concordo com as novas medidas que se estão a tentar implementar, as de responsabilizar as famílias pelas agressões levadas a cabo pelos alunos. Essa e outra medidas têm de ser tomadas para que se possa prevenir mais mortes como a deste rapazinho.
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