sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Escolas do Porto estão "um barril de pólvora", acusa representante das associações de pais


Pais esbofetearam uma professora numa escola do Cerco; na EB1 do Bonfim, um aluno feriu funcionária

As escolas do Porto começaram o novo ano lectivo com cerca de 100 auxiliares de acção educativa a menos e, para o presidente da Federação das Associações de Pais do Porto, Manuel Monteiro, esse problema está na base das agressões dos últimos dias: no dia 21 de Setembro, uma professora da Escola do 1.º Ciclo do Cerco foi esbofeteada pelos pais de um aluno; anteontem, um aluno agrediu uma funcionária na EB1 do Bonfim com um pedaço de madeira. "As escolas estão, infelizmente, transformadas em barris de pólvora. A todo o momento há agressões porque não há funcionários que ajudem a controlar a situação", referiu Manuel Monteiro, dizendo que, anteontem, a Federação das Associações de Pais do Porto (FAPP) foi chamada a duas escolas "que os pais queriam fechar porque não têm funcionários que assegurem o bom funcionamento das escolas". Na Escola Secundária de António Nobre, com 850 alunos inscritos, há apenas 13 auxiliares de acção educativa, quando, "segundo os rácios da ministra [da Educação], devia ter menos 23", exemplificou o presidente da FAPP. "Ainda por cima, daqueles 13 funcionários, 11 estão na casa dos 60 anos", apontou, acrescentando que, nalgumas das escolas com funcionários a menos, não há porteiros. Assim, "os miúdos entram e saem da escola sem ninguém que os controle". O pior é quando a ausência de vigilância degenera em indisciplina. Anteontem, na Escola EB1 do Bonfim, um dos alunos terá pegado numa ripa de madeira e partiu o queixo a uma funcionária. Esta teve que receber assistência hospitalar. Na Escola do 1.º Ciclo do Cerco, foram os pais de um aluno que, no dia 21, esbofetearam uma professora, supostamente por discordarem do castigo imposto ao filho. "A professora mandou o aluno fazer qualquer coisa, ele negou-se a cumprir a determinação, pelo que ficou de castigo na cantina, enquanto os colegas foram para o recreio", descreveu à agência noticiosa Lusa o presidente da associação de pais, José Santos. Alguém terá telefonado aos pais do aluno a relatar o sucedido e estes, depois de vários insultos e ameaças a professores e funcionários, "fizeram cumprir a sua vontade, agredindo a professora". A docente meteu baixa médica e a Direcção-Regional de Educação do Norte anunciou que a escola vai avançar com uma queixa-crime contra os alegados agressores. Entretanto, todos os pais deixaram de poder entrar na escola. Quem for buscar o filho passa a ter que esperá-lo à porta. "É uma medida que se compreende, porque agressões deste tipo exigem medidas e punições exemplares", reagiu Manuel Monteiro. Umas semanas antes, um segurança e uma professora da Escola EB 2,3 do Cerco - outra escola do mesmo agrupamento, que congrega alunos do problemático Bairro do Cerco - foram agredidos por dois alunos que tinham sido suspensos. O caso seguiu para o Ministério Público.

O que pensam desta situação vividas nas escolas do Porto? O que é que deve ser feito para acabar com a violência e a indisciplina nas escolas?

2 comentários:

Diogo Silva disse...

