Mais uma notícia inquietante para o nosso país: a emigração portuguesa voltou a aumentar significativamente. Depois de um período relativamente longo (anos 80 e 90 do século XX) em que a emigração diminuiu e Portugal passou a ser um pais mais de imigrantes do que de emigrantes e que correspondeu a uma fase de desenvolvimento do país, voltamos a emigrar em força. O presidente da Comissão de Especialidade de Fluxos Migratórios, Manuel Beja, julga que é preciso recuar até à década de 1960 para encontrar uma vaga de emigração tão grande em Portugal. É mais um sinal da crise económica e social que o país atravessa e em que a taxa de desemprego continua a subir, atingindo nesta altura os 10,3%.
Vejam a notícia do Público on line de hoje:
"É plausível", admite João Peixoto, da Universidade Técnica de Lisboa. Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos, acha que não.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas estão a virar as costas. Portugal, como quase todos os membros da UE, não faz inquérito de saída. A única hipótese é coligir a estatística dos países de destino, tarefa que o recém-criado Observatório de Emigração já iniciou. Mesmo assim, João Peixoto faz três ressalvas: as estatísticas tendem a não ser comparáveis; a recolha não distingue movimentos temporários de permanentes; e a oferta de emprego não é a que era antes da crise. Muito por força da livre circulação, a nova vaga está concentrada na UE, ou em territórios muito próximos, como a Suíça ou Andorra, nota a coordenadora do observatório, Filipa Pinho. Embora se desbrave caminho na Ásia e em África - com Angola à cabeça.
Manuel Beja dá o exemplo da Suíça. O contingente de cidadãos de nacionalidade portuguesa passou de 173.278 em 2004 para 196.186 em 2008. E, "no ano passado, entravam em média mil por mês". Paradigmático, para Filipa Pinho, é o caso de Espanha: o número de pessoas nascidas em Portugal a residir no país vizinho passou de 71 mil para 136 mil entre 2004 e 2008. Manter-se-á? A taxa de desemprego entre trabalhadores portugueses a residir em Espanha subiu de 4,7 por cento no final de 2007 para 21,89 por cento no final de 2009, revelou o INE espanhol. O exemplo do Reino Unido mostra outro aspecto: o número de nascidos em Portugal passou de 68 mil para 83 mil entre 2004 e 2008. A comunidade ultrapassa os 300 mil nas estimativas consulares de residentes de nacionalidade portuguesa. O que incluirá, atalha Jorge Malheiros, portugueses lusos, descendentes de emigrantes, ex-imigrantes e descendentes de ex-imigrantes.
A culpa não é só do desemprego, que já ultrapassa os 10 por cento, sublinha João Peixoto, que é também membro do Conselho Científico do Observatório da Emigração. Nos anos 90, Portugal vivia um período de crescimento e nem por isso deixou de ter emigração. A culpa é também do diferencial de rendimento entre os portugueses e os outros europeus. E de uma cultura de emigração.
Na década de 60 e na primeira metade de 70, chegavam a sair mais de 100 mil por ano. Por maior que seja a dimensão actual, para Malheiros, não faz sentido comparar. Não só por a geo- grafia da mobilidade ser outra. Também pela forma. As emigrações já não são longas ou definitivas, mas temporárias - por vezes mesmo pendulares: "Nos anos 60, na teoria, a emigração era muito regulada. Agora, as pessoas têm direito a procurar trabalho noutros países da UE. Muitas vezes, saem para prestar serviços específicos e de duração limitada - na construção civil, no turismo, na agricultura. O mercado é muito flexível."
Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/movimento-emigratorio-actual-comparado-ao-da-decada-de-60_1421033
Vejam a notícia do Público on line de hoje:
"É plausível", admite João Peixoto, da Universidade Técnica de Lisboa. Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos, acha que não.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas estão a virar as costas. Portugal, como quase todos os membros da UE, não faz inquérito de saída. A única hipótese é coligir a estatística dos países de destino, tarefa que o recém-criado Observatório de Emigração já iniciou. Mesmo assim, João Peixoto faz três ressalvas: as estatísticas tendem a não ser comparáveis; a recolha não distingue movimentos temporários de permanentes; e a oferta de emprego não é a que era antes da crise. Muito por força da livre circulação, a nova vaga está concentrada na UE, ou em territórios muito próximos, como a Suíça ou Andorra, nota a coordenadora do observatório, Filipa Pinho. Embora se desbrave caminho na Ásia e em África - com Angola à cabeça.
Manuel Beja dá o exemplo da Suíça. O contingente de cidadãos de nacionalidade portuguesa passou de 173.278 em 2004 para 196.186 em 2008. E, "no ano passado, entravam em média mil por mês". Paradigmático, para Filipa Pinho, é o caso de Espanha: o número de pessoas nascidas em Portugal a residir no país vizinho passou de 71 mil para 136 mil entre 2004 e 2008. Manter-se-á? A taxa de desemprego entre trabalhadores portugueses a residir em Espanha subiu de 4,7 por cento no final de 2007 para 21,89 por cento no final de 2009, revelou o INE espanhol. O exemplo do Reino Unido mostra outro aspecto: o número de nascidos em Portugal passou de 68 mil para 83 mil entre 2004 e 2008. A comunidade ultrapassa os 300 mil nas estimativas consulares de residentes de nacionalidade portuguesa. O que incluirá, atalha Jorge Malheiros, portugueses lusos, descendentes de emigrantes, ex-imigrantes e descendentes de ex-imigrantes.
A culpa não é só do desemprego, que já ultrapassa os 10 por cento, sublinha João Peixoto, que é também membro do Conselho Científico do Observatório da Emigração. Nos anos 90, Portugal vivia um período de crescimento e nem por isso deixou de ter emigração. A culpa é também do diferencial de rendimento entre os portugueses e os outros europeus. E de uma cultura de emigração.
Na década de 60 e na primeira metade de 70, chegavam a sair mais de 100 mil por ano. Por maior que seja a dimensão actual, para Malheiros, não faz sentido comparar. Não só por a geo- grafia da mobilidade ser outra. Também pela forma. As emigrações já não são longas ou definitivas, mas temporárias - por vezes mesmo pendulares: "Nos anos 60, na teoria, a emigração era muito regulada. Agora, as pessoas têm direito a procurar trabalho noutros países da UE. Muitas vezes, saem para prestar serviços específicos e de duração limitada - na construção civil, no turismo, na agricultura. O mercado é muito flexível."
Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/movimento-emigratorio-actual-comparado-ao-da-decada-de-60_1421033
Sem comentários:
Enviar um comentário