sexta-feira, 30 de maio de 2008

Capital da Índia sob cerco


Nos subúrbios de Nova Deli e nas ruas de Jaipur, a capital do Rajastão indiano, reivindicava-se ontem a despromoção social. Os elementos de uma tribo que vive do pastoreio e da agricultura de subsistência, os gujjares querem ser colocados na base da escala social. Deste modo, ganharão acesso às quotas na administração pública e no ensino criadas pelo Estado para as castas deserdadas, especialmente os dalits ou adivasis. Os protestos iniciaram-se na passada semana em Jaipur e, desde então, têm-se estendido a outros pontos do Rajastão. Ontem, chegaram às portas da capital indiana, cidade que quase conseguiram paralisar, ao controlarem várias das suas entradas, junto das quais incendiaram pneus. Os manifestantes tentaram ainda avançar para o centro da cidade e incendiaram pneus nas principais vias e bloquear a entrada e saída de comboios. A polícia manteve um perfil discreto durante as manifestações e, segundo a imprensa indiana, apenas quando os gujjares quiseram avançar para o centro, é que acabou por intervir. As manifestações já provocaram 39 mortos no estado do Rajastão, onde também têm prosseguido as manifestações e os confrontos. O líder dos protestos, Kirori Singh Bainsala, garantia ontem ao jornal Hindustan Times que só a atribuição do estatuto de casta deserdada aos gujjares fará parar os protestos. Na véspera, o chefe do Governo local enviara uma proposta ao primeiro-ministro Manmohan Singh, sugerindo a criação de um novo subgrupo, "a casta dos grupos tribais sem recurso", o que foi considerado "ambíguo" por Bainsala. "A carta é uma farsa, pois a nossa reivindicação é a de obter o estatuto de deserdados. E sobre isto não pode haver qualquer ambiguidade", afirmou aquele líder. Um outro dirigente do movimento, Avinash Bandana, afirmara a uma televisão local que "a comunidade tem direito a um estatuto adequado. Não podemos ficar muito acima na escala". Os gujjares estão classificados como casta "atrasada", o que os deixa alguns pontos acima dos deserdados. O Governo indiano prossegue há décadas um programa de afirmação social, com reserva de quotas no ensino e no funcionalismo público para elementos das castas na base da pirâmide social. Estes programas têm produzido distorções, queixando-se os gujjares de serem preteridos por outros grupos de idêntico estatuto. A política de acção afirmativa é também utilizada como instrumento de controlo do eleitorado, com a troca de votos por quotas.Alguns jornais indianos escreviam ontem que programas de discriminação positiva estão a originar uma "corrida para baixo" na sociedade da Índia, com cada vez maior número de grupos a prosseguirem uma estratégia de despromoção social que acabará por minar a hierarquia social hindu.


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Israel - 60 anos


Artigo de opinião de Esther Mucznik ( Vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa), publicado em 8 de Maio no jornal Público e que já foi lido, em parte, numa aula de Geografia C:
"Esta era a nossa hora histórica"

Hoje, dia 8 de Maio, comemora-se no calendário judaico o 60º aniversário da independência do Estado de Israel. Sessenta anos é a idade da maturidade e uma boa altura para reflectir no caminho percorrido, nos sucessos e fracassos do projecto sionista. São conhecidas as duas raízes do sionismo: a primeira é milenária e confunde-se com a memória histórica, simultaneamente religiosa e nacional do povo judeu. Foi ela que permitiu aos judeus sobreviverem à dispersão como povo, ligados entre si por uma religião de essência nacional, através da memória sempre viva da Terra Prometida. Arthur Koestler sublinhou esta realidade, dizendo que "não há nenhum exemplo na história de um povo que tenha sido tão perseguido em todo o lado, que tenha sobrevivido dois mil anos à morte como nação e que, entre os autos-de-fé e as câmaras de gás, tenha continuado a brindar "Para o ano que vem em Jerusalém", com a mesma incansável confiança no sobrenatural". A segunda raiz, muito mais recente, nasce na Europa no século XIX. É a Europa moderna, burguesa e liberal que fornece os instrumentos capazes de tornar o sonho messiânico em realidade: a emancipação judaica, ou seja, o pleno acesso à igualdade de direitos cívicos e políticos, o nacionalismo e o anti-semitismo moderno. O sionismo, como projecto político, nasce precisamente do despertar brutal da doce ilusão emancipadora. O incremento do anti-semitismo na Europa Central e Ocidental, a explosão dos pogroms sangrentos no Leste, complementados com uma série de leis de excepção, acusações de assassínios rituais e de deportações, tais são as circunstâncias que levam à emergência do projecto político sionista, cuja essência é a necessidade de um lar, de uma pátria própria, como condição da sobrevivência e "normalização" do povo judeu. Por uma cruel ironia da história, foi o genocídio nazi um dos principais instrumentos da criação do Estado de Israel, conferindo ao ideal sionista um carácter obrigatório, urgente, inevitável: o extermínio colectivo de um povo perante o silêncio das nações, a descoberta no final da guerra da extensão do desastre, a errância desesperada de mais de cem mil sobreviventes desenraizados cuja única esperança era fugir da Europa e das suas sombras, tudo isto confere às teses sionistas a simplicidade da evidência. Para que "aquilo" não torne a acontecer, os judeus precisam da sua própria terra. Assim o entendem as Nações Unidas, decidindo a 29 de Novembro de 1947 a partilha da Palestina em dois estados, um árabe e outro judaico. Menos de seis meses depois e contra todas as pressões internas e externas, David Ben-Gurion declarava a criação do Estado judaico: "Esta era a nossa hora histórica", escreveu mais tarde. O estado chamar-se-ia Israel. E, tal como Jacob, nunca deixaria de lutar com o anjo. No âmago do projecto político sionista está a tentativa do povo judeu de normalizar a sua existência colectiva. Tratava-se acima de tudo de viver "normalmente", em liberdade, num estado soberano, integrado no mundo das nações. "Ser um povo livre na nossa terra", segundo as palavras do hino nacional. Foi esse processo coroado de sucesso?À primeira vista, sem dúvida. O Estado de Israel tem todos os atributos de um estado "normal": um território, uma língua, uma moeda, uma cultura religiosa dominante, instituições sólidas. Mais: em sessenta anos e rodeado de uma hostilidade permanente, Israel construiu um país moderno, cuja economia está entre as mais desenvolvidas no mundo, uma democracia vibrante percorrida em permanência por intensos debates políticos, uma imprensa que é das mais livres do mundo. Construiu um Estado de direito exemplar, no qual o sistema jurídico e, em particular, o Supremo Tribunal, tem um papel de primeiro plano. Os israelitas costumam brincar com o facto de que Moisés e o seu povo deambularam 40 anos pelo deserto para chegar, afinal, à única terra da região sem petróleo nem gás. Mas talvez seja esta uma das chaves do sucesso porque, numa terra desértica ao sul e pantanosa ao norte, o principal capital sempre foi o humano: depois das dezenas de milhares de sobreviventes do Holocausto, Israel acolheu e integrou grande parte dos cerca de 800 mil refugiados judeus dos países árabes, perto de um milhão do ex-império soviético, homens e mulheres de todo o mundo falando 110 línguas, conseguindo a proeza de forjar uma identidade própria e forte. Neste sentido, a história de Israel é uma verdadeira história de sucesso. Mas noutro dos principais aspectos da "normalização" judaica e da razão de ser do sionismo - o estabelecimento de relações saudáveis com as outras nações, uma integração natural na "comunidade internacional", esse aspecto ainda hoje é problemático. Como qualquer outro país soberano, Israel integra organizações internacionais, a começar pelas Nações Unidas, é reconhecido pela grande maioria dos países, tem relações comerciais, culturais e diplomáticas diversificadas, tem um exército apto a defender a integridade do seu território e a segurança dos seus cidadãos. Mas, apesar disto, é alvo de tratamento diferente, não só de uma atenção desmedida, como de um constante julgamento moral e político absolutamente excepcional e desproporcionado, como se a cada passo tivesse de justificar a sua existência. É o lote comum a todos os estados verem criticada a sua política, até pela violência. Mas só Israel tem assistido à contestação dos fundamentos morais da sua própria razão de ser - veja-se a resolução das Nações Unidas de 1975, assimilando o sionismo a uma forma de racismo, vejam-se as constantes condenações internacionais - 635 entre Janeiro 2003 e Março 2008, enquanto a "democrática" Birmânia apenas 183, ou a Coreia do Norte, 60... Vejam-se os boicotes sucessivos a homens e mulheres das artes e das letras - grande parte deles acérrimos defensores da paz. Vejam-se ainda os apelos do pequeno führer persa ao extermínio de Israel e, acima, de tudo a identificação com o nazismo, paradigma do mal absoluto e fonte suprema de deslegitimação."Por razões misteriosas", escreve Bret Stephens no Wall Street Journal, "Israel tornou-se impopular entre o segmento da opinião pública que se considera progressista. Este é o mesmo segmento que acredita nos direitos das mulheres, dos homossexuais, numa justiça livre, na liberdade de expressão e consciência, na independência do Parlamento. Estes são direitos que existem em Israel e em mais lado nenhum no Médio Oriente. Então por que razão o país que mais defende esses valores progressistas é aquele que menos simpatia progressista recebe?" Este é, entre outros, um bom tema de meditação nestes dias de celebração.

