Futebol: FC Porto é uma marca forte embora com menos impacto do que a Casa da Música ou Serralves
08 de Fevereiro de 2008, 12:50
O FC Porto é uma marca forte, a exemplo do Vinho do Porto, embora com menos impacto do que o Museu de Serralves ou a Casa da Música, foi hoje defendido durante um debate sobre "A Cidade e o Futebol" realizado em Serralves.
O FC Porto e a sua relação com a cidade e a câmara dominaram boa parte das intervenções, que começaram na noite de quinta-feira e terminaram na madrugada de hoje, com o advogado António Lobo Xavier a sustentar que "o futebol não é só turismo".
Considerou tratar-se "do desporto que tem mais potencialidade de progressão, no sentido de ganhar adeptos e espectadores".
Lobo Xavier referiu que "há quem pergunte" na Fundação de Serralves por que é o FC Porto não faz parte da instituição e revelou que Serralves quis que a Gestifute fosse um dos seus fundadores.
O advogado, um dos três vice-presidentes da Fundação de Serralves, falava durante uma conferência sobre "O Futebol e a Cidade", a primeira do ciclo "Olhares Cruzados sobre o Porto" que a Universidade Católica do Porto e o diário PÚBLICO programaram para este mês.
Jurista, gestor, comentador político e membro do Conselho Consultivo do FC Porto, Lobo Xavier interveio na conferência como "comentador", juntamente com o geógrafo urbano Álvaro Domingues.
Os jornalistas Bruno Prata, do PÚBLICO, e Carlos Daniel, da RTP, encarregaram-se da apresentação e moderação, respectivamente.
Ao dar o exemplo da Gestifute, empresa detida pelo empresário Jorge Mendes, Lobo Xavier realçou tratar-se de uma empresa do universo do futebol que é "considerada pelos observadores uma mais avançadas no mundo na gestão de carreiras e imagem" de futebolistas.
Do portfolio da Gestifute fazem parte jogadores como Cristiano Ronaldo, Deco e Ricardo Quaresma.
"Serralves quis que a Gestifute fosse uma das suas fundadoras", revelou Lobo Xavier.
O advogado revelou também que ainda hoje se discute em Serralves por que é o FC Porto não integra aquela instituição ligada ao universo das artes.
"O problema é que se discute o futebol como um negócio negro, com má fama, muito embora a mais recente campanha oficial de promoção turística de Portugal utilize figuras como José Mourinho e Cristiano Ronaldo, ambos famosos, vencedores e bem sucedidos", frisou Lobo Xavier.
O geógrafo urbano Álvaro Domingues notou que há "uma tensão por revolver" entre a Câmara Municipal do Porto e o principal clube da cidade, que começou com a eleição do social-democrata Rui Rio para presidente da autarquia em 2001.
Rui Rio rompeu com o FC Porto, quebrando assim as relações estreitas que a autarquia e o FC Porto mantiveram nos anos 90, quando o PS e Fernando Gomes/Nuno Cardoso governaram a cidade.
O que Rio inaugurou, disse Álvaro Domingues, foi "um discurso político construído contra o futebol".
Para Lobo Xavier, que nunca mencionou o nome do autarca do PSD, trata-se de "uma marca política de uma estratégia que funcionou" e que "não foi tal mal sucedida quanto isso do ponto de vista eleitoral".
Álvaro Domingues entende, no entanto, que essa estratégia teve "necessidade de construir uma ruptura com o passado", tendo como princípio uma "mentalidade calvinista virtuosa".
"Mas o que é certo é que esse registo pega", concluiu.
Domingues defendeu que "os clubes deviam ter maior visibilidade social", como acontece nomeadamente na Argentina.
Lobo Xavier entende, no entanto, que "o FC Porto não precisa da câmara municipal para nada, mas que pode reclamar, em nome da cidade uma não hostilidade".
O advogado sublinhou que lhe "custa a ideia de que o sucesso do FC Porto seja indiferente para a cidade".
Lobo Xavier disse mesmo "não perceber que a cidade do Porto possa ser vendida como produto turístico sem o FC Porto ao lado".
No entanto, o advogado também defendeu que o FC Porto deve manter-se "desligado de combates regionalistas" e "procurar o maior êxito possível, o que significa fazer adeptos".
"O clube não ganha nada em ser utilizado como instrumento, não devendo participar em coisas que provocam conflitos e tensões", frisou.
AYM.
Lusa
O FC Porto e a sua relação com a cidade e a câmara dominaram boa parte das intervenções, que começaram na noite de quinta-feira e terminaram na madrugada de hoje, com o advogado António Lobo Xavier a sustentar que "o futebol não é só turismo".
