sábado, 29 de novembro de 2008

Quais as razões para a crise na Tailândia?

Protestantes anti-governo no aeroporto de Banguecoque

Protestantes anti-governo ocuparam os principais aeroportos de Banguecoque na quinta-feira, obrigando ao cancelamento de vários voos. Este foi o último desenvolvimento de uma campanha de rua contra o Governo tailandês que já dura há seis meses. A encabeçar os protestos está a Aliança do Povo para a Democracia (People's Alliance for Democracy, PAD). Eis algumas Perguntas e Respostas do jornal Público.
Por que deixou a polícia que o PAD ocupasse os aeroportos?

A polícia está desesperada por evitar uma repetição de 7 de Outubro, quando duas pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas em confrontos em frente ao Parlamento. O PAD está armado e já dispararam sobre a polícia no mês passado, o que sugere que qualquer tentativa de os afastar pela força, pode resultar em várias baixas, aumentando as hipóteses de intervenção militar. Outras possíveis razões para a polícia não actuar vão desde a incompetência até ordens que são canceladas por instâncias superiores.

Como é que a ocupação do aeroporto ajuda o PAD?


O caos provocado está a retirar apoio popular ao PAD, principalmente porque o turismo, que emprega 1,8 milhões de pessoas, será muito afectado. Mas o objectivo principal é tornar Banguecoque ingovernável e desencadear um golpe de estado contra um governo, que dizem ser um peão do antigo líder no exílio, Thaksin Shinawatra. No caso de ser instalado um governo militar interino, o PAD teria mais hipóteses de avançar com as suas “novas políticas”, assegurando que o Parlamento ficaria repleto de seus nomeados. Alguns dos planos do PAD têm como nomes de código “Hiroshima” e “Nagasáqui”, e os seus ideólogos já foram citados a dizer que são necessários assassinatos políticos.

Quem apoia o PAD?


A real aliança de empresários, académicos e activistas dizem que o PAD recebe um milhão de baths (22 mil euros) por dia do público. Analistas suspeitam que também são financiados por grupos de interesse financeiros anti-Thaksin, facções do exército e figuras do próprio palácio presidencial, incluindo a rainha Sirikit, que foi ao funeral de um apoiante do PAD, morto em confrontos com a polícia.

O que tem o rei da Tailândia a ver com a crise?


Oficialmente, nada. Mas não se pode ignorar um homem que é visto como semi-divino por quase 65 milhões de pessoas. Como ficou demonstrado nas revoltas de 1992, o rei Bhumibol tem suficiente força moral para afastar um primeiro-ministro e, segundo próprio admitiu, politicamente está “no centro e a trabalhar em todos os campos”. Há cada vez mais preocupações quanto à sua saúde, depois de ter passado três semanas no hospital com um coágulo no cérebro, há um ano.

Há o risco de um novo golpe militar?


A hipótese nunca deve ser posta de lado num país que sofreu 18 golpes de estado em 76 anos, dos quais nem todos vividos em democracia. Isto mesmo que as mais altas patentes digam que nem sequer sonham com isso.

Eleições antecipadas poderiam resolver alguma coisa?


A curto prazo, sim. A longo prazo, não. Se a violência nas ruas aumentar (um apoiante do PAD foi arrastado do seu carro e assassinado na quarta-feira) o primeiro-ministro tailandês, Somchai Wongsawat, poderá tentar acalmar as coisas, convocando eleições antecipadas. Contudo, com o apoio que ainda há ao ex-líder Thaksin, seria quase certa a eleição de um governo pró-Thaksin, fazendo com que tudo volte à estaca zero.

Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1351532&idCanal=11

1 comentário:

MariaCosta disse...

De facto a exigência de democracia na Tailândia tem dado origem a várias manifestaçoes. Esta ultima com grande adesao pretende mostrar ao seu governo interno no estado em que se encontra a Tailândia.
A crise prelonga-se, e a populaçao está cada vez mais descontente com o seu regime político.
Na minha opiniao, eleiçoes antecipadas nao resolveriam totalmente o problema, mas na falta de uma soluçao a longo prazo, talvez seja a melhor medida a implementar e ver os resultantes conforme a reacçao da populaçao.