Por: Esther Mucznik

Parque Nacional dos Picos de Europa

Hoje "convido-vos" a conhecer uma das mais belas regiões naturais da Península Ibérica: O Parque Nacional dos Picos de Europa.
Os Picos de Europa é um conjunto de montanhas localizada no Norte da Península Ibérica e que faz parte da cordilheira dos Cantábricos, estendendo-se pelas regiões autónomas das Astúrias, Cantábria e Castela e Leão. Alguns picos ultrapassam os 2 500m de altitude. É uma região muito bela, muito verde, muito rica em avifauna, destacando-se, entre outros, o urso pardo.
É, de facto, umas das minhas regiões favoritas, onde já tive a oportunidade de ter estado diversas vezes. Não fica muito longe de Portugal, estando acessível aos portugueses. Se gostam de paisagens naturais e de montanhas, se gostam de fazer longas caminhadas, não deixem de visitar um dia esta região.
Fiquem com um vídeo promocional da região.


China suspende temporariamente política de filho único


A China vai suspender temporariamente a política do «filho único». A suspensão destina-se especialmente às famílias cujos filhos foram vítimas do terramoto em Sichuan, no passado dia 12 de Maio. A última informação indica que 68 mil pessoas morreram e 364 mil ficaram feridas.
A política chinesa do filho único, apoiada pela organização mundial anti-vida "International Planned Parenthood Federation" (IPPF) e pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), foi alvo de numerosas críticas de organismos internacionais por constituir uma violação sistemática dos direitos humanos, ao ponto de o Congresso americano ter retido contribuições à UNFPA.
O Comité de População e Planeamento Familiar de Chengdu, capital de Sichuan, a região mais devastada pelo sismo, anunciou que as famílias que desejem ter outro filho, podem "solicitar um certificado".
Actualmente o governo obriga aos casais chineses que têm mais de um filho a pagar uma forte multa pela lei do "filho único". Segundo a nova política temporária, aqueles que perderam um filho "ilegal" já não terão que pagar multa pelo mesmo.
Se a família perdeu um filho "legal" e além disso tinha um "ilegal" menor de 18 anos, poderá registá-lo agora como "legal", e o menor adquire direitos como a educação gratuita.
O governo assinalou ainda que as famílias que desejem podem adoptar órfãos do terremoto poderão fazê-lo, sem limite estabelecido. Segundo indicações oficiais, o terramoto e suas réplicas deixou cerca de 4 mil crianças órfãs.



Podem visionar neste vídeo imagens das consequências do sismo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Cem países reunidos na Irlanda acordam na proibição de armas de fragmentação, sem a presença dos EUA

Bomba de fragmentação britânica no Iraque


Uma conferência internacional acordou hoje na redacção daquele que será o futuro tratado de proibição de armas de fragmentação.O encontro, que contou com mais de 100 nações reunidas na Irlanda, não contou com a presença dos Estados Unidos, tinha como objectivo banir todas as ramas de fragmentação usadas até hoje. Para Christian Ruge, da delegação norueguesa, a aprovação do documento é apenas uma formalidade, uma vez que as nações chegaram a acordo. As bombas de fragmentação, que libertam, ainda no ar várias pequenas munições, têm como principal problema o facto dessas pequenas munições muitas vezes não explodirem, criando áreas que se transforma em autênticos campos minados que ferem e matam pessoas mais tarde, muitas vezes crianças curiosas. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown, um dos apoiantes da iniciativa, tem vindo a lutar contra a relutância dos chefes militares britânicos em relação a esta proibição. Os EUA, que entendem que este tipo de armamento tem “alguma utilidade”, foi acusado de pressionar os seus aliados, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha e Austrália, a enfraquecerem este acordo.


Sydney Pollack, o actor que saltou para trás das câmaras

"A maioria dos grandes realizadores que conheço não foram actores, por isso não posso dizer que seja essencial. Contudo, é uma ajuda enorme." A afirmação, proferida por Sydney Pollack em 2005, no Festival de Cinema de Tribeca, explica o sucesso do realizador norte-americano falecido na passada segunda-feira em Los Angeles, na Califórnia. Tinha 73 anos e lutava há dez meses contra o cancro. O norte-americano começou a trabalhar como actor ainda em 1959, mas foi na realização que, a partir da década de 60, mais se destacou. Para o grande público, o nome de Pollack ficará para sempre ligado à adaptação do romance África Minha, de Karen Blixen, para o cinema. O filme foi nomeado para 11 Óscares da Academia, em 1986, e conquistou sete das estatuetas, entre os quais as de Melhor Realizador e de Melhor Filme. Sidney Pollack nasceu a 1 de Julho de 1934, na localidade norte-americana de Lafayette, no estado de Indiana. O realizador era o mais velho dos três filhos de David Pollack, um pugilista profissional que depois se tornou farmacêutico, e Rebecca Miller, uma dona de casa que faleceu quando o seu primogénito tinha apenas 16 anos. Sydney Pollack começou a sua carreira no mundo do espectáculo nos anos 50, trabalhando como actor em Nova Iorque, ao mesmo tempo que dava aulas de representação. A passagem para trás das câmaras só ocorreu no início da década de 60, quando se mudou para a Costa Oeste dos Estados Unidos e começou a realizar episódios de diversas séries, antes de dar o salto definitivo para o grande ecrã em 1965, com o filme The Slender Thread. A sua estreia como actor, numa longa metragem, ocorreu em 1962, quando integrou o elenco de War Hunt, ao lado de Robert Redford. Este encontro marcou o início de uma parceria ímpar entre os dois artistas, que levou Sidney Pollack a dirigir Redford em 7 filmes, dos quais se destacam África Minha e Três Dias do Condor, e Havana.Os Cavalos Também Se Abatem, a primeira grande obra do realizador, chegou em 1969, quatro anos depois da sua estreia no cinema. Foi com este filme que Pollack conseguiu a primeira nomeação para o Óscar de Melhor Realizador da sua carreira. Voltaria a ser nomeado para a estatueta graças ao seu trabalho em Tootsie, de 1982. A obra, uma das mais populares da sua carreira, é recordada devido, em parte, às interpretações de Dustin Hoffman e Jessica Lange, cujo desempenho lhe valeu o Óscar de Melhor Actriz Secundária.Após o lançamento de África Minha, em 1985, Sydney Pollack virou as suas atenções para a produção de longas metragens, concentrando a sua produção e realizando cada vez menos filmes. Entre as obras que o realizador produziu destacaram-se películas como O Talentoso Mr. Ripley, Cold Mountain, O Americano Tranquilo, Michael Clayton, tendo actuado neste último. Ao longo dos próximos meses será possível lembrar o trabalho do norte-americano, uma vez que irão chegar às salas de cinema vários filmes por si produzidos, como sejam os casos de The Reader e Margaret, os seus dois últimos projectos. As obras ainda estão na fase de pós-produção mas devem estrear este ano nos Estados Unidos.



Aqui fica a homenagem a esse grande realizador de cinema que acaba de nos deixar. Espero que tenham visto alguns filmes dirigidos por ele. Gostaria de recordar e de partilhar convosco o filme que o mais popularizou: África Minha, com Robert Redford e Meryl Streep.



Rede Nacional de Consumo Responsável


Em que pensamos quando compramos um produto de que necessitamos? E quantas vezes pensamos na sua origem? Aquela T-shirt preferida ou os sapatos que têm aquele formato ou aquela cor. Até mesmo o café, sumo, chá que costumamos comprar.


