D. Carlos Filipe Ximenes Belo (Uailacama, Baucau, 3 de Fevereiro de 1948) é um bispo católico timorense que, em conjunto com José Ramos-Horta, foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz de 1996, pelo seu trabalho "em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste".
D. Ximenes Belo esteve hoje presente na nossa Escola (14 de Novembro) e apresentou uma palestra com o título "O Meu Nome É Paz". Tratou-se de um momento histórico e único para a nossa Escola, que nos orgulhou a todos. Não é todos os dias que a Escola recebe um Prémio Nobel.
Biografia
Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama, concelho (hoje distrito) de Baucau, na costa norte do então Timor Português. O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. Exceptuando um pequeno período entre 1974 e 1976 -- quando esteve em Timor e em Macau --, entre 1969 e 1981, Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980.
De regresso a Timor-Leste em Julho de 1981, Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e director. Quando em 1983 se reformou Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o papa. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como bispo.
A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na sé catedral, Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional e da própria Igreja Católica.
Em Fevereiro de 1989 Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao papa João Paulo II e ao secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em Abril, Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz (1991) e denunciou os números das vítimas mortais.
A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1996. Na sequência deste reconhecimento, Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul.
Após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, a saúde do bispo começou a esmorecer perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de Novembro de 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em Maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" -- afirmou.
Com a saúde restabelecida, em meados de 2004 Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.
D. Ximenes Belo é doutor «honoris causa» pela Universidade do Porto, por proposta da respectiva Faculdade de Letras (investido em Outubro de 2000, juntamente com Xanana Gusmão e José Ramos-Horta).
De regresso a Timor-Leste em Julho de 1981, Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e director. Quando em 1983 se reformou Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o papa. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como bispo.
A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na sé catedral, Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional e da própria Igreja Católica.
Em Fevereiro de 1989 Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao papa João Paulo II e ao secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em Abril, Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz (1991) e denunciou os números das vítimas mortais.
A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1996. Na sequência deste reconhecimento, Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul.
Após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, a saúde do bispo começou a esmorecer perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de Novembro de 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em Maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" -- afirmou.
Com a saúde restabelecida, em meados de 2004 Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.
D. Ximenes Belo é doutor «honoris causa» pela Universidade do Porto, por proposta da respectiva Faculdade de Letras (investido em Outubro de 2000, juntamente com Xanana Gusmão e José Ramos-Horta).
Fonte: Wikipédia
Peço aos alunos que assistiram à palestra que façam uma reflexão sobre esta actividade.
8 comentários:
Adorei a palestra!
A forma como D. Ximenes Belo diz as coisas e defende as suas ideias faz com que qualquer um fique a pensar no assunto, porque realmente até o tom de voz do bispo é de uma leveza inexplicável.
Disse verdades que por vezes custaram ouvir, tal como: "O homem deixou de ser racional e passou a ser um ser bélico." É claro que isto custa a ouvir, mas o seu apelo à paz toca qualquer um.
Achei que o Sr. Bispo era uma pessoa digna do cargo que tem e uma pessoa correcta com todos.
Admito que antes não sabia nada deste Senhor, mas desde sexta-feira que ganhou mais uma fã, eu!
Espero poder voltar a ouvi-lo em outras palestras, pois gostei muito das suas palavras!
O meu nome é Paz
A humildade, simpatia e persistência foi algo que predominou no discurso de Ximenes Belo.
O rasgado sorriso que surgia entre os temas mais profundos, caracterizam para mim D. Ximenes.
Foi de facto um enorme previlégio poder receber este senhor tão consagrado!
Gostaria que a sua palestra fosse além mais do que os problemas sociais vividos actualmente... e que se retrocedesse um pouco no tempo, falando dos obstáculos percorridos para alcançar a Paz em Timor.
Retenho da palestra a seguinte frase : " Disseram-me que vós alunos não conheceis os reis portugueses?! ... estudais o mundo que se passa /passou lá fora e não conheceis o vosso Rio Tinto, o vosso Porto- Portugal".
Sem margens para dúvida, o bispo tem verdadeiramente razão. Hoje em dia, poucos são os jovens que sabem a geografia do seu país, a historia da sua rua, a História Nacional... e encontram-se na escola a dar revolução inglesa, guerra fria, revolução russa , entre muitas outras à escala mundial.
Penso que isto foi um alerta para a educação que se faz neste país!
Bem isto foi um pequeno comentário à palestra, assim que tiver um pouquinho mais de tempo, passo por cá novamente para realçar aspectos que ainda não referi.
Espero que todos os alunos tenham gostado e tirassem proveito da bela palestra de D. Ximenes.
Foi sem dúvida a melhor palestra que assisti até hoje!
Adorei o discurso de D.Ximenes demonstrando ser uma pessoa muito digna e plenamente consciente de tudo o que dizia.
