segunda-feira, 29 de março de 2010

Novo START: EUA e Rússia assinam em Abril acordo de redução de armas nucleares


Eis uma boa notícia para este Mundo Global: depois de um período de alguma tensão entre estes dois países, que pareceria conduzir o Mundo a uma nova Guerra Fria, o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, e o Presidente da Federação russa, Dmitri Medvedev, assinam em Praga, no próximo dia 8 de Abril, um novo tratado de redução de armas nucleares que sucede ao velho Tratado Sort assinado em Moscovo no ano 2002. Vejam a notícia do site da RTP:



Medvedev e Obama acordaram numa conversa telefónica esta sexta-feira encontrar-se na capital da República Checa, Praga, para assinar a versão final do Tratado de limitação de forças nucleares.
O Tratado, que sucede ao Start assinado em 1991 e ao de Moscovo assinado em 2002, está essencialmente direccionado para a redução e limitação e limitar as armas estratégicas ofensivas de acordo com nota emitida pelos serviços da Presidência norte-americana.

"O acordo histórico faz progredir a segurança dos dois países e reafirma a a proeminência americana e russa ao serviço da segurança nuclear e da não proliferação mundial", acrescenta-se no mesmo comunicado.
O novo Tratado a assinar no próximo dia 8 de Abril "limitará notavelmente as forças nucleares americanas e russas em relação aos níveis estabelecidos pelo Tratado START assinado em 1991 e pelo Tratado de Moscovo assinado em 2002" afirma a Casa Branca.

O número de ogivas nucleares permitidas pelo novo tratado a cada uma das potências nucleares é de 1.550 ou seja "menos 30% que o limite máximo do Tratado de Moscovo" precisa a presidência norte-americana através do comunicado emitido pelos seus serviços.

O Presidente da Federação da Rússia, Dmitri Medvedev, está satisfeito com o resultado obtido nas negociações sempre duras com os Estados Unidos, já que, "reflectem o equilíbrio de interesses" dos dois países.

A porta-voz da presidência russa, Natalia Timakova, citada pelas agências locais, anunciou que os "dois presidentes felicitaram-se mutuamente pela cooperação" revelada durante as negociações.

Uma vitória diplomática para Barack Obama
A conclusão deste novo Tratado está a ser considerado por analistas norte-americanos como uma vitória diplomática de envergadura pessoal de Barack Obama.

O Tratado a assinar em Praga no próximo dia 8 de Abril "é um conquista de nível histórico que vai aumentar a segurança dos Estados Unidos e dos nossos aliados" vaticinava o Centro Americano de Progresso (CAP).

O texto do acordo reduz a ameaça de uma guerra nuclear, faz avançar a visão do Presidente Obama de um mundo desnuclearizado, e é um resultado tangível" de Barack Obama melhorar as relações com a Rússia, acrescenta o centro.

Jeffrey Lewis é um especialista em armas nucleares da Fundação Nova América. Ao tomar conhecimento do acordo e dos seus termos realça o facto de o acordo "demonstrar que somos sempre capazes de trabalhar tendo em vista o desarmamento". Lewis chama a atenção e relembra que os Estados Unidos não negociavam um Tratado com tal complexidade há uma dezena de anos.

Os Estados Unidos da América e a Federação da Rússia em conjunto têm nos seus arsenais mais de 95% de todas as armas nucleares existentes no mundo.

Os EUA afirmam possuir actualmente 2.200 ogivas cabeças nucleares. Estima-se que por seu lado a Federação Russa possua cerca de 3000, um número que Jeffrey Lewis considera ser exagerado pois na sua opinião as duas potências nucleares aproximar-se-ão em termos de poderia nuclear.

Lewis considera que a principal vitória dos americanos e do seu presidente é de "ter convencido os Russos a manter activas centenas de medidas de verificação que deixaram de funcionar em Dezembro". As medidas estavam incluídas no acordo START de 1991 e que expirou em Dezembro do ano passado.

