quinta-feira, 6 de março de 2008

À semelhança do que fez o Kosovo

Ossétia do Sul pede à UE, ONU e Rússia que reconheçam a sua independência
05.03.2008 - 11h20 AFP

A Ossétia do Sul, região separatista pró-russa da Geórgia, pediu hoje à Rússia, à ONU e à União Europeia que reconheçam a sua independência, à semelhança do que aconteceu recentemente no Kosovo, avançaram as agências russas. O apelo foi validado por um voto, hoje, no "Parlamento" da Ossétia do Sul, cuja independência unilateral declarada em 1990 não é reconhecida por nenhum país, nomeadamente pela Rússia, precisam as agências russas."O Parlamento da Ossétia do Sul pede ao secretário-geral da ONU, ao Presidente russo e à direcção dos países da União Europeia que reconheçam a independência da república da Ossétia do Sul", indica um comunicado publicado no site do "ministério da informação" da região independentista. A Ossétia do Sul e a Abkhazia, as duas regiões independentistas da Geórgia, advertiram desde o dia 17 de Fevereiro, dia da proclamação da independência do Kosovo, que iriam pedir à Rússia, ao Conselho de Segurança da ONU e à UE que também passassem a reconhecer as suas independências. Depois de terem alertado contra o risco de um "efeito dominó" com o Kosovo, as autoridades russas excluiram o reconhecimento da Ossétia do Sul e da Abkhazia, após a declaração de independência kosovar. O "presidente" da Abkhazia, Serguei Bagapch, anunciou por seu lado à agência russa Interfax que o seu "Parlamento" tomará a mesma atitude - pedir o reconhecimento da independência - até ao final desta semana.Quer a Ossétia do Sul quer a Abkhazia proclamaram as suas independências logo após o final da URSS (em 1990 e 1992, respectivamente), o que tem causado, ao longo dos anos, o confronto com as forças da Geórgia.


Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1321652&idCanal=11 (06/03/08)



Geórgia
Abkhazia pede reconhecimento internacional da sua independência
07.03.2008 - 14h26 AFP


A região separatista pró-russa da Abkhazia, na Geórgia, pediu hoje à comunidade internacional que reconheça a sua independência, declarada unilateralmente após a queda da URSS, avançam as agências noticiosas russas."Após o reconhecimento da independência do Kosovo por um grande número de Estados Ocidentais, a situação geopolítica mudou de maneira significativa e as condições são favoráveis ao reconhecimento da independência da Abkhazia", estimou o "Parlamento" abkhaze numa declaração citada pela Itar-Tass e pela Interfax. O "Parlamento" abkhaze dirige-se, no documento, às duas câmaras do Parlamento russo, à ONU e à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), precisam as agências. O "Parlamento" da Ossétia do Sul, outro território separatista pró-russo na Geórgia, adoptou terça-feira uma declaração similar. A Duma, câmara baixa do Parlamento russo, vai examinar a questão na próxima quinta-feira, no quadro de uma sessão dedicada aos problemas da Comunidade dos Estados Independentes, avançou a Itar Tass."Um dos temas centrar-se-á nos pedidos de reconhecimento de independência da Abkhazia e da Ossétia do Sul recebidos pela Rússia", declarou o primeiro adjunto do chefe da comissão dos Negócios Estrangeiros da Duma, Leonid Sloutski, citado pela Itar-Tass."A Rússia não põe em causa a integridade territorial da Geórgia", precisou, porém, Leonid Sloutski, deixando entender que Moscovo não reconhece os dois territórios. A Abkhazia e a Ossétia do Sul, duas regiões limitrofes da Rússia, proclamaram unilateralmente a sua independência após a queda da União Soviética e desde essa altura que têm lutado pela autodeterminação contra as forças georgianas.

Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1321916&idCanal=11 (07/03/08)

Novos "Kosovos" em perspectiva? Será que se vai confirmar o "efeito de Dominó" de que tanto se falava a propósito da declaração de independência do Kosovo?

9 comentários:

R disse...

