quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Conferência de Berlim

A partilha de Africa, 1914


O Congresso de Berlim realizado entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885 teve como objectivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.

No congresso, que foi proposto por Portugal e organizado pelo Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha — país anfitrião, que não possuía mais colónias em África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (actual Namíbia) e o Tanganica — participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria e o Império Otomano.

Os Estados Unidos possuíram uma colónia em África: a Libéria, só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil (1861-1865) relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colónias em África, mas era o centro do Império Otomano, com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África, também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indirectos naquele continente.

Num momento desta conferência, Portugal apresentou um projecto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia em ligar Angola e Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colónias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Apesar de todos concordarem com o projecto, Inglaterra, supostamente um antigo aliado dos portugueses, surpreendeu com a negação face ao projecto e fez um ultimato, conhecido como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, acabou por abandonar o projecto.

Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com excepção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com excepção do Tanganica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Companhia Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi. (Wikipédia)

A maioria dos conflitos, muitos deles sangrentos, que são actualmente travados em África são, ainda, uma consequência desta Conferência de Berlim que retalhou o continente africano a régua e esquadro sem ter em linha de conta a distribuição geográfica das diferentes etnias.

2 comentários:

Mara disse...

Conferência realizada em 1885. Serviu para redefinir alguns aspectos do mapa colonial dos finais do século XIX, com o continente africano, rico em matérias-primas, como alvo preferencial dos interesses das grandes potências industrializadas. Bismarck pretendia que a Inglaterra denunciasse o tratado anglo-português. De comum acordo com a França, juntou em Berlim as outras potências da Europa.
Os interesses portugueses foram bastante atingidos com a realização desta conferência.
Num momento desta conferência surge na mente de alguns políticos - Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, Barros Gomes, entre outros - a ideia de formar um vasto território na África Central, a partir do litoral que dominávamos,ou seja, ligando Angola e Moçambique,para haver uma comunicação entre as duas colónias-mapa cor-de-rosa.
Provocou forte reacção da Inglaterra.
No entanto, este nosso plano chocava frontalmente com os planos de expansionismo inglês para esta área, sobretudo com as iniciativas de Cecil Rhodes, cujo plano pretendia ligar o Cabo ao Cairo, sempre por solo britânico, ao mesmo tempo que punha em jogo o critério, formulado em Berlim, de que só a ocupação efectiva seria prova do domínio colonial. Por isso, o Governo apressou-se a organizar expedições de várias ordens aos territórios enquanto se desenvolviam esforços para a obtenção de apoios no plano diplomático.
Pensou-se que um desses pontos de apoio fosse a Alemanha, visto também ter disputas coloniais com a Inglaterra.
Porém, não conseguimos o apoio da Alemanha e nem conseguimos provar a nossa procedência na ocupação dos territórios em causa.
De resto, esta disputa colonial com a Inglaterra acabaria por levar ao (humilhante) Ultimato feito a Portugal, em Janeiro de 1890.
O Ultimato consistiu num telegrama enviado ao governo português pelas autoridades inglesas, a 11 de Janeiro. Exigia a retirada imediata das forças militares portuguesas nos territórios entre Angola e Moçambique. Esses territórios correspondem aos actuais Zimbabwe e Malawi. Caso a exigência não fosse acarretada por Portugal, a Inglaterra avançaria com uma intervenção militar.
Portugal foi obrigado a desistir do "Mapa cor-de-rosa" e teve que ceder vários territórios e reconhecer o estado do Congo.

E assim cai por terra o nosso sonho de constituir a África Meridional Portuguesa .

Anónimo disse...

O Congresso de Berlim realizado entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885 teve como objetivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.

No congresso, que foi proposto por Portugal e organizado pelo Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha — país anfitrião, que não possuía mais colônias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia) e o Tanganhica — participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano.

Os Estados Unidos possuíram colônia na África; a Libéria, só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil (1861-1865) relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colónias em África, mas era o centro do Império Otomano, com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África, também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indirectos naquele continente.

Num momento desta conferência, Portugal apresentou um projecto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia em ligar a Angola e Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Mas este documento, apesar de todos concordarem com o projecto, Inglaterra, supostamente um antigo aliado dos portugueses, surpreendeu com a negação face ao projecto e fez um ultimato, conhecido como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projecto foi-se abaixo.

Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com excepção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com excepção do Tanganica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Companhia Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi.

Posto isto, Portugal perdeu a oportunidade de conquistar colónias no continente Africano.

Telmo Conceição
11ºI