A sociedade de consumo actual promove grandes desequilíbrios sociais e ambientais, traduzidos nas imagens que diariamente nos entram em casa pelos meios de comunicação social. Todos os nossos gestos e opções diárias afectam não só a nossa vida mas a vida de outras pessoas e põem em causa a sustentabilidade do planeta.

Mas é também verdade que o consumo é inevitável e até necessário para a circulação e manutenção dos sistemas económicos.

Como resolver, então, este paradoxo? Como garantir a protecção dos direitos humanos, a preservação do ambiente e a sustentabilidade económica e cultural?

É fundamental educar e mobilizar a sociedade civil - e em especial as gerações mais jovens – para a mudança dos hábitos de consumo, tornando-nos mais críticos, exigentes e responsáveis, como exercício da nossa cidadania.




Ao longo do 2º e 3º período tiveram, nas aulas de Geografia C, algumas sessões promovidas pela Rede Nacional de Consumo Responsável, orientadas pela Drª Ana Luísa Coelho. Foram desenvolvidas actividades no âmbito da dimensão ética do consumo dinamizadas pelo Clube de Direitos Humanos.


Qual é o balanço que fazem das actividades desenvolvidas nas aulas?


Para conhecerem melhor o projecto visitem o site da rede em: http://www.consumoresponsavel.com/




Portugal: Maus tratos policiais e violência doméstica denunciados no relatório da Amnistia Internacional



Relatório 2008 foi publicado hoje


O relatório da Amnistia Internacional (AI) 2008 indica que, em Portugal, persistem os episódios de violência contra as mulheres, bem como os casos de violência policial e consequente impunidade. O documento – que tem como objectivo traçar a evolução anual do cumprimento dos direitos humanos em todo o mundo – nomeia ainda a passagem dos voos da CIA transportando alegados terroristas por solo português. Durante a apresentação do relatório, a AI apelou aos governos de todo o mundo que peçam desculpa por seis décadas de falhanços nos direitos humanos e que se voltem a comprometer com metas mais concretas. Sob o título “Alegações de maus tratos pela polícia e subsequente impunidade”, o relatório dá conta do caso Albino Libânio, um recluso do Estabelecimento Prisional de Lisboa que teria sido alegadamente espancado por sete guardas prisionais em 2003. Os guardas foram, porém, absolvidos em tribunal, em Maio de 2007 - quatro anos depois dos factos - por ausência de prova em julgamento. No que toca à violência contra mulheres, o relatório reproduz os números apresentados pelo Governo, em Julho do ano passado, que indicavam que, durante 2006, 39 mulheres foram mortas pelos maridos. O relatório indica ainda o arranque do terceiro Plano Nacional contra a Violência Doméstica, em Junho, que previu o acesso gratuito a tratamentos médicos por parte das vítimas. Sobre a migração, o relatório refere a nova lei da imigração, que entrou em vigor no dia 4 de Julho e que, de acordo com o relatório, “deu certos direitos legais aos imigrantes que esperam a decisão de expulsão ou admissão em território português, com especial ênfase para os menores desacompanhados”. Simultaneamente, o relatório sublinha que a nova lei especificou igualmente que o auxílio à imigração ilegal de maneira a que ponha em risco a vida dos imigrantes constitui um tratamento desumano e degradante que poderá ser punido com uma pena de prisão que pode variar entre os dois e os oito anos. “Vítimas de tráfico deixaram de ser classificadas de imigrantes ilegais”, refere ainda o documento.

Voos da CIA
Sob o título “Guerra ao Terror”, o documento refere que no dia 25 de Janeiro o ministro português dos Negócios Estrangeiros declarou que as investigações do governo às alegadas escalas de voos da CIA em Portugal durante operações ilegais de transferência de prisioneiros entre países tinham ficado concluídas, não se tendo apurado nenhuma prova que permitisse a continuação do inquérito. Porém, no dia 5 de Fevereiro, o Ministério Público fez saber que iria abrir um inquérito-crime, a cargo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP),tendo por base uma participação da eurodeputada Ana Gomes à PGR e outra do jornalista Rui Costa Pinto. O caso dos "voos da CIA" teve início em Novembro de 2005, quando o jornal norte-americano "Washington Post" revelou a existência de prisões secretas da CIA em vários pontos do Mundo, tendo rapidamente o assunto passado a ser, sobretudo, o transporte ilegal de prisioneiros suspeitos de terrorismo e os chamados "voos da CIA" que, segundo o Parlamento Europeu, foram uma prática corrente na Europa desde os atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos.

Situação continua má, 60 anos depois da adopção da Declaração Universal dos Direitos Humanos

“[O que se passa no] Darfur, Zimbabwe, Gaza, Iraque e Birmânia pedem acção imediata”, disse Irene Khan, secretária-geral da Amnistia Internacional no lançamento do relatório AI Report 2008: State of the World's Human Rights. “Injustiça, desigualdade e impunidade são os marcos do mundo de hoje. Os Governos têm que agir agora para fechar o hiato entre as promessas e as acções”, disse Irene Khan.O relatório da Amnistia põe em evidência que, 60 anos depois da adopção pelas Nações Unidas da Declaração Universal dos Direitos Humanos, há pessoas que ainda são torturadas ou maltratadas em pelo menos 81 países, enfrentam julgamentos injustos em pelo menos 54 nações e não têm liberdade de expressão em 77 países. “2007 caracterizou-se pela impotência dos governos ocidentais e pela ambivalência ou relutância dos poderes emergentes em enfrentar algumas das piores crises de direitos humanos, de conflitos entrincheirados até crescentes desigualdades que estão a deixar milhões de pessoas para trás”, afirmou Khan. A AI indicou ainda que a maior ameaça ao futuro dos direitos humanos é a ausência de uma visão partilhada e de uma liderança colectiva. “2008 apresenta uma oportunidade sem precedentes para que novos líderes que entrem no poder e para que novos países a emergir no palco do mundo apontem novas direcções e rejeitem políticas míopes e práticas que nos últimos anos fizeram do mundo um local mais perigoso e dividido”, indicou Khan. A Amnistia Internacional desafiou os governos a desempenharem um novo conjunto de paradigmas de liderança colectiva baseada nos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. "Os mais poderosos têm que dar o exemplo", disse Irene Khan. A China tem que se levantar à altura das promessas que fez para os Jogos Olímpicos e permitir a liberdade de expressão e de imprensa e acabar com a "reeducação através do trabalho". Os Estados Unidos têm que fechar o campo de detenção de Guantánamo e outros centros de detenção secretos, levar os suspeitos a julgamentos justos ou libertá-los, e têm que rejeitar inequivocamente o uso de tortura e maus tratos. A Rússia tem de ter maior tolerância para com a dissidência política, e nenhuma tolerância para com os abusos dos direitos humanos na Tchetchénia. A União Europeia tem que investigar a cumplicidade dos seus Estados-membros em operações de "rendição" de suspeitos de terrorismo e estabelecer para os seus membros o mesmo cumprimento dos direitos humanos que estabelece para os outros países. Irene Khan alertou ainda: "Os líderes mundiais estão em estado de negação, mas o seu falhanço tem um preço demasiado elevado. Como demonstram o Iraque e o Afeganistão, os problemas dos direitos humanos não são tragédias isoladas; são antes como vírus que podem infectar e disseminar-se depressa, pondo-nos todos em risco". "Os governos de hoje têm que ter visão, coragem e o mesmo nível de compromisso que levou as Nações Unidas a adoptarem a Declaração Universal dos Direitos do Homem, há 60 anos (...) As pessoas pedem cada vez mais justiça, liberdade e igualdade".