Considerou tratar-se "do desporto que tem mais potencialidade de progressão, no sentido de ganhar adeptos e espectadores".
Lobo Xavier referiu que "há quem pergunte" na Fundação de Serralves por que é o FC Porto não faz parte da instituição e revelou que Serralves quis que a Gestifute fosse um dos seus fundadores.
O advogado, um dos três vice-presidentes da Fundação de Serralves, falava durante uma conferência sobre "O Futebol e a Cidade", a primeira do ciclo "Olhares Cruzados sobre o Porto" que a Universidade Católica do Porto e o diário PÚBLICO programaram para este mês.
Jurista, gestor, comentador político e membro do Conselho Consultivo do FC Porto, Lobo Xavier interveio na conferência como "comentador", juntamente com o geógrafo urbano Álvaro Domingues.
Os jornalistas Bruno Prata, do PÚBLICO, e Carlos Daniel, da RTP, encarregaram-se da apresentação e moderação, respectivamente.
Ao dar o exemplo da Gestifute, empresa detida pelo empresário Jorge Mendes, Lobo Xavier realçou tratar-se de uma empresa do universo do futebol que é "considerada pelos observadores uma mais avançadas no mundo na gestão de carreiras e imagem" de futebolistas.
Do portfolio da Gestifute fazem parte jogadores como Cristiano Ronaldo, Deco e Ricardo Quaresma.
"Serralves quis que a Gestifute fosse uma das suas fundadoras", revelou Lobo Xavier.
O advogado revelou também que ainda hoje se discute em Serralves por que é o FC Porto não integra aquela instituição ligada ao universo das artes.
"O problema é que se discute o futebol como um negócio negro, com má fama, muito embora a mais recente campanha oficial de promoção turística de Portugal utilize figuras como José Mourinho e Cristiano Ronaldo, ambos famosos, vencedores e bem sucedidos", frisou Lobo Xavier.
O geógrafo urbano Álvaro Domingues notou que há "uma tensão por revolver" entre a Câmara Municipal do Porto e o principal clube da cidade, que começou com a eleição do social-democrata Rui Rio para presidente da autarquia em 2001.
Rui Rio rompeu com o FC Porto, quebrando assim as relações estreitas que a autarquia e o FC Porto mantiveram nos anos 90, quando o PS e Fernando Gomes/Nuno Cardoso governaram a cidade.
O que Rio inaugurou, disse Álvaro Domingues, foi "um discurso político construído contra o futebol".
Para Lobo Xavier, que nunca mencionou o nome do autarca do PSD, trata-se de "uma marca política de uma estratégia que funcionou" e que "não foi tal mal sucedida quanto isso do ponto de vista eleitoral".
Álvaro Domingues entende, no entanto, que essa estratégia teve "necessidade de construir uma ruptura com o passado", tendo como princípio uma "mentalidade calvinista virtuosa".
"Mas o que é certo é que esse registo pega", concluiu.
Domingues defendeu que "os clubes deviam ter maior visibilidade social", como acontece nomeadamente na Argentina.
Lobo Xavier entende, no entanto, que "o FC Porto não precisa da câmara municipal para nada, mas que pode reclamar, em nome da cidade uma não hostilidade".
O advogado sublinhou que lhe "custa a ideia de que o sucesso do FC Porto seja indiferente para a cidade".
Lobo Xavier disse mesmo "não perceber que a cidade do Porto possa ser vendida como produto turístico sem o FC Porto ao lado".
No entanto, o advogado também defendeu que o FC Porto deve manter-se "desligado de combates regionalistas" e "procurar o maior êxito possível, o que significa fazer adeptos".
"O clube não ganha nada em ser utilizado como instrumento, não devendo participar em coisas que provocam conflitos e tensões", frisou.
AYM.
Lusa
Em complemento, podem visionar o vídeo do debate em http://artes.ucp.pt/ocp/. Se tiverem tempo vejam pelo menos a parte inicial que corresponde à apresentação do tema por parte do jornalista Bruno Prata.
Numa altura em que o FC Porto é falado pelas piores razões, importa analisar qual a importância de um clube de futebol, como este, para a projecção internacional e o desenvolvimento de uma cidade, como a do Porto.
3 comentários:
Todos sabem, ou penso que sabem, que não aprecio futebol. De qualquer das maneiras, pelo facto de ser portuense e de respeitar as marcas culturais da minha cidade, sou simpatizante do FCP. Não pelo futebol, mas pela instituição em si. Creio que tem dado muito à cidade; pela sua projecção internacional, pela valorização do desporto, pela promoção do espectáculo, pela diversificação da oferta turística da cidade, pela consecução arquitectónica.