Ora bem, confesso que deste assunto pouco sei. O que sei é que se confirma o que se dizia anteriormente; o Kosovo pede a independência e o resto das regiões por todo o mundo que anseiam pela independência também querem. Chegou-se mesmo a falar (em tom de brincadeira ou não) no caso português do arquipélago da Madeira.
Não estou contra a independência da Ossétia do Sul, até porque não sei as razões que a levam a pedir a mesma, mas o que quero dizer é que se forem dar a independência a todas as regiões pelo mundo que a desejam, qualquer dia temos o dobro dos países que existem actualmente e poderemos pensar até no caso da Madeira. O meu amigo Vasco referiu este caso há umas aulas atrás, mas se formos ver pelo rumo que isto está a ir, até poderá ser possível.
A população da Ossétia do Sul quer independência deiam-lha, mas depois não se queixem quando o mesmo assunto nos toca a nós. Talvez esteja a ser injusto, ou talvez não...

Vasco PS disse...

O “efeito dominó” está em marcha. Não tardará, teremos países a declarar a independência unilateralmente, um pouco por todo o mundo, especialmente na Europa, o continente mais dividido. Se estes países tiverem pernas para andar, acho bem. Não existem também microestados no seio da Europa, que são bem aceites, e têm uma boa governação? Então...o que importa é que os povos se organizem segundo os seus princípios. Esta situação não significa, necessariamente, que agora todas as regiões e cidades do mundo vão querer a independência. E pelos vistos, se até já reclamam a sua independência há tanto tempo...por que não?

Quanto à questão da Madeira, o que disse foi mais uma ironia. Antes de chegarem os Portugueses a este arquipélago, não morava lá ninguém a não ser as árvores e os animaizinhos, logo, a cultura ali presente é a portuguesa. Os madeirenses são tão portugueses como os minhotos, os transmontanos ou os alentejanos. O seu problema é acharem-se vítimas do poder centralizador de Lisboa. Mas estão enganados, senão, até o Porto podia pedir a independência; a Madeira, agora que já se encheu de subsídios, que o governo central começa a limitar, quer ser independente para receber os subsídios à sua conta. Nenhum país europeu aceitaria tal situação.

Paulo disse...

De facto, é óbvio, na minha opinião, que o “efeito dominó” se começa a sentir. Era mais que provável que depois da declaração unilateral de independência do Kosovo outros territórios em situação idêntica iriam tentar o mesmo. Isto ainda agora começou!

Como disse num comentário anterior, não sou totalmente a favor da independência do Kosovo, pois sem a ajuda da NATO não conseguiria manter a estabilidade, ainda que seja mínima, no seu território. Contudo, não tenho grandes conhecimentos sobre a situação da Ossétia do Sul, pelo que não posso avançar com uma opinião muito concreta. Se calhar, depois de tantos anos a procurar o reconhecimento da sua independência, talvez a merecessem. Mas penso que, tal como dizem os dois comentários anteriores, que se isto se mantiver assim, vamos passar a contar com muitos mais países, principalmente na Europa, muitos deles sem condições para se aguentarem de pé.

Mas é difícil parar a vontade do povo, e estes territórios vão continuar (ou começar) a reivindicar a sua respectiva libertação. E alguns dos países que apoiaram o Kosovo e reconheceram a sua independência vão com certeza sofrer com isso, como a França ou a Inglaterra, eles próprios com movimentos independentistas internos.
A verdade é que este mundo anda maluco, e vai ser muito difícil pará-lo.

Vasco PS disse...

Parabéns Professor! Passamos a barreira das 3000 visitas! Um sucesso este blog.

Soraia disse...

O tão esperado “efeito dominó”…

Bem, parece que aquilo que se pensou aquando da declaração unilateral da independência do Kosovo, está mesmo a acontecer. A independência do Kosovo, parece ter dado o “empurrãozinho” necessário para que outros países que já há muito lutavam pela sua independência venham agora reclamá-la.
Agora é a vez da Ossétia do Sul e da Abkhazia, duas zonas separatistas da Geórgia, que aquando do desmembramento da ex-URSS, declararam a sua independência unilateralmente, mas esta não foi reconhecida. No entanto, o recente reconhecimento da independência do Kosovo, por parte de alguns países ocidentais, fez com que estas duas zonas separatistas, decidissem que iriam pedir o reconhecimento da sua independência por parte da Rússia, da ONU e da UE. A Rússia já afirmou a sua posição, não querendo reconhecer a independência destas regiões.

