O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao antigo Presidente finlandês Martti Ahtisaari "pelos seus importantes esforços, em vários continentes e durante mais de três décadas, para resolver conflitos internacionais", comunicou hoje o presidente do Comité Nobel, Ole Danbolt Mjoes, a partir de Oslo, na Noruega.“Esses esforços contribuíram para um mundo mais pacífico e para uma fraternidade entre as nações, dentro do espírito de Alfred Nobel”, indica ainda o Comité.“Durante toda a sua vida adulta (...) Ahtisaari [que foi Presidente da Finlândia entre 1994 e 2000] trabalhou em prol da paz e da reconciliação. Durante os últimos 20 anos, tornou-se uma figura proeminente nos esforços para resolver vários conflitos sérios e duradouros. Em 1989-90 jogou um papel muito significante no estabelecimento da independência da Namíbia; em 2005, ele e a sua organização, a Iniciativa para a Gestão de Crises [CMI, na sigla em Inglês] foram centrais na solução dos complicados problemas da província de Aceh, na Indonésia”, sublinhou ainda o Comité. Martti Ahtisaari, há muito considerado como um sério pretendente ao Nobel da Paz, fundou a sua organização não-governamental CMI em 2000, e foi através dela que conseguiu o acordo de paz entre o governo indonésio e os ex-rebeldes maoístas independentistas do Movimento Aceh Livre, pondo fim a um conflito que fez cerca de 15 mil mortos desde 1976. Nos termos do acordo mediado por Ahtisaari, os rebeldes pousaram as armas e o poder central retirou uma grande parte das suas forças armadas da província rebelde. "Em 1999 e, depois, em 2005-07 [na qualidade de enviado especial da ONU], tentou, em circunstâncias especialmente difíceis, encontrar uma solução para o conflito no Kosovo. Em 2008, através do CMI e em cooperação com outras instituições, Ahtisaari tentou encontrar uma solução pacífica para os problemas do Iraque. Fez igualmente contribuições construtivas para a resolução dos conflitos na Irlanda do Norte, Ásia Central e no Corno de África", especifica o comunicado de imprensa difundido hoje pelo comité, a partir de Oslo. O Trabalho no Kosovo tinha já valido a Ahtisaari uma nomeação para o Nobel da Paz em 2000. Até Março do ano passado Ahtisaari foi o mediador das conversações sobre o Kosovo enquanto enviado da União Europeia. O finlandês traçou um plano que defendia uma independência da província sérvia, sob supervisão europeia, com uma autonomia alargada para a minoria sérvia que habita o Kosovo. Mas este plano foi rejeitado pela Sérvia e pela Rússia, o que acabou por original a independência unilateral do Kosovo a 17 de Fevereiro deste ano. Foi igualmente Ahtisaari que investigou o ataque à bomba contra o quartel-general da ONU no Iraque, em 2003, que matou 22 pessoas, incluindo o chefe da missão, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Através do seu inquérito, que concluiu que a segurança em Bagdad era “disfuncional” e “desleixada”, levou a que o então secretário-geral da ONU Kofi Annan propusesse um reforço de 97 milhões de dólares para o sector da segurança do corpo de funcionários das Nações Unidas. A htisaari, de 71 anos, casado e com um filho, demonstrou igualmente as suas credenciais de liderança quando conduziu o seu país à União Europeia, em 1995, e a sua entrada no grupo da moeda única, em 1999. “Ahtisaari é hoje um excelente mediador internacional. Através dos seus incansáveis esforços e bons resultados, mostrou qual o papel que a mediação pode desempenhar na resolução de conflitos. O Comité Nobel Norueguês expressa a sua esperança em como outras pessoas possam inspirar-se nos seus esforços e nos seus resultados”. Este ano, 197 personalidades e organizações estavam “em linha” para a atribuição deste prémio. O Prémio Nobel, que consiste numa medalha, num diploma e num cheque de 10 milhões de coroas suecas (cerca de um milhão de euros), será atribuído numa cerimónia a decorrer em Oslo no dia 10 de Dezembro, data do aniversário da morte do seu fundador, o industrial e filantropo sueco, Alfred Nobel, igualmente conhecido por ter inventado a dinamite.
(10.10.2008)
Eis um bom exemplo para todos os políticos do Mundo.
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