Links:
http://thereport.amnesty.org/prt/report-08-at-a-glance (Relatório 2008 da Amnistia Internacional))
http://www.amnesty.org/ (Amnistia Internacional)
http://www.amnistia-internacional.pt/ (Amnistia Internacional - secção portuguesa)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

1º Prémio de Fotojornalismo Visão / BES - Augusto Brázio


Augusto Brázio, 41 anos, fotógrafo freelance, foi o grande vencedor da oitava edição do prémio de fotojornalismo Visão/BES. A fotografia vencedora mostra uma jovem de 19 anos, assistida pelo INEM e deitada numa ambulância a caminho do hospital, depois de ter tido, em casa, o terceiro filho. A imagem premiada faz parte de um livro encomendado pelo INEM a Augusto Brázio, trabalho que fez com que o fotógrafo acompanhasse durante um ano este serviço médico.
Podem ver a Galeria de Premiados aqui.

sábado, 24 de maio de 2008

Coldplay - Violet Hill (Dancing Politicians)

Os Coldplay estão de regresso. Encontrei este video no youtube com a novíssima canção Violet Hill.
Não se trata de um videoclip oficial do grupo mas de um vídeo alternativo com muito humor , constituído por uma montagem (manipulada) de imagens com alguns dos políticos mais poderosos do Mundo em situações por vezes hilariantes.
Algumas partes poderão ser consideradas excessivas, pela falta de respeito por alguns líderes mundiais, como Geoge W. Bush. O vídeo tem por título Violet Hill (Dancing Politicians).


sexta-feira, 23 de maio de 2008

"Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull" - Trailer


Já estreou o novo Indiana Jones "Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, de Steven Spielberg, com Harrison Ford.


Os fimes da série Indiana Jones são um exemplo da globalização na sétima arte. Conto vê-lo logo que possa. Espero que seja tão bom como os anteriores.



Fiquem com o trailer do filme.


A Pobreza em Portugal entre 1995 e 2000


Hoje foi divulgado o estudo Um Olhar Sobre a Pobreza em Portugal, coordenado por Alfredo Bruto da Costa no Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS), que será publicado em Junho (ed. Gradiva). Este estudo analisou o período de 1995 a 2000.

Eis algumas conclusões do estudo:


  • mais de metade dos agregados familiares (52,4%), em Portugal, viveram numa situação vulnerável à pobreza pelo menos durante o ano;

  • 61% dos pobres não têm condições para manter a casa quente (entre os não-pobres, há 36% que dizem o mesmo);

  • 12% não tem banheira ou chuveiro;

  • 10% não têm sequer retrete;

  • cerca de 40% da pop. portuguesa experimentava, em 2004, alguma forma de privação (18,3% entre a pop. não-pobre confronta-se com a falta de dinheiro para chegar ao fim do mês);

  • 9 em cada 10 portugueses que caíram na pobreza tinham no máximo o 3º ciclo do ensino básico e apenas 2% o ensino superior;

  • 23,8% dos menores de 17 anos estavam em situação de pobreza;

  • mais de metade dos reformados do país são pobres.

Fonte: Público, 23/05/08

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Portugal é o país da UE com mais desigualdades na distribuição de rendimentos


União Europeia é mais uniforme que os Estados Unidos

Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade. O Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007 conclui, no entanto, que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos Estados-membros do que nos Estados Unidos, à excepção de Portugal. O relatório é o principal instrumento que a Comissão Europeia utiliza para acompanhar as evoluções sociais nos diferentes países europeus. Os indicadores de distribuição dos rendimentos mostram que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, nomeadamente a Suécia e Dinamarca."Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual", salienta o documento que revela não haver qualquer correlação entre a igualdade de rendimentos e o nível de resultados económicos. Contudo, se forem comparados os coeficientes de igualdade de rendimentos dos Estados-membros com o respectivo PIB (Produto Interno Bruto) por habitante constata-se que os países como um PIB mais elevado são, na sua generalidade, os mais igualitários.

Jorge Sampaio - A crise alimentar é um factor de agravamento da luta contra a tuberculose / A tuberculose no Porto e em Portugal


A crise alimentar é um factor de agravamento da luta contra a tuberculose. O alerta é do enviado especial das Nações Unidas para a luta contra a doença, Dr. Jorge Sampaio.

O ex-Presidente da República foi há dias à comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros dizer que são precisos novos medicamentos. O último antibiótico foi criado há mais de cinquenta anos. Em Portugal, há 26 tuberculosos por 100 mil habitantes, um dos valores mais altos da União Europeia. A nível mundial, a bactéria já contaminou um terço da população, estatística que continua a crescer. O aumento do número de seropositivos que contraem tuberculose é alarmante. A ligação entre a tuberculose e o HIV vai ser debatida nas Nações Unidas, a 9 de Junho, véspera da Assembleia-Geral sobre a SIDA. A iniciativa partiu de Jorge Sampaio.


Vejam um vídeo com uma reportagem da SIC sobre a iniciativa do Dr. Jorge Sampaio aqui.

Fonte: http://sic.aeiou.pt/online/noticias/vida/20080506+Jorge+Sampaio+lanca+alerta.htm (06/05/08)


Taxa de tuberculose no Porto idêntica à do terceiro mundo

A zona oriental do Porto apresenta uma taxa de incidência de tuberculose quase três vezes superior à média nacional, valores equivalentes aos de países do terceiro mundo. Também no resto do País o índice da doença é três vezes superior ao resto da Europa Ocidental - só em 2004 ocorreram 3500 novos casos. A média nacional, segundo dados de 2004, é de 34 por cem mil habitantes, enquanto no Porto é significativamente maior: 100 em cada 100 mil. "Valores que são uma desgraça, valores de África", explicou ao DN Agostinho Marques, director do serviço de Pneumologia do Hospital de São João e presidente do XIII Congresso de Pneumologia do Norte, que decorre até amanhã na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto. O distrito é o pior do País e, no âmbito da cidade, são as zonas de Paranhos, Campanhã e Bonfim que apresentam os valores mais preocupantes - áreas mais degradadas, onde habitam estratos sociais mais desfavorecidos com poucas condições de salubridade. "O Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose tem dez anos e está completamente moribundo", afirma Agostinho Marques, razão pela qual o Ministério da Saúde está actualmente a desenhar um novo programa.Este médico defende que as novas medidas não podem ser heterogéneas, sendo necessário "identificar a especificidade de cada lugar"."Fundamentalmente, é preciso assegurar um diagnóstico e garantir que cada doente seja tratado e acompanhado até ao final do mesmo" (a duração é de cerca de seis meses), acrescenta Agostinho Marques. A tuberculose, uma doença infecciosa que se transmite por via inalatória, atinge anualmente dez milhões de pessoas em todo o mundo e mata de dois a três milhões.

Vanessa da Mata e Ben Harper - Boa Sorte / Good Luck

Human Rights Watch denuncia detenção de mais de 500 menores no Iraque, pelas forças norte-americanas


A organização dos direitos humanos Human Rights Watch pediu hoje para que as centenas de crianças detidas pelas forças norte-americanas no Iraque tenham acesso imediato a um advogado e que os casos que justificam a detenção sejam apreciados por entidades judiciais independentes. Segundo a organização, foram detidos 513 menores de 18 anos identificados como ameaças à segurança, desde Março de 2003. Ao todo foram detidas 2400, algumas com 10 anos, que foram sendo libertadas. Por vezes são interrogadas durante dias ou semanas antes de serem enviados para centros de detenção. “A maior parte das crianças fica durante meses sob custódia das Forças Armadas norte-americanas “, disse Clarisa Bencomo, da Human Rights Watch. “Os EUA deviam dar a estas crianças acesso imediato a advogados”, acrescentou. As queixas da organização surgem um dia antes do Comité das Nações Unidas para os Direitos da Criança se encontrar em Genebra, na Suíça para rever as condições de adesão dos Estados Unidos a um tratado sobre as crianças em conflitos armados. O tratado obriga as nações que detêm os menores a responsabilizar-se pela sua recuperação e reintegração. Em declarações, as Forças Armadas norte-americanas apenas confirmaram que têm “menos de 500 crianças” sob a sua custódia no Iraque. E acrescentaram: “Não há nada neste protocolo que iniba a detenção de indivíduos menores de 18 anos, por isso estamos a cumprir com o nosso compromisso”.


Quénia: Multidão enfurecida queima vivas 11 pessoas acusadas de bruxaria

Mulheres da tribo masai, no Quénia. Uma multidão descontrolada queimou vivas onze mulheres acusadas de bruxaria em um povoado do Quénia

Uma multidão enfurecida queimou vivas 11 pessoas, no Quénia, acusadas de bruxaria. As casas de oito mulheres e três homens, incendiadas enquanto estes permaneciam lá dentro, ocorreu no lado ocidental do país, onde as crenças em costumes tradicionais são mais profundas.A notícia, adiantada pela polícia, foi confirmada por residentes que disseram que a multidão correu casa a casa com uma lista de quem era acusado de praticar bruxaria. As autoridades reforçaram a segurança no local, para evitar actos de vingança, numa região recentemente fustigada pelos ataques entre tribos durante a crise pós-eleitoral. As crenças tradicionais, o cristianismo e o islamismo coexistem pacificamente no Quénia mas o medo da bruxaria está muito espalhado pelo país onde a tradição dos médicos tribais e dos curandeiros está muito enraizada. Quase todas as vítimas tinham entre 70 e 90 anos, apenas uma rondava a casa dos 40. Um caso idêntico levou também à morte oito pessoas, em 1993 que foram acusadas de bruxaria e queimadas.


