Obras arrancaram há cerca de um mês e até ao final de Julho deve estar assegurada a cobertura em 14 bairros sociais
São mais de mil quilómetros de cabos de fibra óptica que vão servir de base à rede de nova geração (RNG). Até meados do próximo ano, deverá estar acessível a toda a população da cidade do Porto e será a maior rede da Europa até ao consumidor final com estas características, representando uma verdadeira revolução digital e tecnológica. Isto porque, em suas casas, todos os portuenses vão passar a dispor de um serviço que combina a transmissão de dados, voz e multimédia - o chamado triple play - com uma capacidade de débito que pode ir até aos 100 megabits.As obras arrancaram há cerca de um mês, sendo visíveis em alguns pontos da cidade, tendo-se optado por dar prioridade à cobertura dos bairros sociais e escolas do ensino básico e secundário. Até meados do próximo mês deverá estar já concluída a ligação a 14 bairros, o que representa um total de cerca de 4500 residências. Uma segunda fase de obra, que deverá estar concluída até ao final do ano, levará a rede até às escolas que ficam fora do percurso que liga estes 14 bairros. Só depois arrancarão as obras para servir as restantes zonas do Porto, passando o objectivo final pela cobertura, em quatro anos, de 99 por cento da área da cidade.Além da capacidade e dos potenciais benefícios para particulares e empresas, a principal particularidade desta rede reside no facto de não ser detida ou estar ligada a qualquer das empresas operadoras de telecomunicações. Trata-se de uma iniciativa da Porto Digital, Operador Neutro de Telecomunicações, S.A., uma empresa criada para o efeito pelo grupo DST e a Associação Porto Digital. O investimento ascende a 80 milhões e euros e, à imagem das auto-estradas, trata-se de uma via que pode ser utilizada por qualquer das empresas que operam no mercado das telecomunicações fornecendo serviços aos seus clientes. Além da melhoria da qualidade e da capacidade do serviço, espera-se que traga também vantagens económicas para os consumidores, uma vez que estabelece condições para uma plena concorrência entre os operadores no fornecimento do serviço. Segundo os responsáveis pelo projecto, a linha de fibra óptica é levada até casa dos portuenses, à imagem do que acontece com os serviços de água, gás ou electricidade. Independentemente da futura contratação de qualquer serviço com as operadoras, todos passarão a usufruir gratuitamente do sinal dos quatro canais generalistas de televisão.Além de multiplicar a oferta de canais televisivos (e respectiva qualidade), aumenta também muito significativamente a qualidade e a capacidade do serviço de Internet. Para as operadoras, as vantagens parecem, de igual modo, óbvias, já que, além de deixarem de se preocupar com a instalação e montagem de rede, passam a aceder a um potencial número de clientes muito maior apenas com uma única ligação. Segundo o PÚBLICO apurou, há já contacto avançados com operadoras para a contratação do fornecimento de serviços, tanto ao sector doméstico como empresarial, mas esta é uma matéria sobre a qual para já ninguém quer falar.
Obras mínimas
Apesar de abrangerem toda a cidade, as obras têm um impacto muito reduzido. A rede assenta numa estrutura principal, uma espécie de distribuição em alta que terá dez ou 11 nós de distribuição, seis dos quais estão já em funcionamento. É desta estrutura que partem as ramificações para todas as artérias da cidade (distribuição em baixa), com a respectiva capilaridade até às residências dos potenciais 360 mil utilizadores do serviço.
Para a rede principal, onde é instalado um tubo triplo com apenas 3,5 centímetros de diâmetro, é aberta uma vala com 30 centímetros de largura, por 80 de fundo, enquanto para o grosso das ramificações é necessária uma abertura de escassos dois centímetros para enterrar dois microtubos pelas várias ruas da cidade. Diga-se que um único tubo de oito milímetros pode levar até 24 fibras, tendo cada uma capacidade para entrega do sinal até 64 habitações.
Fonte: http://jornal.publico.clix.pt/
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