segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Rebeldes atacam sede do refúgio para gorilas na República Democrática do Congo


Parque Nacional de Virunga


Numa acção inédita, forças rebeldes tomaram ontem a sede do Parque Nacional de Virunga (República Democrática do Congo), em Rumangabo, refúgio para cerca de 200 dos únicos 700 gorilas da montanha do planeta. A agência Associated Press cita locais que dão conta da morte de várias pessoas, entre elas soldados, rebeldes e civis num ataque perpetrado de madrugada. Na manhã seguinte, as tropas governamentais foram enviadas para a região. Os rebeldes cortaram a estrada que liga a sede do Parque Nacional à capital da província de Kivu do Norte, Goma, a 45 quilómetros. “A tomada de assalto da nossa sede em Rumangabo pelos rebeldes é algo sem precedentes, mesmo em todos os anos de conflito na região”, declarou Emmanuel de Merode, director do Parque Nacional de Virunga, num comunicado divulgado ontem pelo Parque Nacional. Mais de 50 guardas florestais do parque foram obrigados a fugir para Kibumba (a 20 quilómetros de Rumangabo), através da floresta. “O conflito no terreno é caótico e perigoso. Não podemos deixar que os nossos guardas sejam transformados em alvos”, disse Merode.“Quando os rebeldes se começaram a aproximar da sede pensámos que íamos morrer. Não somos combatentes militares, somos guardas florestais que protegem a vida selvagem de Virunga”, contou Bareke Sekibibi, guarda florestal de 29 anos, por telemóvel quando estava ainda a atravessar a floresta. Os rebeldes que atacaram a sede do parque, leais ao líder dos rebeldes Laurent Nkunda, alegam que estavam apenas a responder a um ataque do Exército e a tentar proteger a minoria Tutsi. Há quase um ano que parte do Parque Nacional, perto da fronteira com o Ruanda e o Uganda, foi ocupada pelos rebeldes. Já a 8 de Outubro os rebeldes tinham tomado de assalto uma base militar a apenas três quilómetros da área protegida. Nessa altura, a porta-voz do Parque Nacional, Samantha Newport, disse à Reuters que os guardas florestais deviam abandonar a zona com as suas famílias, porque existia uma “verdadeira ameaça de que o conflito possa chegar à sede do parque”. Segundo Samantha Newport, “será impossível para os guardas fazerem o seu trabalho se a sede for tomada”.Há quase um ano que os confrontos entre os rebeldes leais ao general Nkunda e o Exército têm sido intermitentes naquela região. Em Agosto, o conflito intensificou-se, ameaçando o chamado Sector Gorila do parque nacional.Só na última década morreram 120 guardas do Parque Nacional de Virunga, em confrontos com grupos armados e caçadores ilegais. Nesta zona de conflitos, dez gorilas foram mortos no ano passado, o que chocou o país. Os gorilas da montanha são uma espécie criticamente ameaçada e o seu habitat está reduzido à Área de Conservação dos Vulcões Virunga (região onde vivem 380 animais e é dividida pela República Democrática do Congo, Ruanda e Uganda) e na Floresta de Bwindi, no Uganda (onde vivem 320 animais). Com 7800 quilómetros quadrados, Virunga é o parque nacional mais antigo do continente africano, criado em 1925 com o nome de Parque Nacional Alberto, e é património da Humanidade desde 1979. (Público)

E agora fiquem com imagens do trailler de um filme de 1988 "Gorilas na Bruma", com a actriz Sigourney Weaver no papel de Dian Fossey uma cientista que estudou o comportamento do gorilas que foi assassinada por apenas defender e proteger esses animais.


1 comentário:

Filipe Ribeiro disse...

Em relação ao filme, vi-o na televisão e gostei imenso, já não me recordo totalmente do filme, pois já lá vai algum tempo.
Lembro-me que a actriz convivia, como vemos no trailer com os gorilas, estudava o comportamento e tentava evitar a extinção destes.
O director do Parque Nacional parece-me algo supreendido com esta invasão, para min este acto não é supreendente, dado que os rebeldes estão a tentar tomar uma posição, afirmar-se e à poucos dias terem tomado uma base militar a dois quilometros da sede do Parque Nacional.