sábado, 15 de novembro de 2008

G20 quer recuperar a confiança nos mercados e reformar o sistema financeiro


Os líderes dos países mais industrializados do mundo e emergentes (G20), reunidos em Washington, estão empenhados em encontrar medidas de regulação dos mercados financeiros. O “plano de acção”, que será desenhado até Março, deverá ter cinco linhas condutoras: reforçar a transparência e a responsabilidade dos mercados, promover uma forma de regulação eficaz e harmonizada, garantir a integridade dos mercados, potenciar a cooperação internacional e reformar as principais instituições financeiras internacionais. Apesar de as medidas terem de ser encontradas até 31 de Março, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy sugeriu que o próximo encontro do G20 se realizasse em Londres, já que a Grã-Bretanha presidirá o grupo dos principais países industrializados e emergentes em 2009. De acordo com o comunicado emitido no final do encontro de hoje, a próxima reunião deverá acontecer a 30 de Abril, já sem o Presidente cessante Bush, visto que Obama toma as rédeas da Casa Branca a 20 de Janeiro. O G20 chegou a acordo sobre a necessidade de se relançar de forma coordenada e concertada a acção económica. O presidente em exercício da União Europeia, Sarkozy, classificou, por isso, esta cimeira como “histórica” já que “países muito diferentes” conseguiram chegar a um acordo sobre “uma nova regulação dos mercados para que uma crise como esta não se possa reproduzir mais”. Face às “condições económicas degradadas a nível mundial, pusemo-nos de acordo sobre a necessidade de uma resposta política largamente fundada sobre uma cooperação macroeconómica mais estreita para restaurar o crescimento”, indica o G20 em comunicado. É neste contexto que surge o esperado “plano de acção” com uma lista de medidas prioritárias que devem ser estipuladas até 31 de Março de 2009. Na primeira parte do documento apresentado no final da cimeira, com cinco páginas, o G20 apela à intensificação dos esforços governamentais para relançar as economias nacionais, cooperar na regulação internacional do sistema financeiro, reformar as estruturas globais de ajuda aos países em desenvolvimento e rejeitar o proteccionismo. Com o objectivo de prevenir uma crise semelhante à presente, os ministros das Finanças do G20 serão confrontados com recomendações específicas para harmonizarem os padrões internacionais de regras contabilísticas.


Instituições prioritárias


Neste ponto, está prevista a introdução de regras mais efectivas sobre a avaliação dos activos pelas empresas, uma questão que, pelo menos em parte, é considerada responsável pela crise. "É desejável assegurar que os mercados financeiros, produtos e intervenientes sejam regulados, ou fiquem sujeitos a supervisão", acentuou fonte oficial. Assim, os governos terão de cooperar entre si para se protegerem dos chamados paraísos fiscais reticentes à cooperação. Sobre a mesa estão ainda recomendações para mudar o modo como as práticas compensatórias premeiam o risco e também para rever os requisitos de gestão exigidos às instituições financeiras internacionais, identificando quais são as cruciais para a economia global. Os ministros das Finanças dos diferentes países ficam, assim, com a missão de elaborar uma lista com as instituições financeiras que podem por em perigo todo o sistema financeiro internacional em caso de falência ou crise. A segunda parte do documento - igualmente com cinco páginas - rotulada de "plano de acção", contempla medidas para melhorar a transparência e responsabilidade, a regulação e a confiança nos mercados, o fortalecimento da cooperação e a reforma das instituições internacionais. O "plano de acção" aponta no médio prazo para a regulação das agências de notação financeira. No encontro ficou também decidido que os países em desenvolvimento serão representados no seio do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. “Estamos determinador em fazer progredir a reforma das instituições de Bretton Woods de maneira a que reflictam melhor a evolução dos respectivos pesos económicos mundiais e de aumentar a sua legitimidade e a sua eficácia”, lê-se no comunicado. O Fórum de Estabilidade Financeira é outra estrutura que os países reunidos sentem que é importante abrir às economias emergentes. O grupo quer também conseguir, antes do fim do ano, um acordo com a Organização Mundial do Comércio, sobre a liberalização das trocas mundiais. Os dirigentes consideram premente e “vital rejeitar o proteccionismo”, em especial em tempos de incerteza financeira. Bush e o líder espanhol José Luis Rodríguez Zapatero tinha já hoje apelado a que a intervenção no mercado fosse feita de forma pontual para se garantir a liberdade do mesmo e afastar as tendências proteccionistas. Nas últimas semanas a China foi criticada por tomar medidas para apoiar as suas exportações, um dos principais motores da economia do país, para fazer face à desaceleração da procura mundial. (Público)





Os membros do G-20 são os Ministros de Finanças e os Presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A União Europeia também é membro, representada pela presidência rotativa do Conselho e pelo Banco Central Europeu. Para garantir que fóruns e instituições de economias globais trabalhem juntos, o Director-Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Presidente do Banco Mundial e os coordenadores do Comité Monetário e Financeiro Internacional e do Comité de Desenvolvimento também participam ex-officio das reuniões do G-20.


Assim, o G-20 congrega importantes países industrializados e emergentes de todas as regiões do mundo. Juntos, os países membros representam por volta de 90% do produto interno bruto mundial, 80% do comércio internacional (incluindo o comércio interno da UE), assim como dois terços da população do mundo. O peso económico do G-20 e a grande população que representa dão-lhe elevado grau de legitimidade e influência na condução da economia e do sistema financeiro globais.


Para conheceres melhor os objectivos e as actividades desenvolvidas pelo G20 visita o site oficial do G20:

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