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Arestides Sousa Mendes


Sacrificou tudo quanto amava e presava - uma família, uma carreira - por estranhos de quem se apiedou associando ao seu honroso desempenho a espiritualidade e dignidade humana então raras, mas que, afinal, caracterizam o povo português. Numa altura em que pairava a rebeldia pelo mundo, Sousa Mendes não só era um digno diplomata como também se desenhava como o modelo do português crítico, o representante ideal da nação que todos gostaríamos que Portugal sempre fosse.
As suas atitudes tinham o cheiro do perfume cuja marca a lei portuguesa só viria a reconhecer tardiamente. Ainda assim, aos olhos dos poucos que um dia ouviram falar de Sousa Mendes, a mais viva recordação que resta deste "salvador de vidas" português é a punição desumana que lhe foi atribuida: Salazar e seus discípulos condenaram-no à "pena de um ano de inactividade" com direito apenas a "metade do vencimento da categoria", tendo sido colocado "na disponibilidade aguardando aposentação", situação da qual só viria a se livrar com a morte, mais de 13 anos depois.

Quando os Nazis invadiram a França em 1940, Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus, contrariando as ordens de Salazar, assinou vistas para fugitivos. Assim conseguiu salvar milhares de vidas, antes de ser afastado do cargo pelo ditador.
Em 1940, dado o avanço das tropas alemãs de Norte para Sul e de Leste para Oeste, só Portugal era porta de saída segura para um algures a salvo dos desígnios de Hitler. Eis porque, solicitando um visto, acorriam ao consulado português de Bordéus inúmeros refugiados, sobretudo judeus. Mas a 13 de Novembro de 1939 já Salazar proibira, por circular, todo o corpo diplomático português de conceder vistos a várias categorias de pessoas, inclusive a "judeus expulsos dos seus países de origem ou daqueles donde provêm".
Aristides começou por ignorar a circular para, depois de instado a fazê-lo, a desrespeitar totalmente. Passava vistos a quantos lho solicitassem. Quando a 8 de Julho de 1940, já sem mais hipóteses de transgressão, regressou a Portugal. Tinha salvo milhares de vidas, assinando vistos de dia e de noite, até à exaustão física.

Nada na biografia de Aristides, até então, fazia prever este acto. Com 55 anos à data dos acontecimentos, casado e pai de 14 filhos, servia o "salazarismo (fascismo) tal como antes servira a I República. Era de tradiçao monárquica e católico. Foi simplesmente comovido pela aflição de "toda aquela gente" que não "podia deixar de me impressionar vivamente", como ele disse no seu processo de defesa em Agosto de 1940, que agiu.

Regressando a Portugal, Aristides foi dado como culpado no inquérito disciplinar e despromovido. Salazar reformá-lo-ia compulsivamente com uma pensão mínima. Os recursos de Aristides para os tribunais seriam em vão. Sem dinheiro, Aristides era socorrido pelo irmão e pela comunidade judia portuguesa.

Salazar e seus discípulos condenaram-no à "pena de um ano de inactividade" com direito apenas a "metade do vencimento da categoria", tendo sido colocado "na disponibilidade aguardando aposentação", situação da qual só viria a se livrar com a morte, mais de 13 anos depois.

Do recheado solar da família, em Cabanas de Viriato (Viseu), tudo ia sendo vendido. Os filhos de Aristides iam-se dispersando, a mulher Angelina, morreu em 1948 , e ele casou novamente mais tarde.

No dia 3 de Abril de 1954, Aristides morre de uma trombose cerebral e de uma pneumonia no Hospital da Ordem Terceira em Lisboa. Embora o epitáfio na sua lápide reconheça os méritos de Aristides com as palavras "Quem salva uma vida, salva o mundo", a sua morte não veria qualquer comentário ou informação na imprensa portuguesa.

Seria assim ignorado pelo país.

Ter-se-ia de esperar 34 anos para que Aristides fosse justamente reintegrado e louvado oficialmente em Portugal: Em 1988 na Assembleia da República, o Dr. Jaime Gama, pediu a reabilitação e reintegração póstuma de Aristides no corpo diplomático, o que foi concedido por unanimidade pelos partidos com assento na altura.

Mas desde 1967, Aristides é o único português que faz parte dos "Righteous Among the Nations" (Justo entre as Naçoes), no Yad Vashem Memorial em Israel.

Ele bem o merece, porque "quem salva uma vida, salva o mundo".


Fonte: http://www.sousamendes.com/zindex.htm (adaptado)


A catástrofe de Myanmar e a comunidade internacional


As infra-estruturas sanitárias decadentes, herança de uma ditadura militar de quase meio século, são agora a maior ameaça para os sobreviventes do ciclone Nargis, no Myanmar. Milhão e meio de pessoas têm de enfrentar as doenças associadas à falta de alimento e de água potável. Desidratação, diarreia, e a ameaça de cólera ou dengue, são as principais preocupações das organizações humanitárias. A demora das autorizações por parte da junta para que a ajuda do exterior chegue ao país está a frustrar a comunidade internacional e os médicos no terreno. O desastre natural veio piorar muito as estatísticas que põem o Myanmar no topo da lista dos países mais afectados pela Malária. As autoridades militares, que há muito desconfiam da interferência estrangeira, detiveram uma coluna de camiões da Nações Unidas proveniente da Tailândia com ajuda, rumo a Rangum, a maior cidade do país.A junta confiscou ainda pelo menos dois carregamentos de ajuda que seguiam a bordo de aviões da ONU.



O que é que acham que a comunidade internacional deve fazer relativamente à situação que se vive em Myanmar?
  • Nada e deixar que a situação melhor com o tempo?
  • Deveria haver uma intervençao da Comunidade internacional? De que forma?

terça-feira, 20 de maio de 2008

Milhares fogem de motins xenófobos em Joanesburgo


A violência começou há uma semana, alastrou a vários bairros e fez 22 mortes, a maioria pessoas que fugiram à crise no Zimbabwe


