Poderão ter morrido "bem mais de cem mil pessoas" no terramoto no Haiti, afirmou à estação de televisão norte-americana CNN o primeiro-ministro do país, Jean-Max Bellerive. A afirmação segue-se às declarações do Presidente, René Préval, que falou da possibilidade de terem morrido milhares de pessoas no sismo, que causou ainda danos "inimagináveis".
Sabia-se já que três milhões de pessoas foram afectadas – ou seja, um terço da população. O tremor de terra – que com magnitude 7.0 foi o pior no país em 200 anos – fez ruir o palácio presidencial, o Parlamento, um edifício da ONU, escolas, hospitais e casas de lata à beira de ravinas. A capital do Haiti, Port-au-Prince, ficou coberta com um manto de poeira de edifícios destruídos.
O Presidente disse ainda que se ouviam gritos de pessoas sob os escombros do edifício do Parlamento, onde ainda estava soterrado o presidente do Senado.
Muitas pessoas dormiram ao relento em Port-au-Prince, temendo que as réplicas fizessem desabar as frágeis paredes ainda de pé. A cidade, onde vivem quatro milhões de pessoas, estava sem electricidade e sem comunicações. Começaram os saques aos supermercados, os detidos de uma prisão libertaram-se e temia-se o regresso à violência política.
O tremor de terra foi uma catástrofe para o Haiti e para a ONU, comentou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. O líder da missão das Nações Unidas no Haiti, o tunisino Hedi Annabi, está desaparecido, tal como o seu número dois, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, disse ainda Ban.
No edifício da ONU trabalhavam normalmente entre 200 a 250 pessoas, essencialmente pessoal administrativo; ontem, estariam no local entre 100 a 150 pessoas. Até agora foram retirados do edifício "menos de dez pessoas, umas mortas, outras vivas", afirmou o subsecretário-geral das Operações de Paz, Alain Le Roy. Mas havia ainda mais de cem desaparecidos.
A missão da ONU no Haiti inclui 7000 tropas de manutenção de paz (o Brasil já anunciou morte de 11 militares, a Jordânia de três; e a China relatou casos de soldados soterrados e desaparecidos), dois mil agentes de polícia internacional, 490 funcionários civis estrangeiros e 1200 funcionários civis locais, afirmou Le Roy, citado no diário brasileiro "Folha de São Paulo".
Obama promete ajuda rápida
"Só agora estamos a começar a ver a dimensão da devastação, mas as informações e imagens que vimos de hospitais que se desmoronaram, de casas destruídas e homens e mulheres a levarem os seus vizinhos feridos pelas ruas são verdadeiramente comoventes", disse o Presidente norte-americano, Barack Obama, prometendo uma resposta rápida da sua Administração ao desastre.
Uma gigantesca operação de emergência está a ser montada, com recursos a chegarem dos Estados Unidos e de países sul-americanos. Organizações de assistência como a Cruz Vermelha já disponibilizaram centenas de milhares de dólares em ajuda e múltiplas organizações humanitárias preparam-se para partir para o país das Caraíbas – um dos mais pobres do mundo, onde 80 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza, com acesso a menos de dois dólares por dia.
Pela noite e madrugada era impossível perceber até que ponto as autoridades locais foram capazes de responder à situação – vários relatos diziam não haver ambulâncias, carros de polícia, de bombeiros ou escavadoras. Um desafio imediato para a assistência internacional era chegar ao país, já que o aeroporto estava fechado – mas reabriu entretanto.
Outro desafio é a manutenção da ordem pública e segurança. Uma força internacional de manutenção de paz, ao serviço da ONU, está no país desde o golpe que levou à expulsão do Presidente Jean-Bertrand Aristide, em 2004. O grosso do contingente militar, de 7000 efectivos, é assegurado pelo Brasil, país que representa o Haiti junto das instituições internacionais. O Brasil teme muitas vítimas entre o seu contingente – até agora foi confirmada a morte de 11 militares e ainda da presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, figura importante que tinha sido, escreve a "Folha de São Paulo", indicada para o Nobel da Paz em 2006.
O Haiti é ciclicamente assolado por desastres naturais. Port-au-Prince foi parcialmente afectada por um sismo de magnitude 6.7 em 1984. Em 2004, mais de três mil pessoas morreram na sequência do furacão "Jeanne", que dizimou a cidade de Gonaives, no noroeste do país. Quatro anos mais tarde, a mesma cidade foi novamente devastada por quatro sistemas tropicais. Desde 2008, os furacões "Gustav", "Hanna" e "Ike" mataram 800 pessoas e causaram prejuízos avaliados em mil milhões de dólares.
Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/sismo-fez-bem-mais-de-cem-mil-mortos_1417662
Sabia-se já que três milhões de pessoas foram afectadas – ou seja, um terço da população. O tremor de terra – que com magnitude 7.0 foi o pior no país em 200 anos – fez ruir o palácio presidencial, o Parlamento, um edifício da ONU, escolas, hospitais e casas de lata à beira de ravinas. A capital do Haiti, Port-au-Prince, ficou coberta com um manto de poeira de edifícios destruídos.
O Presidente disse ainda que se ouviam gritos de pessoas sob os escombros do edifício do Parlamento, onde ainda estava soterrado o presidente do Senado.
Muitas pessoas dormiram ao relento em Port-au-Prince, temendo que as réplicas fizessem desabar as frágeis paredes ainda de pé. A cidade, onde vivem quatro milhões de pessoas, estava sem electricidade e sem comunicações. Começaram os saques aos supermercados, os detidos de uma prisão libertaram-se e temia-se o regresso à violência política.
O tremor de terra foi uma catástrofe para o Haiti e para a ONU, comentou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. O líder da missão das Nações Unidas no Haiti, o tunisino Hedi Annabi, está desaparecido, tal como o seu número dois, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, disse ainda Ban.
No edifício da ONU trabalhavam normalmente entre 200 a 250 pessoas, essencialmente pessoal administrativo; ontem, estariam no local entre 100 a 150 pessoas. Até agora foram retirados do edifício "menos de dez pessoas, umas mortas, outras vivas", afirmou o subsecretário-geral das Operações de Paz, Alain Le Roy. Mas havia ainda mais de cem desaparecidos.
A missão da ONU no Haiti inclui 7000 tropas de manutenção de paz (o Brasil já anunciou morte de 11 militares, a Jordânia de três; e a China relatou casos de soldados soterrados e desaparecidos), dois mil agentes de polícia internacional, 490 funcionários civis estrangeiros e 1200 funcionários civis locais, afirmou Le Roy, citado no diário brasileiro "Folha de São Paulo".
Obama promete ajuda rápida
"Só agora estamos a começar a ver a dimensão da devastação, mas as informações e imagens que vimos de hospitais que se desmoronaram, de casas destruídas e homens e mulheres a levarem os seus vizinhos feridos pelas ruas são verdadeiramente comoventes", disse o Presidente norte-americano, Barack Obama, prometendo uma resposta rápida da sua Administração ao desastre.
Uma gigantesca operação de emergência está a ser montada, com recursos a chegarem dos Estados Unidos e de países sul-americanos. Organizações de assistência como a Cruz Vermelha já disponibilizaram centenas de milhares de dólares em ajuda e múltiplas organizações humanitárias preparam-se para partir para o país das Caraíbas – um dos mais pobres do mundo, onde 80 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza, com acesso a menos de dois dólares por dia.
Pela noite e madrugada era impossível perceber até que ponto as autoridades locais foram capazes de responder à situação – vários relatos diziam não haver ambulâncias, carros de polícia, de bombeiros ou escavadoras. Um desafio imediato para a assistência internacional era chegar ao país, já que o aeroporto estava fechado – mas reabriu entretanto.
Outro desafio é a manutenção da ordem pública e segurança. Uma força internacional de manutenção de paz, ao serviço da ONU, está no país desde o golpe que levou à expulsão do Presidente Jean-Bertrand Aristide, em 2004. O grosso do contingente militar, de 7000 efectivos, é assegurado pelo Brasil, país que representa o Haiti junto das instituições internacionais. O Brasil teme muitas vítimas entre o seu contingente – até agora foi confirmada a morte de 11 militares e ainda da presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, figura importante que tinha sido, escreve a "Folha de São Paulo", indicada para o Nobel da Paz em 2006.
O Haiti é ciclicamente assolado por desastres naturais. Port-au-Prince foi parcialmente afectada por um sismo de magnitude 6.7 em 1984. Em 2004, mais de três mil pessoas morreram na sequência do furacão "Jeanne", que dizimou a cidade de Gonaives, no noroeste do país. Quatro anos mais tarde, a mesma cidade foi novamente devastada por quatro sistemas tropicais. Desde 2008, os furacões "Gustav", "Hanna" e "Ike" mataram 800 pessoas e causaram prejuízos avaliados em mil milhões de dólares.
Fonte: http://www.publico.pt/Mundo/sismo-fez-bem-mais-de-cem-mil-mortos_1417662
Sem comentários:
Enviar um comentário