Acredito que qualquer uma das instituições da nossa cidade podem marcar a diferença, promovendo o desenvolvimento, atraindo os olhares, o apreço e, esperemos, o investimento. Serralves merece neste ponto um lugar de destaque; nenhuma instituição tem a capacidade de sobreviver, primeiro, “hiperviver”, depois, no nosso país, como a Fundação de Serralves. Quanto à Casa da Música, penso que é uma mais-valia, mas teve algumas falhas imperdoáveis, a começar pelos deslizes orçamentais, pelo descuido da área envolvente do edifício (não ficava bem melhor numa zona verde e não, enfiada na Boavista à pressão?)...mas curvo-me perante a sua inimaginável demanda: educar para à Música, para as Artes, para a Cultura. Não é nada fácil.
Ao contrário do Vasco, eu gosto muito de futebol e sou um grande adepto do F.C.P ORTO. Sempre foi o meu clube e continuará a ser, independentemente do que acontecer. Pelo facto de ter nascido na cidade do Porto, pelo facto de no meu ambiente familiar o F.C.P. ser a equipa dominante, pelo facto de ser a equipa que durante os meus anos de vida, desde 1990, já ganhou 12 campeonatos nacionais, 7 taças de Portugal, 11 supertaças, 1 Liga dos Campeões, 1 Taça UEFA e 1 taça Intercontinental. Bastante, em apenas 18 anos.
O futebol é de facto um desporto muito emotivo e apaixonante, que faz rir e chorar, que gera picardias intensas entre adeptos, que movimenta milhões de pessoas em todo o mundo, e, acima de tudo, como diziam na conferência, que tomei a liberdade de visionar, é o desporto que gera mais receitas em todo o mundo. Não admira por isso que seja tão importante assim, mesmo num país pequeno como o nosso, que, apesar disso, consegue obter alguns êxitos desportivos. E grande parte desses êxitos advém do sucesso do F.C.Porto, pelo menos nos últimos 20 anos, sensivelmente. Esta é, actualmente, e sem qualquer dúvida, doa a quem doer, a melhor equipa portuguesa, por várias razões. Joga melhor, tem melhores jogadores, tem ganho mais títulos, e tem, sobretudo, maior estabilidade financeira, desportiva e organizativa que os adversários, nomeadamente Benfica e Sporting.
Assim, o F.C.P. torna-se numa imagem de marca da nossa cidade, e é importante para o desenvolvimento da cidade no sentido em que, como já referi, gera imenso dinheiro e traz à cidade imensas pessoas. Aliás, o futebol é um importante aliciante turístico, e através da divulgação da imagem do F.C.P. a própria cidade poderá ganhar muito com isso, a exemplo do que acontece noutras cidades europeias mais conhecidas pela sua equipa de futebol que outra coisa qualquer, como Gelsenkirchen, Alkmar, Dortmund, Villareal, etc.
A cidade do Porto não tem conseguido, desde há muito tempo, acompanhar os níveis de crescimento de Lisboa, a capital do país, por diversas razões, que não vale a pena enumerar. No entanto, talvez esteja aí a razão de se evidenciar tanto o principal clube da cidade como um caso de sucesso, pois a nossa cidade é bastante carenciada em outros aspectos. Como disse o geógrafo Álvaro Domingues durante a conferência, “quando alguém se está a afogar e vê um cabelo, tenta agarrar-se a ele”, e é um pouco isto que acontece no Porto, sendo que o cabelo será a equipa de futebol. Apesar de Rui Rio ter cortado relações com o F.C.P., a cidade deve procurar encontrar a melhor forma de aliar o sucesso do F.C.Porto com o desenvolvimento sustentável da própria cidade. O F.C.P. é como uma instituição uma das mais importantes do país, e ainda bem que se encontra nesta cidade do Norte, já que os poderes de decisão estão todos concentrados na grande metrópole nacional, Lisboa. Esta é de certa forma uma maneira de contrariar o “centralismo lisboeta”.
Achei piada ao facto de o jornalista Bruno Prata, que apresentou a conferência, ter dito que já foi interpelado por alguns estrangeiros que lhe perguntaram se o Porto era a capital de Portugal, evidentemente pelo prestígio internacional de que o F.C.Porto goza. Isto pode ser engraçado, mas mostra a importância do clube para o reconhecimento da cidade no exterior.