Casas incendiadas, pessoas mortas à pancada, uma pelo menos queimada viva; multidões em fúria, de pedras e paus na mão; mulheres, homens e crianças a procurar refúgio em centros sociais, esquadras da polícia e igrejas; milhares de estrangeiros a fugir dentro da África do Sul depois de aqui terem procurado refúgio, fugidos do Zimbabwe. Serão seis mil pessoas em fuga, segundo a BBC on-line. A violência começou há uma semana no bairro de Alexandra, perto do centro de Joanesburgo, onde morreram duas pesssoas, mas estendeu-se no fim-de-semana a outros townships nos arredores da cidade. Apesar do forte dispositivo de segurança, os motins recomeçaram ontem às primeiras horas da manhã. O balanço avançado pela polícia era ontem de 22 mortes e 217 detenções. Os principais alvos da violência xenófoba dos gangs vivem nesses townships, subúrbios de Joanesburgo, e são os mais três milhões de zimbabweanos que emigraram para a África do Sul, muitos deles nos últimos anos para fugir à crise económica e política no seu país. Imigrantes de Moçambique e do Malawi também têm sido al-vos. Entre as vítimas, haverá pelo me-nos dois moçambicanos. As forças policiais e de segurança dispõem de "recursos suficientes" e por isso "não se espera que a situação saia fora de controlo", disse ao PÚBLICO o analista e director do Instituto para os Estudos de Segurança, em Pretória, Jakkie Cilliers. Mas a África do Sul, país escolhido para acolher o Campeonato Mundial de Futebol de 2010, atravessa uma crise "grave" que "está a alastrar", reconhece. Repórteres escreveram, no fim-de-semana, que o centro de Joanesburgo estava temporariamente transformado em "zona de guerra" e os Médicos sem Fronteiras falaram de "uma situação típica de refugiados". A situação foi condenada pelo Presidente Thabo Mbeki e pelo seu rival que assumiu a liderança do Congresso Nacional Africano (ANC) em Dezembro, Jacob Zuma, que foi vice-presidente de Mbeki. Mas ambos são acusados de nada terem feito para prevenir a situação. O Presidente sul-africano anunciou a constituição de um grupo de trabalho para analisar a violência, mas não escapou às fortes críticas dos principais jornais por ter optado pelo diálogo com o re-gime do Presidente Robert Mugabe, quando isso em nada ajudou a impedir a grave crise económica e política no Zimbabwe. O país entrou em colapso e muitos zimbabweanos emigraram, a maioria dos quais para a África do Sul. "Se o Presidente Mbeki e o seu vice Jacob Zuma tivessem agido, há nove meses, não estaríamos onde estamos hoje", escrevia ontem o Times da África do Sul, no seu editorial. E fazendo eco da condenação geral da violência, o Cape Argus evocou também em editorial o "coro de repúdio, o consenso de que [esta violência] envergonha o país". O Governo também é apontado por não ter levado a sério o problema da xenofobia no país e por não ter resolvido os problemas mais prementes das populações mais pobres. A pobreza extrema e o medo de ficar de fora num país onde o desemprego chega aos 40 por cento estarão na origem desta ira, que toma a forma de "ódio" - a palavra correu ontem as primeiras páginas dos jornais sul-africanos. Mas este é um fenómeno com história. "Historicamente, o apartheid não só separou a comunidade branca da comunidade negra, mas também isolou a África do Sul do resto do continente, o que criou entre os sul-africanos um sentimento xenófobo", diz Jakkie Cilliers. Para este investigador sul-africano, os motins "reflectem o falhanço das políticas do Governo sul--africano em matéria de política externa, com "um apoio a Robert Mugabe no Zimbabwe" e quanto às políticas internas, económicas e sociais. O Zimbabwe é pois outro elemento-chave: os zimbabweanos, que recentemente afluíram em massa para a África do Sul, estão mais bem preparados para competir no mercado. O país teve, pelo menos até agora, um bom sistema de ensino, melhor que o sul-africano, explica Cilliers. "Os zimbabweanos constituem uma ameaça na medida em que podem competir com os sul-africanos." Os moçambicanos, enquanto imigrantes ilegais, também são vistos como uma ameaça, embora diferente. "Como todos os imigrantes ilegais em qualquer país, estão dispostos a aceitar qualquer emprego e qualquer salário." São "os mais pobres dos pobres" que protagonizam esta violência, diz. O que começou por ser "algo de inesperado", alastrou. E isso aconteceu pelos altos níveis de frustração, ira e medo de uma grande parte da população. "As pessoas pobres vêem que há muito dinheiro mas não vêem mudanças nas suas vidas."


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação urbana da Baixa Portuense S.A.

Amanhã, na aula de Geografia C, temos o prazer de receber o Sr. engenheiro Rui Quelhas, que virá falar à turma sobre a reabilitação urbana da "Baixa" do Porto. O Sr. engenheiro Rui Quelhas é administrador da Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense SA.
Para conhecerem um pouco o trabalho realizado por esta empresa, ficam aqui algumas informações retiradas do site da empresa.
Apresentação:
A Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense S.A., é uma empresa de capitais públicos, do Estado (I.N.H.) e da Câmara Municipal do Porto, que tem como missão conduzir o processo de reabilitação urbana da Baixa Portuense, à luz do Decreto-Lei 104/2004 , de 7 de Maio.
Constituída a 27 de Novembro de 2004, à Porto Vivo, SRU cabe o papel de orientar o processo, elaborar a estratégia de intervenção e actuar como mediador entre proprietários e investidores, entre proprietários e arrendatários e, em caso de necessidade, tomar a seu cargo a operação de reabilitação, com os meios legais que lhe foram conferidos.
Objectivos:
Depois da realização de diversos estudos sobre a caracterização do edificado, da população e do tecido económico da Baixa Portuense e do seu Centro Histórico, foi possível definir 5 grandes objectivos:
•A re-habitação da Baixa do Porto;
•O desenvolvimento e promoção do negócio na Baixa do Porto;
•A revitalização do comércio;
•A dinamização do turismo, cultura e lazer;
•A qualificação do domínio público;
Para além destas metas foi ainda possível delimitar uma Zona de Intervenção Prioritária (ZIP) bem como elaborar estratégias e definir pólos e fileiras de desenvolvimento sustentável e identificar actores e alternativas.
Área de intervenção:
A Porto Vivo, SRU tem, estatutariamente, como área de intervenção, a Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística (ACRRU), com cerca de 1000 hectares, ou seja, cerca de um quarto do concelho do Porto. Por razões operacionais, foi delimitada uma área menor, denominada Zona de Intervenção Prioritária (Z.I.P.), onde será concentrado o esforço de reabilitação urbana.
A Zona de Intervenção Prioritária, identificada na figura, compreende uma área com cerca de 500 hectares, cujos limites extremos são, grosso modo , a sul, o rio Douro, a norte, a Praça do Marquês/Constituição, a oeste, a Rua da Restauração/Carvalhosa e, a leste, o Bonfim.
A Z.I.P. engloba o Centro Histórico do Porto (classificado como Património da Humanidade), a Baixa tradicional e áreas substanciais das freguesias do Bonfim, Santo Ildefonso, Massarelos e Cedofeita, correspondentes ao crescimento da cidade nos séculos XVIII e XIX.
Fonte: http://www.portovivosru.pt/index.php (consultem o site para saberem um pouco mais sobre a Porto Vivo)

domingo, 18 de maio de 2008

Catalunha garante que "Espanha ainda não assumiu independência de Portugal"

Josep-Lluís Carod Rovira admite um certo "imperalismo doméstico"

Dirigente fala em complexo histórico e paternalismo


O vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, Josep-Lluís Carod Rovira, disse hoje em Barcelona que Espanha ainda não assumiu que Portugal é um Estado independente. Carod Rovira considera que Madrid pretende manter uma "tutela paternalista" e uma atitude de "imperialismo doméstico" sobre o Estado Português, onde, acrescentou, "historicamente, sempre houve um certo complexo por parte de alguns sectores dirigentes em relação a Espanha". O número dois do executivo catalão e responsável pelas relações externas da região com 7,5 milhões de habitantes, afirma que pretende conseguir o apoio de Portugal para o projecto de independência que defende para a Região Autónoma, cujo referendo propõe que se realize em 2014. "O que menos interessa a Portugal é uma Espanha unitária", afirmou, sublinhando que "uma Catalunha independente na fachada mediterrânea poderia ser o contrapeso lógico ao centralismo espanhol". Segundo Carod Rovira, Portugal deve perceber que a independência da Catalunha nada tem que ver com a regionalização. "A Catalunha é como Portugal mas sem os Restauradores". O vice-presidente do Governo da Catalunha recorre à História, designadamente aos acontecimentos de 1640, para afirmar que "se as coisas tivessem sido ao contrário, hoje Portugal seria uma região espanhola e a Catalunha um estado independente". No século XVII, durante o reinado de Filipe III, Madrid foi confrontada com revoltas em Portugal e na Catalunha mas o Império, apoiado pela França, reprimiu as sublevações catalãs e da Biscaia.Josep-Lluis Carod Rovira, que fala e entende perfeitamente o português, garantiu ter "muitos aliados internacionais" para o que designa "projecto de independência para a Catalunha" mas recusou-se a aprofundar o assunto para não dar "pistas desnecessárias". Para Carod Rovira a situação da Catalunha é específica e não é comparável a nenhuma autonomia ou a qualquer processo de independência. "A Catalunha não é o Kosovo, nem é o País Basco, nem a Madeira", disse, considerando que "os processos de independência passam por três fases: ridicularização, hostilidade e aceitação. Neste momento, estamos entre a primeira e a segunda". Relativamente à participação activa dos imigrantes na construção de uma futura "República da Catalunha", Carod Rovira afirma que "todos podem vir a colaborar numa nação que é permeável à contribuição exterior". Trata-se de um "projecto integrador", sublinha. "Quero ser independente e quero que Catalunha seja mais um Estado da União Europeia", salientou.



O que pensam das ideias do Senhor Josep-Lluís Rovira, quer no que se refere à questão da independência da Catalunha, como, também, na questão das relações políticas entre Espanha e Portugal?

Já agora, fiquem com "Barcelona" (capital da Catalunha) e com a grande Montserrat Caballé e o já falecido Freddie Mercury.


sexta-feira, 16 de maio de 2008

Biosfera: cidades


Neste episódio do programa Biosfera o tema central são as cidades. Fala-se do seu planeamento, da sua (des)organização, recolhendo opiniões de três especialistas na matéria. Podes ver também notícias sobre o felino mais ameaçado do mundo: o lince-ibérico.