Ao nível do Conselho de Segurança da ONU, esta situação poderá ser complicada, pois a Rússia já afirmou que não reconhecerá a independência destas regiões, mas a posição dos EUA ainda não é conhecida.
No entanto, se os EUA tomarem a mesma posição que tomaram face à independência do Kosovo, isto é, reconhecer a independência, haverá aqui um conflito, pois como é do conhecimento de todos, quer os EUA, quer a Rússia, têm direito de veto no Conselho de Segurança, o que poderá fazer com que mais uma vez, a acção da ONU seja condicionada pelas vontades das grandes potências, como já aconteceu anteriormente. Há também que reflectir sobre a possibilidade de muitas outras regiões pedirem o reconhecimento da sua independência, inclusive algumas regiões na Europa, o que provocará grande instabilidade. Concordo com a opinião do meu amigo Vasco, pois de facto, se uma região tiver capacidade para se desenvolver e dar boas condições de vida aos seus habitantes, após a sua independência, acho muito bem que lhes seja concedida.

Penso que a melhor forma de resolver esta situação do efeito dominó, que agora se iniciou, é ter bom senso e conceder a independência somente às regiões que realmente tenham condições para tal. Isto porque todos sabemos que há muitas regiões que se tornaram independentes, mas continuam a depender muito do exterior.
Esta situação do efeito dominó era já há muito esperada e constitui mais um desafio ao bom senso e à forma como se usa a diplomacia para manter a paz no mundo.
Só mais uma coisinha…Em relação à Região Autónoma da Madeira, o Vasco tem toda a razão, ao dizer que o que o Sr. Alberto João Jardim quer a independência para receber subsídios à sua conta. Ele que não se esqueça que há um ditado que diz “Quem tudo quer, tudo perde”.

Ps: Professor, parabéns pela sua excelente avaliação (por uma décima não custava nada darem-lhe o 10). Fico feliz por saber que os comentários dos já “veteranos”comentadores deste blog, contribuíram para a sua excelente nota. Este blog está cada vez melhor e mais interessante. Parabéns a todos que nele participam.

Pedro disse...

A eterna busca da pela independência…

Ora bem cá vamos nós outra vez, depois de toda a confusão causada pela declaração unilateral da independência do Kosovo, agora a Ossetia do Sul e a Abkhazia tentam seguir os seus passos.

É importante referir que estes países depois do desmembramento da ex-URSS declararam independência unilateralmente, mas esta nunca lhes foi reconhecida.
Depois do reconhecimento da independência do Kosovo, por parte de alguns países ocidentais, renasceu a esperança nestas duas regiões separatistas da Geórgia de verem finalmente a sua independência reconhecida.

Para agravar este problema, a Rússia não quer dar independência a estes países (nada que já não se esperasse), e o facto da mesma pertencer ao conselho de segurança da ONU está a tornara a situação ainda mais complicada de resolver.
Os EUA ainda não deram a conhecer a sua opinião o que atrasa todo este processo, e cria um ambiente de mau estar social que pode desencadear muitos problemas internos.

As consequências do tão esperado “efeito dominó” desencadeado pela independência do Kosovo começam a fazer-se sentir e na minha opinião é apenas uma questão de tempo até que outros países da esfera de influência da ex-URSS sigam o exemplo destes países.

Maria Joao disse...

Efeito dominó...


Na minha opinião este tipo de situações apenas contribuem para uma desunião entre os povos, sejam eles da europa, da rússia ou de outra qualquer região do mundo.

Já era de esperar esta situação, uma vez que o Kosovo foi declarado unilateralmente independente.