Contudo, penso que nem a cidade deve depender demais do clube, nem o clube deve depender demais da cidade, pois existem riscos inerentes dessa situação.
O clube deve continuar a apostar no modelo de organização de sucesso que tem vindo a garantir títulos atrás de títulos, para aumentar a massa associativa, evitando entrar em disputas regionais, como disse o advogado Lobo Xavier. A cidade, por seu lado, deve naturalmente desenvolver-se de um modo equilibrado e sustentável, procurando tirar partido de algumas características únicas, como a Fundação de Serralves, a Casa da Música ou o mundialmente conhecido Vinho do Porto, e tentando criar uma rede de transportes e infra-estruturas equilibrada. Em tudo há que haver equilíbrio, e esta relação cidade/clube tem de ser equilibrada para que ambas as partes possam beneficiar da ligação entre elas.
Falando agora da tal má fama que o futebol tem actualmente, devido à ligação directa que tem com a corrupção, eu não concordo nada com essa ideia, porque o futebol é um desporto que deve ser apreciado no seu todo e não pode ser posta em causa a seriedade de uma actividade tão importante por causa de alguns casos isolados. Aliás, como diz Álvaro Domingues, “corrupção há onde há dinheiro, podendo existir num banco ou no Vaticano”. Pessoalmente, estou completamente de acordo, e penso que, relativamente às recentes noticias de que Pinto da Costa será indiciado por tentativa de corrupção, penso que até prova em contrário, as pessoas são inocentes, e por isso, até lá, continuo a achar que meu clube de coração ganhou, empatou ou perdeu de forma limpa e respeitável em todos os jogos.
Por conseguinte, espero que esta má fama do futebol, em particular do F.C.P., seja anulada, para que a nossa cidade possa crescer a par do clube que tanta gente ama e odeia. É essencial que se promova a beleza deste desporto, para chamar mais gente aos estádios vazios, para termos mais receitas, para impedir os salários em atraso, para acabar com o desaparecimento de clubes por falência, e outros problemas do futebol português.
Em jeito de conclusão, penso que o futebol é bastante importante para o desenvolvimento de uma cidade a nível nacional e internacional, nomeadamente no caso da cidade do Porto e do clube que a representa com mais mediatização. O clube em si pode beneficiar do património da cidade e das suas infra-estruturas para apelar ao “portiotismo”, e a cidade pode beneficiar da capacidade do clube em atrair gente e em gerar riqueza.
Tenho a ideia de que a cidade hoje em dia não está muito ligada ao clube, e penso que se deveria apostar mais nessa área, já que o futebol é tão importante e permite que tanta gente se sinta realizada através dos feitos desportivos do seu respectivo clube. É isto que espero que acontece por cá. Que a cidade do Porto, no seu todo, se sinta realizada com o sucesso do F.C.Porto e possa transportar parte desse sucesso para o seu próprio desenvolvimento.
P.S.- Peço desculpa pelo comentário um pouco longo, mas este é um assunto que envolve um tem do qual gosto muito, que é o futebol, principalmente quando se trata do meu clube, que já perceberam qual é. Já agora, gostaria de agradecer ao professor Eduardo Vales por ter colocado esta notícia no blog, apesar de ter vindo comentá-la um pouco tarde.
Amo o Porto, a minha cidade, amo o meu clube, o FCP. Considero que neste momento, em que tudo está centralizado em Lisboa, o FCP (que recentemente se tornou tricampeão), é uma mais valia para a cidade e uma alegria para o povo portuense, que tanto trabalha e vê que apesar disso, é em Lisboa que se concentra a riqueza. No entanto, apesar de o FCP ter projectado o nome da invicta internacionalmente, o presidente da câmara do Porto, Rui Rio, recusou-se a receber a equipa, quando esta se tornou campeã europeia. Quem se dignou a receber o FCP foi o Luís Filipe Menezes, na altura presidente da câmara de Gaia. Isto é muito triste, mais que isso, é uma afronta aos portuenses que tanto amam a sua cidade e o seu clube. Só quem é portista e portuense consegue compreender o espírito que se vive nesta maravilhosa cidade, a mentalidade lutadora de quem nela reside. E digam o que disserem, façam o que fizerem, nós somos e seremos sempre os maiores, os melhores, os mais trabalhadores e os mais honestos. Sou portuense, sou portista, sou tripeira. Orgulho-me disso.
ps: o Luís Filipe Vieira está a ver se nos estraga o campeonato,tentando "picar" as autoridades e acusando o Pinto da Costa de corrupção. Luisinho, dou-te um conselho: " Não te rias do vizinho que o teu mal está a caminho".
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