Para poderes visionar o programa da RTP clica aqui.

Ranking do IDH 2007/2008


1 Islândia 0.968
2 Noruega 0.968
3 Australia 0.962
4 Canada 0.961
5 Irlanda 0.959
6 Suécia 0.956
7 Suiça 0.955
8 Japão 0.953
9 Holanda 0.953
10 França 0.952
11 Finlândia 0.952
12 EUA 0.951
13 Espanha 0.949
14 Dinamarca 0.949
15 Austria 0.948
16 Reino Unido 0.946
17 Bélgica 0.946
18 Luxemburgo 0.944
19 Nova Zelândia 0.943
20 Itália 0.941
21 Hong Kong, China (SAR) 0.937
22 Alemanha 0.935
23 Israel 0.932
24 Grécia 0.926
25 Singapura 0.922
26 Coreia do Sul 0.921
27 Eslovénia 0.917
28 Chipre 0.903
29 Portugal 0.897 (27º em 2005)
...
76 Ucrânia 0.788
...
162 Angola 0.446
...
170 Chade 0.388
171 República Centro-Africana 0.384
172 Moçambique 0.384
173 Mali 0.380
174 Niger 0.374
175 Guiné-Bissau 0.374
176 Burkina Faso 0.370
177 Serra Leoa 0.336

Para conhecerem na íntegra o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento de 2007/2008 cliquem aqui (versão inglesa).

Planeta perdeu 27 por cento da vida selvagem desde 1970

Índice Planeta Vivo 2008

As populações de animais selvagens do planeta registaram uma queda global de 27 por cento desde 1970, revela o Índice Planeta Vivo 2008 realizado pela Sociedade Zoológica de Londres para a organização WWF (Fundo Mundial da Natureza) e divulgado hoje. As populações das espécies terrestres diminuíram 25 por cento, as marinhas 28 por cento e as de água doce, 29 por cento, revela este Índice que monitoriza quatro mil populações de 302 espécies de mamíferos, 811 de aves, 241 de peixes, 83 de anfíbios e 40 de répteis. A WWF receia que o Baiji (Lipotes vexillifer) ou golfinho do rio Yangtzé (China), se tenha perdido. O espadarte do Atlântico (Xiphias gladius) é outra espécie que está a perder terreno, assim como o abutre indiano (Gyps bengalensis). Mas também há populações que estão em recuperação. É o caso do elefante africano na Tanzânia (Loxodonta africana) e do salmão atlântico (Salmo salar) na Noruega. Apesar disso, os números não são de todo animadores se pensarmos que a comunidade internacional tem apenas mais dois anos para cumprir o ambicioso desígnio a que se propôs em 2000: conseguir reduzir “significativamente” o ritmo de perda da biodiversidade mundial até 2010. A WWF aponta a destruição de habitats e o comércio ilegal como os grandes responsáveis por um declínio que se mantém constante desde 1976. Tudo isto leva a crer que “é muito provável que a meta de 2010 não seja cumprida”, diz o relatório de apresentação do Índice. “A menos que sejam tomadas medidas imediatas para reduzir as pressões sobre os ecossistemas naturais, a perda da biodiversidade global vai continuar inalterada”. A tarefa não será fácil porque, segundo as contas do Índice, todos os anos a humanidade consome 25 por cento mais recursos naturais do que aqueles que o planeta consegue repor. De 19 a 30 deste mês, os líderes mundiais reúnem-se em Bona, Alemanha, na nona Convenção das Partes (COP) da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Em cima da mesa estará, precisamente, a meta de 2010.

Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1328986&idCanal=92 (16/05/08)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Crash - Paul Haggis

Hoje gostaria de partilhar convosco um filme que vi muito recentemente em DVD num daqueles pequenos intervalos em que é possível descansar um pouco e apreciar cinema com qualidade. Fálo-vos de Crash (Colisão), um filme de 2004, realizado por Paul Haggis, um cineasta canadiano que tem uma carreira ainda curta. Dele vi, no cinema, outro belo filme de que já vos falei nas aulas: O Vale de Elah, que aborda os traumas dos soldados americanos que estiveram na Guerra do Iraque.
Crash, que ganhou o óscar para o melhor filme em 2005, aborda o problema do racismo de um forma simultaneamente amarga e comovente. Se tiverem a oportunidade não deixem de ver o filme. É sem dúvida um belo fime!
De seguida, podem ler uma crítica ao filme de Falco Fernandes e visionar o trailler do filme.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Barcelona começou a ser abastecida com água de navio-cisterna

Um primeiro navio-cisterna com água potável chegou hoje a Barcelona para abastecer a população, numa altura em que a Catalunha atravessa uma situação de seca grave, anunciaram as autoridades regionais em comunicado.
O “Sichem Defender”, com 19 mil metros cúbicos de água, é o primeiro de seis navios-cisterna que vão fornecer água aos habitantes de Barcelona durante, pelo menos, os três próximos meses. Em caso de necessidade, os contratos com estas companhias serão renovados. Os navios - dois de Marselha, dois do canal de Provença e dois de Tarragona – têm uma capacidade que varia entre os 19 mil e os 42 mil metros cúbicos de água.Dois navios-cisterna provenientes de Marselha chegarão a Barcelona na quinta-feira e na segunda-feira. Este plano de abastecimento, com um custo mensal de 22 milhões de euros, faz parte das medidas de urgência decididas pelo governo regional catalão para fazer face à grave seca que está a afectar a região. Os navios vão realizar um total de 63 viagens por mês. Assim, Barcelona vai receber, por mês, 1.660 mil metros cúbicos de água, ou seja, seis por cento do consumo dos 5,5 milhões de habitantes da cidade e dos arredores. O Governo espanhol autorizou, a 18 de Abril, a construção de uma canalização, por 180 milhões de euros, entre Tarragona e Barcelona, para encaminhar para a capital catalã a água do rio Ebro.“Se não fizermos nada e se não chover, cinco milhões de habitantes da região de Barcelona não terão água para beber em Outubro”, comentou a vice-Presidente do Governo, Maria Teresa Fernandez de la Vega.



Fonte: AFP em http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1328627&idCanal=92 (13/05/08)

Irena Sendler

Aos 98 anos

Morreu Irena Sendler, a heroína polaca que salvou 2500 crianças do Gueto de Varsóvia
A polaca Irena Sendler, que salvou cerca de 2500 crianças de serem encaminhadas para campos de concentração nazi, morreu ontem, aos 98 anos. Sendler foi considerada como uma das grandes heroínas da resistência polaca ao nazismo, tendo estado nomeada para o Prémio Nobel da Paz. Sendler organizou a saída de cerca de 2500 crianças do Gueto de Varsóvia durante a violenta ocupação alemã, na Segunda Guerra Mundial. Ela - que trabalhava como assistente social - e a sua equipa de 20 colaboradores salvaram as crianças entre Outubro de 1940 e Abril de 1943, quando os nazis deitaram fogo ao Gueto, matando os seus ocupantes ou mandando-os para os campos de concentração. Durante dois anos e meio, Irena Sendler conseguiu ludibriar os nazis e fazer sair do Gueto adolescentes, crianças e bebés - muitos deles disfarçados sob a forma de pacotes - e enviá-los para o seio de famílias católicas, para orfanatos, conventos ou fábricas. Em Varsóvia viviam 400 mil dos 3,5 milhões de judeus que habitavam a Polónia. "Fui educada na ideia de que é preciso salvar qualquer pessoa [que se afoga], sem ter em conta a sua religião ou notoriedade", dizia Irena Sendler. Nascida a 15 de Fevereiro de 1910, a figura de Irena Sendler permaneceu relativamente desconhecida na Polónia, à imagem de Oskar Schindler, que morreu na pobreza, mas que viria a ser imortalizado no cinema pelo realizador Steven Spielberg na película "A Lista de Schindler". Só em Março de 2007 a polaca foi homenageada de forma solene no seu país, tendo o seu nome sido proposto para o Prémio Nobel da Paz. Em 1965, porém, o memorial israelita Yad Vashem tinha já atribuído a Sendler o título de "Justo Entre as Nações", reservado aos não-judeus que salvaram judeus.
Links:
De seguida, podem visionar dois vídeos sobre Irena Sendler




domingo, 11 de maio de 2008

Exército patrulha Beirute após retirada do Hezbollah


Quatro dias de combates fizeram 37 mortos

Tropas libanesas patrulham hoje Beirute, após combatentes do Hezbollah terem retirado das áreas de que se tinham apoderado na sequência de combates mortais com apoiantes do Governo apoiado pelos EUA.O Hezbollah é um grupo político xiita apoiado pelo Irão e pela Síria e que tem uma guerrilha armada e disse ontem que dava por finda a sua presença armada na capital, depois de o Exército – visto como um actor neutro – ter desobedecido às medidas do Governo contra o grupo. Nas piores lutas internas desde a guerra civil de 1975-90, o Hezbollah tinha tomado o controlo de grande parte de Beirute, depois de os seus combatentes terem desalojado homens armados leais à coligação governamental anti-Damasco. Os quatro dias de combates, em que morreram 37 pessoas, surgiram depois de o Governo ter dito que estava a tomar medidas contra a rede de comunicações militares do Hezbollah e ter destituído o chefe da segurança no aeroporto de Beirute, próximo do grupo. O Exército recusou-se a afastá-lo, bem como a desmantelar a rede de comunicações do Hezbollah.