Assim, outros casos, tais como a região sérvia da Bósnia, que reclama também a sua independência, não me parece que tenha condições para o ser pois está extremamente dividida entre muçulmanos, sérvios e croatas, criando assim, como é óbvio, uma enorme deunião entre o povo, dificultando este mesmo processo assim como, posteriormente a sua governação, dado que há formas de pensar tão opostas.

Outra situação que se arrasta à imensos anos, é a do Chipre, um problema que nunca foi resolvido e continua por resolver.

Já que a Turquia se mostra interessada em aderir à UE, está então na altura de resolver de uma vez por todas a questão do Chipre, pois este está dividido em duas partes, Norte (apenas reconhecida pela Turquia) e Sul (que é, actualmante, um país pertencente à UE).


Daqui a uns tempos, temos o nosso adorado João Jardim a protestar, à sua maneira, expondo um grave problema na sua imaginária nação, que é a independência das ilhas Selvagens, território à muito tempo povoado por tribos Anti-Jardim (lobos marinhos; gaivotas, entre outros).

Nunca se sabe.. nunca se sabe.. políticos como estes surpreendem qualquer pessoa e a qualquer hora xD

Agora falando mais a sério.. este problema (o da independência de várias regiões) torna-se cada vez mais presente nos nossos dias e nem sempre sabemos lidar/comentar essas mesmas situações da melhor maneira..

Declarar a independência a uma região ou povo é uma decisão bastante importante, e não pode nem deve ser feita sem fundamento e razão. Acho que se o povo se mostra unido, de maneira a que, se for declarado independente, consiga levar o seu país por um bom caminho, muito bem.. venha daí a independência, de forma a que os direitos fundamentais sejam respeitados, claro!

Senão, mais vale continuar a estar depende de terceiros por assim dizer.. de modo a evitar novos conflitos.

Vasco PS disse...

"Daqui a uns tempos, temos o nosso adorado João Jardim a protestar, à sua maneira, expondo um grave problema na sua imaginária nação, que é a independência das ilhas Selvagens, território à muito tempo povoado por tribos Anti-Jardim (lobos marinhos; gaivotas, entre outros)."
Maria, sinceramente, amei esta parte. LOOL

Unknown disse...

Efeito Dominó iniciado pela Declaração de independência unilateral do Kosovo…

Eu diria mesmo que as pecinhas do dominó já se estão a empurrar umas às outras, se é que me faço entender. Este efeito foi esperado desde que o Kosovo declarou unilateralmente a sua independência. Agora já deixou de ser apenas esperado e passou a ser uma realidade. A verdade é pura e é a seguinte: se o Kosovo está a tentar porque não tentamos também a nossa sorte. Na minha opinião é este o pensamento que domina naqueles países onde a independência é muito esperada e desejada.

Primeiro o Kosovo em relação à Sérvia, e agora bem perto, a Abkhazia e a Ossétia em relação á Geórgia. O que é certo é que tudo isto, apesar de causar um impacto mundial, (pois toda a gente fica de olhos postos no acontecimento), não tem adiantado de muito estas revoltas e declarações de independência, uma vez que não evoluem de declarações unilaterais para declarações aprovadas por todos os países. Prova disso é que estes dois exemplos, Abkhazia e Ossétia, ainda não viram a sua independência reconhecida por mais nenhum pais, a não ser o seu próprio reconhecimento interno.

Esta situação e estas atitudes preocupam, pois estas regiões que anseiam pela sua independência, acabam sempre por pedir auxílio a quem esta mais perto e a quem pensam que terá poder suficiente para que façam a balança pender a seu favor. Assim, a UE e ONU são obrigadas a prenunciar-se sobre questões muito delicadas que podem provocar problemas e consequentemente a continuação deste já iniciado efeito dominó. Nem sempre é fácil emitir uma opinião em representação destas organizações, pois todo o cuidado é necessário, para que ao resolver os problemas dos outros, não arranjem problemas para eles próprios.

Este efeito dominó, na minha opinião era de todo esperado e as suas consequências não terminarão por aqui. Penso que esta questão ainda vai dar muito que falar.