Ora bem, eu realmente não estou muito surpreso com esta situação. Solução, há uma muito simples serem os avós a educar com aquela educação mais conservadora. Primeiro, nunca atrofiou nenhum menino por levarem umas palmadas e segundo os resultados são muito bons na minha opinião porque se fizeram grandes pessoas graças a esse tradicionalismo. A situação do cerco já ouvi dizer que foi enfatizada para ser manchete de jornal, não sei. O que é certo é que numa das reuniões de inicio de ano eu acompanhei o meu irmão e fiquei atrapalhadíssimo com a ignorância de uns e, perdoe-me a expressão, a estupidez de outros. Nessa reunião uma mãe enquanto a professora falava de enviar os trabalhos de casa dirigiu-se a ela em tom de superioridade e de revolta perguntando o seguinte: “ a senhora professora não vai enviar tpc para a minha filha pois não? Claro que a professora disse que ia e a digníssima mãe muito revoltada diz em tom ameaçador e com o seu estilo linguístico reduzido o seguinte “ então esqueça a minha filha não vai fazer um trabalho de casa sequer porque isso é ridículo e digo-lhe mais, se enviar tpc para o meu educando eu e o meu marido vamos causar-lhe muitos problemas” (isto agora traduzido por palavras minhas porque se fosse com as da senhora era asneira sim asneira não e ofereceu violência física a professora que culpa não tenha nenhuma). Uma semana depois, e já com tpc enviados para os alunos esta senhora invadiu a escola mais o seu nada conflituoso marido e causaram o caos. Portanto o que quis dizer essencialmente é que tudo começa em casa. Neste momento os pais depositam os filhos na escola com o intuito de passarem o tempo de forma diferente sem ser a “chatear-lhes o juízo”.
Como podemos ter crianças “humanas” no sentido de terem mais responsabilidade, e mais civismo, se os pais comportam-se como iletrados ou de pessoas com o quarto ano (quarto ano mental diria eu)?
Realmente não entendo. Hoje li no jornal de noticias uma historia de três adolescentes que assaltaram uma loja na Reboleira e que violaram a funcionaria sobre ameaça de arma de fogo, as idades eram de 16 e 17 anos, e na TV mais tarde vi um agente a falar e culpava a família dizendo que tudo começou por invenção do papa de um dos meninos que na sua boa fé disse “há e tal fixe era assaltar uma loja e violar a empregada, eu na tua idade já fazia isso…” bem ironias a parte, este mundo esta do avesso.
As senhoras funcionárias da escola são na sua grande maioria de idade já avançada mas esse não é o problema porque não deveriam, aliás não é suposto os funcionários das escolas serem seguranças!
Eu acho que o ensino evoluiu bastante, agora até se oferece computadores Magalhães a meninos que não sabem ler nem escrever, mas a estrutura escolar em si não acompanhou a evolução, ou melhor, o percurso evolutivo das estruturas escolares não sofreram alterações que suprimissem, ou camuflassem, as metamorfoses comportamentais dos educandos.
O problema disto é que os pais dos meninos vivem graças a estes. Já se vêm casos de alunos que vão para a escola porque os pais têm direito a alguns subsídios ou seja é uma forma diferente de por os filhos a render. Antigamente os filhos eram força de trabalho, hoje são fonte de rendimentos.
Assim não sei como a senhora ministra vai resolver este tipo de problemas que são digamos comportamentais e até culturais diria eu com toda a segurança. Fico para ver o rumo que Portugal irá tomar. Há sempre dois caminhos, um bom e um extremamente mau e a falta de sabedoria (que exagero) dos jovens hoje em dia é preocupante.





Bem, não me tenho identificado sou o Diogo do 12 H do ano lectivo 2007/2008. Enquanto procuro a carta das nações unidas, leio o código civil, e a constituição portuguesa, dou uma olhadela no blog do professor e, para surpresa minha, os alunos do 12 ano deste ano lectivo não vem aqui comentar…queria ver o calibre da descendência da minha turma =p
Uma coisa caricata que vi e comentei com o meu professor de direito constitucional, como é possível uma pessoa desesperada como aquele membro do governo americano ter-se ajoelhado perante o senado para implorar de certa forma a aprovação (já concedida hoje) das novas medidas para resolver a crise americana? Realmente soberbo para os anti americanos realmente humilhante para os pró americanos.

Mariana_Magalhães disse...

Realmente, este tipo de situações começam a ser frequentes.
Já um pouco antes da Páscoa,creio eu, houve a notícia da aluna que agrediu a professora de Francês por causa de um simples telemóvel.
Penso que o lugar dos professores é ensinar e não disciplinar os alunos, até porque isso faz parte das tarefas dos pais, em casa, para com os seus filhos.
Alguns alunos não têm educação em casa e depois vão para a escola fazer figurinhas tristes e bater a funcionários e professores, que trabalham bastante para a sua evolução académica.
Se um professor castiga um aluno ou lhe retira um telemóvel é porque esse procedimento é o melhor para o aluno, não?
Há que pensar nisso.
E os pais que decidem "invadir" a escola sem saber as duas versões e que vão só pelo que os filhos dizem ainda são piores. Realmente com exemplos como estes, como é possível este país evoluir??
O que é certo é que os jovens de hoje em dia pensam que só eles é que estão certos e que as outras pessoas estão erradas e isso causa conflitos, é obvio.
A falta de respeito pelos funcionários e professores, sinceramente, não me surpreende devido à frequência com que testemunhamos situações parecidas.
Está claro que se os alunos não concordam com o comportamento de um determinado professor, devem falar com ele no final da aula e pôr a boa educação em prática, porque a educação serve para alguma coisa.