Combates também no Norte

Centenas de militares, apoiados por veículos armados, levantaram bloqueios de estradas e tomaram posições nas ruas da parte muçulmana da capital. Não havia homens armados à vista mas jovens mantinham barricadas nalgumas das principais estradas, cortando os acessos ao aeroporto e ao porto. Enquanto a calma era restaurada na cidade, iniciaram-se combates durante a madrugada na segunda maior cidade do país, Trípoli, no Norte, entre homens armados pró e contra o Governo. Fontes das forçass de segurança disseram que houve baixas mas não deram detalhes.O Líbano está num impasse político há 18 meses, devido às exigências da oposição para ter mais voz no Governo.

Birmânia: Governo distribui ajuda externa mas põe nomes de generais nas caixas


Vítimas do ciclone Nargis começam a receber auxílio

A Junta Militar da Birmânia distribuiu hoje mantimentos e bens de primeira necessidade enviados por organizações internacionais, mas embalou as caixas com fitas adesivas onde constavam os nomes dos principais generais do regime. Os militares, que comandam o país desde 1962, aproveitaram o esforço internacional para fazer propaganda política do governo. A televisão estatal está a divulgar, de forma quase contínua, imagens dos generais, incluindo do líder da Junta Militar, general Than Shwe, a entregarem caixas de mantimentos aos sobreviventes do ciclone Nargis, que no último fim-de-semana devastou o Sul da Birmânia.“Vimos os comandantes regionais a colocarem os seus nomes nas caixas que transportavam a ajuda vinda da Ásia, afirmando que era um presente deles e que eles é que estavam a distribuir na região”, denunciou Mark Farmaner, director da Campanha Burma (Reino Unido), organização que promove os direitos humanos e os ideais da democracia. Numa dessas caixas, o nome do general Myint Swe, nome proeminente da hierarquia governamental, aparecia em destaque, cobrindo um rótulo mais pequeno onde constava a frase: “Ajuda do governo da Tailândia”.


Um milhão de afectados


Uma semana depois da passagem do ciclone, a ajuda de emergência continua a chegar, mas a conta-gotas, dadas as restrições impostas pela Junta Militar, como a exigência de que seja o Exército – e não os funcionários estrangeiros das organizações – a distribuir a ajuda. A par destes acontecimentos, o regime confiscou hoje mais dois carregamentos das Nações Unidas que chegaram por avião, informou o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU. O PAM já tinha tido dois carregamentos apreendidos na sexta-feira à chegada a Rangum.“A situação (destas chegadas) é semelhante à das outras duas”, informou um porta-voz do PAM, Marcus Prior. Segundo o porta-voz da ONU em Banguecoque, Richard Horsey, cerca de um milhão de pessoas foram afectadas pela passagem do ciclone Nargis, e mais de metade ainda não recebeu qualquer ajuda humanitária. De acordo com o último balanço oficial, o ciclone Nargis que afectou a região do delta do rio Irrawaddy, no sul da Birmânia, no fim-de-semana passado, fez 23 mil mortos e mais de 42 mil desaparecidos, mas vários diplomatas estrangeiros no país admitiram que o balanço pode muito bem ultrapassar os 100 mil mortos.

sábado, 10 de maio de 2008

The Closest Thing To Crazy - Katie Melua

Para relaxarem um pouco, aqui vai uma canção muito doce de Katie Melua, "The Closest Thing To Crazy". Katie Melua, nascida a 16 de Setembro de 1984, é uma cantora e compositora de nacionalidade britânico-georgiana. Nascida em Kutaisi (Geórgia), com 8 anos partiu para a Irlanda do Norte e desde os catorze vive em Inglaterra. Em Novembro de 2003 (com 19 anos) gravou o seu primeiro álbum intitulado Call Off the Search que atingiu um milhão de cópias passadas cinco semanas. Tornou-se cidadã britânica em 2005.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

9 de Maio - Dia da Europa


Hoje, 9 de Maio, comemora-se o dia da Europa. É o momento certo para pedir-vos que exponham a ideia que têm da Europa, da União Europeia. Sentem-se verdadeiros cidadãos europeus? Acreditam no projecto europeu? Acreditam que ele é irreversível e que a Europa vai atingir todos os seus objectivos.

Radiohead em vídeo contra exploração infantil- All I Need

Os Radiohead juntaram-se à MTV Exit (End Exploitation and Trafficking) num vídeo contra o tráfico de seres humanos centrado na exploração do trabalho infantil. A canção chama-se "All I need".

Desengane-se quem julga que o fenómeno desapareceu da paisagem portuguesa. O ano passado, foram sinalizados 890 casos de trabalho infantil propriamente dito e 126 casos de "piores formas de trabalho infantil" - crianças usadas no tráfico de droga, na exploração sexual (prostituição e pornografia), na mendicidade ou em actividades arriscados (pela sua natureza e pelas circunstâncias em que são realizados têm alta probabilidade de afectar a saúde, a segurança e o bem-estar da criança).


quinta-feira, 8 de maio de 2008

Abertura em Cuba?


Raúl Castro autoriza cubanos a frequentar hotéis para estrangeiros

O Presidente de Cuba, Raúl Castro, autorizou os cubanos a frequentarem hotéis reservados aos turistas estrangeiros, segundo um comunicado emitido pelo governo cubano."Sim, recebemos essa ordem e desde hoje que ela está vigente", confirmou um dos recepcionistas do hotel Copacabana, em Havana, indica o elmundo.es. Outro funcionário do hotel Riviera, bem como um do histórico hotel Nacional, da capital cubana, também confirmaram esta notícia.Os cubanos que quiserem aceder a estes hotéis deverão pagar os mesmos preços que pagam os estrangiros, precisaram as mesmas fontes, o que na prática significa que apenas um grupo muito restrito de cubanos poderá frequentar estes lugares. Tecnicamente não é necessário aplicar nenhuma lei para que esta medida entre em vigor, uma vez que basta anular a directiva emitida na década de 1990, numa altura em que as autoridades estimularam fortemente o turismo para evitar que a ilha mergulhasse na crise. A Constituição cubana garante a todos os cidadãos nacionais o direito de disfrutar "das mesmas praias, parques, círculos sociais e demais centros culturais, de desportos, recreação e descanso", o que implica que o levantamento da proibição de acesso a hotéis não é mais que a restituição de um direito já garantido por lei. Esta nova medida vem juntar-se a outros sinais de abertura ao exterior preconizados por Raúl Castro, nomeadamente a autorização de telemóveis, computadores, televisões, vídeos e uso de microondas. Raúl Castro, antigo ministro da Defesa, substituiu o seu irmão Fidel - o histórico líder cubano - no passado dia 24 de Fevereiro, em consequência do seu débil estado de saúde, após 19 meses de convalescença.


Será que o regime cubano está mesmo a mudar com a chegada ao poder de Raúl Castro, irmão de Fidel Castro? Será que o comunismo tem os seus dias contados em Cuba?

Em complemento, e em homenagem ao povo e à cultura cubana, um vídeo com "Chan Chan" com a participação dos Buena Vista Social Club", um grupo constituído por alguns dos melhores cantores e músicos de Cuba (muitos deles idosos, alguns já falecidos, como Compay Segundo e Ibrahim Ferrer), que esteve na base de um excelente disco e de um belo filme realizado pelo Alemão Win Wenders.