Esta palestra fez-me pensar em coisas que muitas vezes me passam ao lado, e como disse e bem D.Ximenes se nós não tivermos em paz interiormente também não o estamos com os outros, e isso é bem verdade.
O que retirei de bom nesta palestra foi que saí de la muito mais consciente dos problemas que nos rodeiam!
Gostei muito desta palestra!!
Foram abordados assuntos com os quais somos várias vezes confrontados e, por isso, a forma como D. Ximenes Belo os trata faz-nos pensar nas nossas atitudes.
Simpatizei com o bispo e valorizo a sua personalidade, a sua humildade, a sua solidariedade, o seu espírito apaziguador.
O espaço de tempo em que decorreu esta palestra tinha de ser aproveitado ao máximo, visto que não é todos os dias que a escola recebe um prémio Nobel da Paz!
De todas as mensagens que ouvi, houve uma que me ficou no ouvido, mas que não consigo transmitir integralmente, mas: não pratiquem o mal, usem o bem para derrotar o mal!!!
Devo dizer que quando soube que D. Ximenes Belo vinha à nossa escola, não fiquei nada impressionada ou ansiosa, devido ao facto de não ser religiosa/católica.
Mas a maneira como o Bispo transmitiu as suas ideias e sabedoria deixou-me a reflectir sobre o comportamento humano.
Os pontos que mais captaram a minha atenção foram: a paz interior que leva a paz com o próximo, e o facto de Portugal não estar em paz, devido a existência da violência no país.
Sem dúvida que concordo com tudo o que o Bispo referiu na palestra.
O Bispo pareceu-me uma pessoa muito bem disposta e bastante acessível e penso que isso foi óbvio pela forma correcta como respondeu às questões colocadas.
De facto, estava à espera de uma palestra bastante aborrecida e monótona, mas o Bispo ganhou não só o meu respeito como a minha simpatia.
Para terminar, quero agradecer ao Bispo pela maravilhosa palestra, pela sua presença e pelo seu tempo.
Mariana Magalhães
12ºH
gostei muito da palestra!
direi sinceramente que apenas conhecia Ramos-horta. mas desde então que apesar de o cunhecer passeitambém a admirar a sua pessoa. teve um discurso fenomenal. Fez pensar o porquê de as pessoas nao perdoarem, bringarem, e se zangarem umas com as outras se afinal tudo se pode resolver atraves do diálogo, do respeito, de palavras certas.
no fundo tudo isto é verdade mas nem sempre cumprimos esta "regras" e partimos para a violência, para as agressões desnecessárias, agressões essas que podiam ser substituidas por palavras simples que nao causariam tanta dor.
estes principios de paz, de dialogo como descreveu D.Ximenes parte da familia, e tambem dos amigos, das escolas. concordo muito com isto, pois, tudo aquilo que hoje somos nasceu de alguem que transmitiu para nos. se é pessoa transmitiu paz, paz essa pessoa tem, se transmitiu violência, violência essa pessoa tem.
agora geram questões de coisas inesplicaveis. será que se houvesse paz há mais tempo teria surgidos tantas guerras(mundiais, frias...)? uma resposta bem dificil.
contudo, é necessário que esta mensagem seja tranamitida a todos que neste mundo vivem, pois so assim um dia teremos paz definitiva.
obrigada pela visita D.Ximenes
Quando o professor de geografia falou da palestra que iríamos ter com o Bispo de Timor não fiquei muito interessado para dizer a verdade, talvez por não prestar muita atenção à religião ou por não saber quem era. Informei-me mais sobre ele e descobri que tinha ganho o prémio Nobel, a esta altura um certo interesse surgiu pois vi a "cruzada" de Al Gore e o esforço que este tinha feito para ganhar o seu prémio Nobel. Quanto á palestra acho que uma pergunta ficou no ar...
Como pode haver paz com os outros países senão existe paz com nós próprios, ou com a nossa familia ou mesmo a nossa sociedade? A paz interior é algo essencial do processo para a paz mundial, e a verdade é que o Bispo Ximenes Belo tem razão, o homen é agora um ser bélico. Desde que a guerra fria começou, as armas tomaram uma posição muito relevante na vida do homem, muitos países se equipam com estas e cada vez são mais fortes. Outros aspectos focados na palestra como a educação nacional são de extrema importância, pois eu próprio não concordo com muitas caracteristicas e programas escolares da escola ao longo dos variados ciclos. Gostei muito da palestra e espero que o Bispo partilhe a sabedoria com o maior número possível de pessoas como fez connosco, D.Ximenes Belo pareceu-me ser uma pessoa racional e justa.
P.S. Gostava apenas de dar os parabéns à escola por trazer o vencedor de um prémio Nobel á nossa prestigiada mas humilde Secundária.
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