Estados Unidos reforçados na sua posição face ao Irão e à Coreia do Norte
Miles Pomper é um outro especialista em questões nucleares liagdo ao Centro James Martin para os estudos da não-proliferação. Para ele a conclusão do acordo de limitação de armas nucleares agora conseguido pelas duas nações vai reforçar a posição dos Estados Unidos na próxima cimeira sobre segurança nuclear a realizar em Abril em Washington e na Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação que as Nações Unidas acolhem no mês de Maio.

O exemplo positivo dado pelas duas potências nucleares dará um impulso positivo em particular face ao Irão e à Coreia do Norte para quem na opinião deste especialista será mais difícil resistir às exigências de controle mais estreito dos seus próprios programas nucleares.

Por último mas não menos importante na cena internacional, o especialista do Centro James Martin pensa que a assinatura do acordo em Praga poderá reforçar a determinação da Rússia em aprovar sanções contra o Irão na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Ban Ki-Moon saúda anúncio de assinatura de Tratado

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon já saudou o novo Tratado START cuja assinatura foi anunciada para o próximo dia 8 de Abril em Praga, como "uma importante etapa" rumo a mundo desembaraçado de armas nucleares.

Em comunicado o homem forte da ONU insta todos os países detentores de arsenais atómicos a seguirem o exemplo destes dois países.

"Felicito-me pela conclusão das negociações entre a Federação da Rússia e os Estados Unidos (...) é uma etapa importante nos esforços internacionais para promover o desarmamento nuclear e conseguir um mundo desembaraçado de armas nucleares". Afirma o líder da ONU.

Ki-Moon "felicita" o presidente russo Dmitri Medvedev e norte-americano, Barack Obama, pela sua assunção de responsabilidades" e espera que o novo acordo agora anunciado "dê um importante impulso à conferência sobre um Tratado de Não-Proliferação nuclear" que se realizará em Nova Iorque, em Maio.

O Secretário-Geral das Nações Unidas espera "que o Tratado possa ser ratificado sem atrasos para que possa entrar em vigor imediatamente", e afirma esperar "que a Federação Russa e os Estados Unidos prossigam os seus esforços na busca de outras medidas que visem reduzir e eliminar todas as armas nucleares" acrescentando encorajar "os outros países que possuem armas nucleares a fazer a mesma coisa".



Principais pontos do novo Tratado de Praga

Redução de 74% do número de Ogivas Nucleares detidas por cada um dos países a 1.550 cada o que corresponde a uma diminuição de 30% do número de ogivas por comparação com o Tratado de redução de Arsenais nucleares estratégicos (SORT) assinado em Moscovo em 2002.

Limitação em 800 o número de Vectores (mísseis intercontinentais, a bordo de submarinos e de bombardeiros) usados ou não por cada um dos países;

Limitação e 700 o número de Vectores utilizados;

Escudos Antimísseis: Segundo Washington o texto não impõe nenhuma restrição aos ensaios, desenvolvimento e utilização de sistemas de defesa anti-míssil dos Estados Unidos estejam a decorrer ou, apenas previstas. Tão pouco prevê o novo Tratado qualquer limitação em relação às armas convencionais de longo alcance.

Verificação: O novo Tratado retoma os elementos do START e adapta-os aos novos plafonds. Prevê verificações locais nas instalações nucleares, de trocas de informações assim como notificações recíprocas das armas ofensivas e dos silos nucleares.

Duração do Tratado: O documento terá a duração de 10 anos a contar da data da sua entrada em vigor e poderá vir a ser renovado por um período máximo de cinco anos. Uma cláusula prevê que cada parte possa retirar-se do Tratado.

Entrada em Vigor: O Tratado entra em vigor após a ratificação pelos Parlamentos dos dois países. A entrada em vigor do novo Tratado revoga automaticamente o Tratado SORT assinado em Moscovo em 2002.

Fonte: http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=EUA-e-Russia-assinam-em-Abril-acordo-de-reducao-de-armas-nucleares.rtp&article=331239&visual=3&layout=10&tm=7 (26 de Março)

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